Operadores turísticos medem a procura mas “não viram a cara” e vão continuar a programar Marrocos
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Apesar da tragédia que se abateu sobre Marrocos, com mais força nos arredores de Marraquexe, no passado dia 8 de setembro, a atividade turística segue o seu curso. Assim o garantiu já o Turismo de Marrocos e assim o garantem os operadores turísticos ouvidos pelo Turisver que, na sua maioria, vão prosseguir com a programação que estava prevista.
Marrocos é um dos destinos que desde há muito conquistou a preferências dos portugueses, sendo vários os operadores turísticos que realizam operações de verão em larga escala para várias regiões daquele país e que estavam já a preparar as suas ofertas para o fim de ano.
Neste sentido, após a catástrofe de dia 8 de setembro, e apesar de na quarta feira o Turismo de Marrocos ter difundido um comunicado em que tranquilizava os seus parceiros e afirmava que a atividade turística decorria normalmente, o Turisver falou com os operadores turísticos Soltrópico e Egotravel (Grupo Newtour), Solférias e Sonhando, a fim de saber qual o rumo que vão seguir em termos da sua programação para Marrocos.
Na Solférias, onde o produto Marrocos é programado há vários anos e “tem muita procura”, nomeadamente no que se refere a Saidia, a operação charter deste verão, que começou na primeira semana de junho, foi até meio de setembro, disse ao Turisver Dário Brilha, product manager do operador.
Além da programação charter, explicou o profissional, o operador também faz uma “aposta muito grande” noutro tipo de programas como “escapadinhas” para Casablanca, Marraquexe (algumas incluindo uma noite no deserto Merzouga) e Agadir e circuitos que percorrem o país de norte a sul.
Questionado sobre qual a reação ao sismo em termos da programação, Dário Brilha afirma que “neste momento estamos a manter a programação. Tínhamos clientes no país, principalmente em Saidia, onde a situação não foi problemática mas também tínhamos clientes em Marraquexe e em circuitos por Marrocos”. Felizmente, diz, “os nossos clientes não foram afetados e acabaram por ficar bem durante o tempo que lá estiveram e regressar também bem”.
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“No global as zonas turísticas mais importantes não foram muito afetadas, embora em Marraquexe, na zona da Medina, tenham ruído alguns edifícios, a parte nova da cidade não foi atingida”.
Dário Brilha, Product Manager na Solférias
O que pesou na decisão de manter a venda do destino foi, assinala Dário Brilha da Solférias, o feedback que tiveram os “de todos os parceiros com quem nós trabalhamos em Marrocos”, que garantiram que, apesar da catástrofe, “no global as zonas turísticas mais importantes não foram muito afetadas, embora em Marraquexe, na zona da Medina, tenham ruído alguns edifícios, a parte nova da cidade não foi atingida”.
“Mantivemos a venda de todos os produtos que temos para Marrocos”, garante, dando no entanto nota de que alguns clientes que iriam iniciar viagem nos dias imediatamente seguintes ao terramoto, cancelaram as reservas.
Também o diretor-geral da Sonhando, José Manuel Antunes, garante que o operador vai continuar com a programação que estava prevista normalmente e “a trabalhar com os hotéis que estejam em condições de receber clientes”.
Reforçando essa ideia de continuidade, José Manuel Antunes indica mesmo que está nos planos da Sonhando “fazer uma operação mais consolidada para Marrocos”. E explica: “tinha havido uma situação deste género em Agadir na década de 60, portanto foi há 50 anos, pelo que não vamos estar agora a pensar que vai acontecer nos próximos tempos. Aliás, a grande probabilidade é que não venha a acontecer nos próximos anos”.
Com programação em voos regulares para Marraquexe e Agadir e charters para Saidia e Al Hoceima, os operadores do Grupo Newtour, Soltrópico e Egotravel, vivem duas situações bem diversas, com cancelamentos no primeiro caso e normalidade nos restantes.
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“… no que se refere ao voo charter para Saidia e Al Hoceima “a operação decorre com normalidade embora esta sexta feira seja a última partida programada para este verão. Mas não houve cancelamentos, apenas pedidos de informação”
Gonçalo Palma, diretor-geral Egotravel e Soltrópico
“Tínhamos alguns clientes que iam para Marraquexe dias depois do terramoto que cancelaram, o que nos pareceu normal, mas temos também a situação do charter para a parte norte de Marrocos no mar mediterrânico, onde o sismo nem sequer foi sentido”, explica Gonçalo Palma, diretor-geral dos dois operadores do Grupo Newtour.
Assim, no que se refere ao voo charter para Saidia e Al Hoceima “a operação decorre com normalidade embora esta sexta feira seja a última partida programada para este verão. Mas não houve cancelamentos, apenas pedidos de informação”, garante Gonçalo Palma.
