Sardenha II: Do “Manto della Madonna” até à gastronomia

Estivemos na ilha italiana da Sardenha, a convite do Viajar Tours, para conhecer este destino que faz parte da programação charter do operador turístico neste verão. Connosco partiram sete agentes de viagens para uns dias onde o azul-turquesa das águas sardas foram os grandes protagonistas, principalmente durante a excursão ao arquipélago da Maddalena.
Estamos a meio da nossa estadia na Sardenha, que como já tivemos oportunidade de contar no artigo “Buongiorno Sardenha”, esta ilha do Mediterrâneo permite-nos um sem número de opções, para além do habitual sol e praia. No entanto, são as imagens das pequenas praias que nos chegam, que nos fazem sonhar com “umas pequenas Maldivas” a pouco mais de duas horas de avião à partida de Portugal.
Com 1.849 quilómetros de costa, a Sardenha é toda ela, um convite a vários mergulhos, por isso, também nós quisemos pôr o pé na água e partimos numa das excursões propostas no programa do Viajar Tours ao arquipélago da Maddalena à partida do Porto di Cannigione. Dista a cerca de 50 minutos do Mangia’s Santa Teresa Resort, mas também se pode optar por sair do Porto de Palau, a apenas 30 minutos da mesma unidade hoteleira.



O arquipélago da Maddalena e os seus segredos
O barco do Consórcio de Golfo tem partida às 9h00, do Porto di Cannigione, regressando às 16h30, com paragem em três ilhas: Santa Maria, Spargi e Maddalena e almoço a bordo. Mas pode-se optar por outras companhias. A ordem de paragem nas ilhas pode alterar, no entanto, consoante a quantidade de pessoas em cada praia e a vontade do capitão. Se a opção for o Porto de Palau, a partida faz-se às 10h00, com regresso também às 16h30.
O arquipélago da Maddalena conta com sete ilhas – La Maddalena, Caprera, Santo Stefano, Santa Maria, Razzoli, Budelli e Spargi –, mas no total são 62 o número de pequenas ilhas existentes em torno da Sardenha, como nos explica Francesca, a guia que nos acompanha nesta aventura italiana.






O barco, com dois decks, vai completo. Subimos ao convés e daí partimos em direção à primeira paragem, na ilha de Santa Maria e o seu famoso “Manto della Madonna”. Com um azul que é impossível de descrever, a água translúcida, de temperatura amena nesta altura do ano, convida a banhos. Ao largo desta pequena praia atracam barcos de todas as dimensões, enquanto de câmara fotográfica e telemóveis em punho os turistas fazem as imagens da praxe para mais tarde recordar.
Depois de uma paragem de cerca de uma hora regressámos ao nosso barco, para, atracados mesmo em frente ao “Manto della Madonna” almoçarmos uma deliciosa pasta com uma Ichnusa (cerveja local). Depois do almoço regressamos à nossa viagem para de novo pararmos, desta vez na ilha de Spargi.
Aqui encontramos javalis que se passeiam pelo areal da praia, mas não há o que temer, pois não representam perigo para quem ali se banha. Mais uma vez espera-nos uma praia de areia branca e águas transparentes. Podemos parecer repetitivos, mas a verdade é que a água azul-turquesa das várias praias são uma constante ao longo do passeio. Uma hora e pouco depois estamos de regresso ao barco, enquanto outros, de outras companhias, acabam de atracar.
Há, no entanto, excursões mais exclusivas, onde é possível alugar um iate ou um veleiro, para até 12 pessoas a bordo, com refeição incluída. Nestes casos os preços variam entre os 60 e os 70 euros por pessoa no mês de junho, enquanto em agosto os preços podem chegar entre os 120 e os 130 euros por pessoa.
Para quem preferir levar o carro ou fazer um passeio em autocarro turístico na ilha da Maddalena também é possível, já que existem viagens de ferry até lá, de meia em meia hora. Para além da volta à ilha é possível fazer algumas paragens para um mergulho ou atravessar a ponte que nos leva à ilha de Caprera onde viveu Giuseppe Garibaldi, figura conhecida como unificador da Itália com a alcunha de “herói de dois mundos”, por ter estado também no Rio de Janeiro (Brasil) e na Argentina.



Garibaldi regressou em 1848 à Itália, onde combateu contra o exército austríaco e iniciou a luta pela unificação italiana, formando a Legião Italiana. Acabou os seus dias na Ilha Caprera e hoje é possível visitar a sua casa e ficar a conhecer toda a história deste herói que nasceu em Nice (França), mas cujas origens dos pais eram italianas. O preço da entrada é de 10€ por pessoa.
A nossa última paragem foi na ilha da Maddalena, a maior e a que dá o nome àquele arquipélago, que desde 1996 é Parque Nacional, o que lhe permite que seja protegido. Tem um centro histórico moderno, construído por volta de 1700. Com cerca de 11 mil habitantes a ilha conta com várias lojas e restaurantes bem no centro, com uma rua principal Giuseppe Garibaldi, que nos leva até à Praça com o mesmo nome deste herói, onde encontramos uma estátua sua, que dá azo a algumas fotografias. Não muito longe dali encontramos a Igreja de Santa Maria da Maddalena, construída em 1768.
O arquipélago da Maddalena é rico em personagens históricas que por ali passaram, como é o caso de Napoleão Bonaparte que nos anos de 1790 queria conquistar a ilha. À época o arquipélago era denominado por “Ilhas do Meio”, por se encontrarem entre a Sardenha e a Córsega e era também um lugar estratégico para Napoleão fazer as suas conquistas. Instalou-se então na Ilha de San Stefano com vários canhões de maneira a conquistar a ilha da Maddalena, mas os seus intentos não avançaram graças à coragem de alguns habitantes da ilha que a defenderam.


