Otimistas mas prudentes, hoteleiros esperam que 2024 seja “igual ou melhor” do que 2023
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A maioria dos hoteleiros estima que 2024 seja igual ou melhor do que 2023 nos vários indicadores da operação. Esta a conclusão do inquérito efetuado pela Associação da Hotelaria de Portugal aos seus associados. Ainda assim apontam alguns constrangimentos que têm de ser tidos em conta, a começar pela instabilidade geopolítica.
No que se refere à taxa de ocupação, a maioria dos hoteleiros que respondeu ao inquérito da AHP antecipa que seja “igual ou melhor” do que em 2023, muito embora as opiniões divirjam consoante a região do país.
Assim, os inquiridos dos Açores, Área Metropolitana de Lisboa (AML) e região Norte esperam um 1º trimestre “pior ou Igual”, enquanto no Alentejo a perspetiva é de que a ocupação seja melhor em todos os trimestres Já na Madeira espera-se um 2024 idêntico a 2023, mas “melhor no último trimestre”.
Quanto a Preço Médio por Quarto, a maioria espera que 2024 seja “melhor que 2023” mas também aqui há divergências conforme as regiões do país. Os hoteleiros da AML e do Norte esperam um “1º trimestre pior ou Igual, mas o resto do ano igual ou “melhor”. Uma vez mais, no Alentejo a estimativa é que que o preço médio por quarto seja melhor em todos os trimestres, e na Madeira, Algarve e Centro aguarda-se um “2024 Igual ou Melhor”.
Ao nível das receitas, as perspetivas são “otimistas”, já que a maioria dos inquiridos antecipam “Receitas em 2024 Melhores que em 2023”, com os hoteleiros da AML e Norte a esperarem um “1º trimestre pior ou igual mas o resto do ano Igual ou Melhor”. No Alentejo a expectativa é de melhoria em todos os trimestres, enquanto na Madeira e no Algarve se antecipa “um 2024 Melhor ou até mesmo Muito Melhor”.
Nos mercados geradores de turistas não haverá alterações, com o português, que tinha o ano passado sido apontado por 76% como um dos principais, a ter uma queda ligeiríssima, sendo agora apontado por 75% dos inquiridos, como salientou Cristina Siza Vieira, vice-presidente executiva da AHP.
Segue-se o Reino Unido, com uma queda de dois pontos na estimativa dos inquiridos. A subir nessas mesmas estimativas “mas menos do que o ano passado” está o mercado dos EUA, apontado como terceiro mercado enquanto Espanha, que também figura no top dos mais importantes, assegura a quarta posição. França e Brasil crescem e são apontados por 26% e 20% dos inquiridos, respetivamente, enquanto a Alemanha desce nas avaliações, sendo apontada agora por 27% dos respondentes.
Comentando os resultados do inquérito, o presidente da AHP, Bernardo Trindade, sublinhou o facto de os hoteleiros estarem a olhar para o ano que agora começou com um “olhar confiante e positivo” ainda que com “alguma prudência”, tendo em conta que estão em curso duas guerras e “as taxas de juro estão ao dobro dos níveis da pandemia”. Ou seja, a perspetiva dos hoteleiros é de que 2024 poderá trazer crescimento, embora “não com níveis de crescimento que tivemos em 2023”.
Os principais desafios e constrangimentos: Instabilidade geopolítica é o que mais preocupa os hoteleiros
Trata-se, segundo o responsável, de ser prudente nas avaliações, na certeza de que há desafios e constrangimentos no horizonte, como aliás ficou refletido no inquérito.
Questionados sobre quais os principais, desafios e constrangimentos que 2024 poderá trazer em 2024, os inquiridos apontaram como um dos três primeiros, a instabilidade geopolítica, citada por 78% dos respondentes. Seguiram-se as taxas de juro (59% dos inquiridos), a “redução do número de voos” (apontadas por 40%, com particular incidência pelos inquiridos dos Açores, devido à redução do número de voos da Ryanair), as limitações de capacidade do aeroporto de Lisboa (36%); as eleições nos EUA e/ou Parlamento Europeu (18%), as eleições em Portugal (10%) e o aumento/disseminação da taca turística (9%).
Ainda a propósito dos constrangimentos, o presidente da AHP sublinhou que o problema da capacidade do aeroporto de Lisboa “preocupa de forma generalizada todos os hoteleiros”. A propósito recordou que o ano passado o aeroporto de Lisboa “recusou 1,3 milhões de lugares de avião por incapacidade da infraestrutura” e que companhias, como a Saudi Arabia Airlines ou a Qatar Airways, não conseguem ter espaço para operar em Portugal, tal como não se conseguem reforçar os voos para os Estados Unidos.
Comentando os resultados, Cristina Siza Vieira, destacou “o destronamento da inflação, que era apontada como um dos principais desafios por 88% dos inquiridos em 2023” e que este ano não aparece. O que figura nas opiniões dadas pelos inquiridos sobre desafios/constrangimentos é o aumento das taxas de juro, apontado por 59% dos respondentes). Em oposição, a instabilidade geopolítica “eu um salto gigantesco”, passando de 55% para 78%, tendo sido o facto mais apontado.
Outras curiosidades residem no facto de a escassez de recursos humanos ter desaparecido completamente da lista e de ser apontado o aumento e disseminação da taxa turística, facto que foi devidamente realçado pela vice-presidente executiva da AHP.