Já para Marraquexe, afirma, “a procura parou completamente, e os poucos clientes que tínhamos cancelaram a viagem”.
Sobre os clientes da Sonhando que estavam em Marrocos, o diretor-geral do operador garante que nenhum deles pediu para fazer regresso antecipado, o que até nem seria muito difícil, uma vez que eram passageiros que tinham feito a viagem em voo regular, com a TAP.
José Manuel Antunes vai mesmo mais longe e diz que “em geral no mercado também não” houve pedidos de interrupção das viagens. “Fazemos parte do Capitulo dos operadores da APAVT, e não se comentou casos desses, posso até dar como exemplo que uma agência que tinha lá na altura 170 clientes e ninguém se quis vir embora”. Por isso diz que o voo de repatriamento feito pelo governo, teria trazido “turistas que viajaram a título individual, sem passarem por uma agência de viagens”.
Na Solférias, Dário Brilha afiança que “todos os clientes que tínhamos em Marrocos (sem ser os de Saidia, que eram de sete noites e regressaram quando estava previsto),estavam a terminar a estada em Marraquexe ou os circuitos pelo que “todos regressaram sem qualquer problema e sem alteração das datas de regresso”.
Programação de Fim do ano para Marrocos pode acontecer se houver procura
Todos estes operadores tinham já no mercado programação de fim de ano para Marrocos, nomeadamente para Marraquexe, destino que já se tornou tradicional para os portugueses no réveillon.
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A operação de fim de ano “vai manter-se. Vamos contactar com as unidades hoteleiras para saber se está tudo bem e se tudo estiver bem com aquelas com que tínhamos programação prevista, não vemos nenhuma razão para cancelar, até porque é agora mais do que nunca que as pessoas precisam de nós e o turismo precisa de começar a recuperar”
José Manuel Antunes, diretor-geral Sonhando
Sobre esta programação específica, o diretor-geral da Sonhando afirma que, pelo menos “para já” essa programação “vai manter-se. Vamos contactar com as unidades hoteleiras para saber se está tudo bem e se tudo estiver bem com aquelas com que tínhamos programação prevista, não vemos nenhuma razão para cancelar, até porque é agora mais do que nunca que as pessoas precisam de nós e o turismo precisa de começar a recuperar”, declara José Manuel Antunes.
Também a Solférias tem programação na rua para o fim de ano em Marrocos “Não temos charter mas temos uma programação com a TAP que é um dos nossos parceiros preferenciais, com lugares garantidos diariamente para partidas entre o dia 25 ao dia 31 de dezembro podendo fazer-se todas as combinações possíveis e imaginárias, desde três, quatro ou cinco noites, até uma semana seja em hotéis mais pequenos sejam em riades dentro da Medina seja em unidades que ficam mais afastadas de Marraquexe no regime tudo incluído”, explica Dário Brilha, product manager da Solférias.
Já nos operadores do Grupo Newtour a posição é algo diferente, com Gonçalo Palma a adiantar que“para já vamos suspender a oferta para Marraquexe”, até porque “neste momento nós temos um programa no mercado, para Casablanca e Agadir, mas a procura é inexistente”.
O diretor-geral da Soltrópico e da Egotravel avança mesmo que “temos programado um charter para o fim de ano em Marraquexe, mas vamos cancelar essa oferta”.
Mas claro que não será o fim da programação para Marrocos, aliás Gonçalo Palma confidenciou até ao Turisver que embarca esta sexta feira para o norte de Marrocos, de férias. E no próximo ano tudo deverá voltar ao normal. “Penso que para 2024 vamos, garantidamente, voltar a trabalhar com Marrocos, assim faço votos que se retome a normalidade em Marraquexe. Por ser um destino de proximidade que tem sempre boa procura e que estamos habituados a trabalhar, obviamente que vamos continuar a oferecer”.
Gonçalo Palma frisa mesmo que “nas viagens, como em tudo, a procura pelo produto tem de existir por parte das pessoas, e esse é um trabalho que tanto nós como o Turismo de Marrocos vamos ter que fazer”.
O responsável diz mesmo que o Turismo de Marrocos “vai ter que agir já durante este inverno, para vermos todos como é que até ao início do ano vamos voltar a pôr Marrocos na preferência dos clientes”, até porque “ainda são uns milhares de portugueses que vão anualmente de férias a Marrocos com os vários operadores”.
Substituir Marrocos por outro destino “em termos de férias de praia o mais semelhante será a Tunísia, em termos de preços e pela proximidade”, diz Gonçalo Palma que, no entanto, afirma que há coisas insubstituíveis em Marrocos: “No que diz respeito a Marraquexe ou circuitos das cidades imperiais, não há paralelo comparativo, é um produto único”.