Também Benito Mussolini, figura-chave na criação do fascismo em Itália, que esteve no poder até 1943, por ali passou durante 20 dias de cativeiro na Villa Webber. A vila, pertença de o inglês James Phillips Webber até 1928, acabaria por ser leiloada e transformada em prisão para acolher entre 7 e 27 de agosto de 1943, o ditador italiano.
De referir ainda, que a ilha de San Stefano acolheu até 2008 uma sede da NATO, daí que muitos norte-americanos ali tenham habitado, assim como na ilha da Maddalena. Só com o encerramento da base, o arquipélago se volta para o turismo, construindo mais unidades hoteleiras e se abre às excursões de barcos.
Não podemos sair do arquipélago da Maddalena sem falar da Praia Rosa, na ilha Budelli. Um fenómeno que “transforma” a sua areia em cor-de-rosa. Bem, um fenómeno é como quem diz, na verdade tem uma explicação simples, trata-se da Posidónia Oceânica, uma espécie de “angiosperma marinha endémica do Mar Mediterrâneo”, que para além de oxigenar a água do mar é também vital para evitar a erosão das praias. Ora no seu interior, como tivemos oportunidade de verificar existem uma espécie de pequenos grãos cor-de-rosa, que quando soltos deixam a areia rosada. Infelizmente, os mais curiosos acabaram por levar várias amostras da areia consigo como “souvenir”, estando agora a praia interditada a qualquer pessoa. Os barcos apenas podem passar a cerca de 150 metros ao largo para tirar algumas fotos. Os cientistas estimam que só daqui a 250 anos a praia volte a ter a cor rosada novamente.
Experiência gastronómica no Agroturismo La Valleta
Finda a nossa excursão está na hora de regressar ao Mangia’s Santa Teresa Resort para aproveitarmos o pôr de sol, enquanto bebemos um aperitivo antes do jantar. No dia seguinte espera-nos mais uma visita, desta vez do lado esquerdo da ilha e de onde estamos alojados.
Próximo destino: Badesi, onde iremos visitar o IS Serenas Badesi, um resort de quatro estrelas superior, com cerca de 360 quartos, destinado a famílias e com uma área de entretenimento para crianças, que inclui parque aquático.
Localizada na província de Sassari, Badesi estende-se por uma área de 30 quilómetros quadrados e tem cerca de 1.860 habitantes. As suas longas praias de areia branca, fazem-na ser apelidada da Califórnia da Sardenha, mas com águas cristalinas e água quente. Aqui o mar é mais agitado do que nos outros lugares onde nos banhamos, ainda assim não deixem de molhar o pé.

Não muito longe dali fica Castelsardo, que pertence à rede das aldeias mais bonitas de Itália. É ali que se faz o artesanato de vime, com as suas enormes cestas feitas pelas artesãs e que podem ser visitadas pelos turistas. Na Idade Média era já uma fortaleza impenetrável, com 17 torres. Ali encontramos o Museo dell’Intreccio Mediterraneo.
Os dias voam e o regresso a Portugal avizinha-se próximo, mas não sem antes nos aventurarmos até à ilha francesa da Córsega, que dista apenas a uma hora de ferry da Sardenha. Pagámos cerca de 62 euros pela viagem (ida e volta) e podemos almoçar na pequena cidade medieval de Bonifácio. De arquitetura completamente diferente da Sardenha, as altas casas, com escadas ingremes são dignas de algumas fotos. É ali também que se avistam alguns iates de luxo atracados no porto.



Destaque para as várias lojas de roupa e de artesanato e as “tabernas” de aspeto medieval que nos convidam a degustar uma tábua de enchidos e queijos típicos, acompanhado por cerveja de castanha. Com preços acessíveis vale bem a pena o desvio da Sardenha para visitar esta ilha.


Ah, pasmem-se, encontrámos um português com origens na Póvoa de Varzim, que tem a pequena taberna “L’Oriu di Chera”. Os enchidos, a manteiga com figos e os croutons (pequenos pedaços de pão torrado em azeite) de vários sabores são qualquer coisa que vale a pena experimentar.



Partir da Sardenha sem fazer uma refeição com produtos tradicionais desta ilha italiana é quase um crime. Junto de cada unidade turística do programa do Viajar Tours é possível descobrir o agroturismo mais próximo e fazer esta refeição. Nós fomos até o Agroturismo La Valleta, perto de Santa Teresa di Gallura. Cada refeição tem o custo de 40€ por pessoa e inclui o antipasto (prato de queijos e enchidos, travessa de legumes grelhados e uma espécie de bruschetta com creme de abóbora e ricota), o primeiro prato (gnoccetti com salsicha fresca e uma lasanha de pão) e o segundo prato, o tradicional leitão assado durante seis horas que chega à mesa com a pele crocante. A finalizar uma seleção de sobremesas. A refeição é acompanhada dos vinhos regionais, o branco Vermentino e o tinto Cannonau. Encerrámos com chave de ouro, com um licor de Mirto, uma planta muito utilizada pelos sardos para fazer desde licores, a gelados, bolachas, entre outros.


E está na hora de nos despedirmos da bela Sardenha para regressarmos ao Porto, no voo das 18h40, com chegada prevista às 20h20. Arrivederci Bella!
O Turisver foi à Sardenha a convite do operador turístico Viajar Tours.
Leia aqui a primeira parte da reportagem sobre a Sardenha.