Ilha da Boavista (Parte I): Uma homenagem ao “No Stress” e à Natureza
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O ar invade-se do dolente canto de uma morna dançando na suavidade do vento quente que sopra de África e de um embalo com sabor tropical. Um canto que fala de “morabeza”, esse tão genuíno sentimento cabo-verdiano que pode ser traduzido em amor, beleza e amabilidade, que na realidade resume numa só palavra a forma como somos recebidos na ilha cabo-verdiana da Boavista.
Por Fernando Borges
Ainda o Airbus A737-800 da SmartWings, a companhia aérea utilizada pela Solférias para os seus charters para Cabo Verde estava na sua fase descendente, já dava para perceber que naquele pedaço de terra rodeado de mar que estávamos a sobrevoar e que tem o nome de Boavista reinava o calor. Mas também que ali, marcando os seus contornos, havia muitas praias. Longas e pintadas de areia branca que terminavam em águas de um encantador azul-turquesa. Ou seriam de verde-esmeralda? Possivelmente a junção de ambas.
E foi esse mesmo calor que, assim que as portas do avião se abriram, abraçou todos os que o enchiam e que tinham escolhido a Boavista para as suas férias, assim como o grupo de 28 convidados da Solférias, entre agentes de viagens e jornalistas, para um encontro e descoberta desta ilha. Um calor que se ia tornando mais notório a cada passo dado no caminho percorrido a pé entre o avião e o hangar, e durante os poucos quilómetros que nos separavam do Riu Karamboa, o hotel que iria ser durante sete dias o nosso “centro de operações”.
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No ar, e já no interior do grande hall do Karamboa, entre paredes que irradiavam uma certa frescura e uma decoração de testemunhos tropicais, reinava uma atmosfera de descontração, como que um convite para entramos desde logo no tal espírito tão cabo-verdiano do “No Stress”. Também para irmos rapidamente até aos quartos vestirmos uns calções de banho e calçarmos umas “enfias”, o “dress code” que se tornaria único e obrigatório nos dias que se seguiriam. E havia a ânsia, cada vez mais intensa, de partir ao encontro desse mar de águas cristalinas.
E ele estava logo ali, ao fundo de uma passeio rodeado de relva, de palmeiras e da arquitetura dos edifícios por onde se estendiam os quartos e que nos fazem lembrar terras do outro lado do mar, terras do norte de África.
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Naquele momento, já passada a zona das piscinas, nada mais interessava. Apenas refrescar o corpo entre mergulhos, começar a dar um tom mais castanho à pele estendidos numa espreguiçadeira sob as folhas de uma palmeira, refrescar com uma e outra bebida trazida do bar da piscina, e dar uns passos pelas areias brancas da praia. Sim, nada mais importava. Só havia que deixar o tempo passar ao seu próprio ritmo, um ritmo que em Cabo Verde é indiferente ao marcado por qualquer relógio. Só havia que esperar que o dia desse lugar à noite. Esta também quente e embalada pelos ritmos de mornas, coladeiras e funanás.
Entre trilhos do deserto e o mar azul
Mas a ilha da Boavista não é apenas ficar à espera que o tempo passe à beira do mar ou da piscina. Não é apenas “sol e praia”. Existe muito mais. Existe a Boavista de gente amável e humilde que, para além da arte de bem receber, alicerçada numa simpatia contagiante enfeitada de uma forma natural com um sorriso nos lábios e sensualidade no olhar e nos gestos, orgulha-se da sua terra. Existe uma paisagem que ora se assemelha a um cenário lunar, ora a um deserto com alguns oásis que se estendem até ao mar, originando um contraste policromático entre o castanho e o azul.
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E basta partir numa moto4 em direção de “algures”, quase sempre percorrendo trilhos de terra batida e de pedra solta que facilmente deixam adivinhar que ali à frente existe um lugar especial, quase num estado virgem, intacto. Mas para chegar a esse lugar em “algures”, há que passar pelo vilarejo de Rabil e pela sua praia, um lugar marcado pelo que resta da sua fábrica de cerâmica, entretanto abandonada, pelas suas ruínas parcialmente cobertas pela areia em que apenas a chaminé em tijoleira permanece à superfície como testemunho de um passado mais glorioso.
E segue-se até encontrarmos as dunas do Deserto de Viana, cujas areias se prolongam até à beira-mar, aqui e ali pontuado por pequenos oásis de palmeiras solitárias, num cenário encantador, reforçando o título que muitas vezes se dá a esta ilha, o de “Ilha das Dunas”, um verdadeiro oceano de areia que estende as suas dunas até ao azul profundo do Atlântico, tornando qualquer resistência a um mergulho um exercício desnecessário.
Entre areias brancas e a contemplação do perfeito
E é seguindo trilhos que dão lugar a outros trilhos, por vezes percorridos em ritmo de passeio, outras vezes com um pouco mais de adrenalina, que nos encontramos com promontórios que se abrem a intermináveis praias de areia branca, que chegamos à Baía da Teodora, ao farol da Ponta do Sol, às praias da Atalanta, de Bracone ou de Sobrado, à costa e ao Parque Natural Boa Esperança, a mesma costa onde se encontra uma das imagens mais utilizadas nos postais ilustrados, os destroços do cargueiro espanhol Cabo de Santa Maria, e também um dos lugares escolhidos pelas tartarugas marinhas Caretta para desovar.
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De repente, com as horas perdidas no tempo, acontece um fantástico pôr-do-sol naquele que talvez seja o melhor lugar da Boavista para o sentir, o restaurante-lounge Morabeza, sobre as areias da bela praia do Estoril, um lugar perfeito para a contemplação, para degustar alguns sabores da gastronomia cabo-verdiana, tomar uma refrescante bebida ou provar um “grogue”, a bebida tradicional de Cabo Verde.
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E ali ficamos em contemplação enquanto esperamos pela noite e por um show de música africana. Tudo aqui parece perfeito. E é!
O Turisver participou nesta famtrip a convite da Solférias