Programar um destino nas Caraíbas o ano inteiro “é um desejo que temos há muito tempo” afirmou Constantino Pinto
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Na segunda parte da entrevista a Constantino Pinto, diretor de vendas do Grupo Ávoris em Portugal, um dos destaques vai para a operação para as Caraíbas. Nesta entrevista, em que é feito o balanço das vendas para o verão, é também abordada a parceria com a DIT e levantado um pouco do “véu” sobre a operação de inverno.
O Constantino já referiu anteriormente que as vendas para as Caraíbas, têm sido muito boas quando comparadas com anos anteriores. E para as ilhas espanholas que é um produto da Travelplan?
Estou convicto que senão tivéssemos tido o problema dos slots no aeroporto de Lisboa, teríamos tido a necessidade de colocar voos suplementares como fizemos à partida do Porto. No Porto temos tudo praticamente tudo vendido mas em Lisboa não podemos vender mais e tivemos que encaixar todos os nossos passageiros em voos da TAP.
Há que dizer que a TAP nos deu uma preciosa colaboração e saliento isso porque aconteceu o contrário daquilo que muitas vezes se diz por aí. Só que a TAP opera este voo com o Embraer, um avião com pouco mais de 100 lugares e o nosso tinha uma disponibilidade de 186 lugares, para além de que a TAP tem de guardar lugares para vender, não nos pode disponibilizar todos os lugares dos voos.
E quanto ao resto da programação charter?
Em termos gerais estamos bastante bem, não temos uma operação em que se possa dizer isto está a correr mal, está uma tragédia. Temos alguns destinos charter que têm tido um ritmo de vendas mais lento, mas as suas partidas já começam a estar compostas.
O mercado pode, a partir desta nossa entrevista, ficar com a ideia de que a partir de agora e para o verão se vão colocar no mercado preços mais baixos do que aqueles que existem?
No geral penso que sim, agora existam situações pontuais porque mesmo no caso das Caraíbas, onde as ocupações são boas, considerando que uma partida ou outra possa estar com 80% da ocupação vendida – e num avião de 388 lugares 20% ainda são muitos lugares -, ainda temos voos com disponibilidades de 50, 60, ou 70 lugares, o que não é de forma nenhuma desprezível. A não serem vendidos pesa muito no cômputo geral daquela operação, de maneira que, obviamente, tentamos sempre vender e isso pode fazer com que na última hora possa haver, como tem havido, alguma campanha no mercado para se conseguir escoar o produto. No entanto não se prevê que em relação às vendas já feitas venha a haver preços mais baixos.
Cuba está a ser uma surpresa pela elevada procura para o verão
Que destino o está a surpreender pela procura?
Confesso que foi Cuba. Sei que é um destino que tem uma aceitação muito grande entre os portugueses, que vão a Cuba e têm sempre a vontade de voltar, mas também é verdade que o ano passado existiram alguns problemas, nomeadamente no diz respeito à alimentação com falta de opções de comida e até com a falta de produtos de limpeza, o que levou a que a roupas não fossem devidamente lavadas e tivemos muitos reclamações.
Estas situações levavam a crer que este ano as pessoas procurassem outros destinos, mas foi precisamente o contrário, é o destino que melhor se tem vendido desde que foi lançado no mercado, a melhor taxa de ocupação por voo que temos é a de Varadero e há uma grande procura por combinados e pelo circuito da Nortravel, em que os passageiros vão nestes voos.
Como digo, tem-se vendido muito bem, é um produto que se tem vendido dentro do preço que tínhamos previsto, sem que tenha sido necessário cometer “loucuras” de preço, pelo menos até agora.
Infelizmente o México, onde eu esperava que este ano houvesse uma recuperação, não tem registado evolução, temos uma ocupação bem superior à que tínhamos no ano passado mas não é um destino que esteja a ter uma venda fácil.
Encontro duas possíveis explicações para que a procura pelo destino não esteja a ser a esperada. Esta situação tem a ver com perceções de falta de segurança que os turistas têm sobre o destino por tudo o que leem na imprensa, e pela situação do sargaço que de facto em algumas zonas do México existe, sendo o destino penalizado. Não vou falar da existência de um voo regular feito pela TAP, porque isso penso que é um fator de enriquecimento que ajuda a aumentar a procura pelo destino.
O que é que mudou em Portugal no relacionamento dos operadores do grupo Ávoris com o grupo DIT, após o acordo feito em Espanha pelas duas organizações?
O que mudou é que nos aproximámos mais, é evidente que este acordo gerou um compromisso que nos torna preferenciais para as agências de viagens que integram o grupo DIT, e também nos compromete a nós a encontramos respostas para as necessidades que a o agrupamento de viagens tenha, mas que fique claro não é nada que não façamos com todo o mercado.
Mas, obviamente, a partir do momento em que há uma aproximação, a relação torna-se mais estreita, e de facto temos vindo a notar isso em termos de vendas. Há dois fatores muito importantes, primeiro o facto de a DIT contar com um maior número de agências de viagens, com as novas entradas que têm tido nos últimos tempos, e em segundo lugar, mesmo contando com esse crescimento, as agências que já pertenciam ao agrupamento aumentaram substancialmente as suas vendas dos diversos produtos Ávoris.
O grande o objetivo que tínhamos ao criarmos condições para esta aproximação, foi o de gerarmos uma maior apetência nas agências do grupo para comprar os nossos produtos e esse objetivo está a ser conseguido.
“A mensagem que pretendo transmitir é que, se por um lado estas parcerias são possíveis, como no caso da DIT, elas não estabelecem qualquer diferenciação em relação às parcerias que temos com os outros players do mercado, a que devemos muito daquilo que somos e conseguimos até hoje”
Quem é que, no grupo Ávoris, tem a responsabilidade de fazer a ligação com o grupo DIT?
Temos em Espanha o Endika Ormaeche (diretor-geral de Associados e Projetos Estratégicos de Distribuição) que está a responsável por esta área, que faz a ligação com todas as agências associadas ao Grupo e este tipo de parcerias privilegiadas que existem com a GEA em Espanha e, no caso da DIT, em Espanha e Portugal.
Gostaria de acrescentar que esta parceria em termos práticos, em Portugal, não tem uma diferenciação para o resto do mercado como eventualmente poderá ter em Espanha. É preciso ter em conta que lá, a nossa rede e estas novas parcerias, deverão representar cerca dos 60% do nosso volume de vendas, aqui em Portugal a nossa rede própria é pequena, como se sabe, e esta parceria privilegiada não deverá ir além dos 6% do nosso volume de vendas, por isso temos uma estratégia de mercado que é completamente diferente. Nós agimos para todo o mercado e obviamente que as nossas parcerias terão de ser abrangentes, com todos os grupos de gestão e com as redes de agências de viagens.
A mensagem que pretendo transmitir é que, se por um lado estas parcerias são possíveis, como no caso da DIT, elas não estabelecem qualquer diferenciação em relação às parcerias que temos com os outros players do mercado, a que devemos muito daquilo que somos e conseguimos até hoje.
O vosso reforço em Portugal, que se traduz nas vendas e na rentabilidade como já referiu na primeira parte da nossa entrevista, faz a direção pensar que poderão vir a ter, a curto prazo, algumas operações charter o ano inteiro?
Há um desejo que temos há muito tempo que é o de conseguirmos manter uma continuidade de operação, nomeadamente para as Caraíbas, durante todo o ano. Temos visto, até da parte do Sr. Embaixador do México, da República Dominicana e da senhora Embaixadora de Cuba, um empenho e um esforço por tentarem criar condições para que esta situação possa acontecer, só que o nosso mercado é o que é, é pequeno apesar de estar em crescimento o que é evidente, mas mesmo assim virmos a ter uma ou mais operações charter o ano inteiro para esta região pode ainda demorar algum tempo.
No entanto, h várias possibilidades que temos analisado, sendo que posso adiantar que é um objetivo que não perdemos de vista, e contamos no próximo inverno dar continuidade àquilo que não conseguimos fazer no passado, em que nos vimos obrigados a cancelar, mas é nossa intenção manter uma das nossas operações das Caraíbas durante todo o ano. Não sabemos se vamos conseguir mas estamos a trabalhar nisso, e até poderá passar por uma parceria com uma companhia aérea de bandeira, por um tipo de avião diferente que tenha um menor número de lugares e um custo menor em fazer esta rota, ou mesmo numa parceria com outros operadores, que nos permitisse, em conjunto, mobilizar o mercado.
Penso que seria muito bom para o mercado, ia-nos ajudar a todos, operadores e agências de viagens, a termos produto também no inverno, e daria ao cliente uma opção mais confortável, já que voos à partida de Espanha existem e é possível, e já que nós enviamos tantos clientes de Portugal para os vários destinos das Caraíbas durante todo o ano via Espanha, conseguirmos ter aqui um voo direto seria muito bom.
Que produto é que já têm pensado para o inverno e para o fim de ano?
Temos algumas coisas em que já estamos a trabalhar. Para a época natalícia e o fim de ano, teremos seguramente a nossa habitual operação das Caraíbas, estamos a apontar para conseguirmos fazer o México e a República Dominicana, mas pelo menos um deles vamos ter e vamos tentar que se mantenha até à operação de verão, que para nós começa habitualmente na semana anterior à Páscoa. Em breve colocaremos a programação carregada no site e teremos os nossos destinos à partida de Espanha. Teremos ainda a já habitual programação da Nortravel que vai apostar nos seus destinos para esta época do ano, com o foco que põem nos Açores e na Madeira.
Leia aqui a 1ª parte da entrevista a Constantino Pinto