Para a promoção na China os recursos financeiros da Turespaña “são muitíssimo superiores aos nossos” afirmou Tiago Brito
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À margem da 11ª Exposição Internacional de Viagens de Macau, que decorreu na semana passada, Tiago Brito, Coordenador do Turismo de Portugal na China, falou com os jornalistas portugueses do trade ali presentes. O pós-pandemia, as alterações no mercado chinês e a promoção conjunta com a Espanha no território chinês, estiveram entre as questões abordadas.
Questionado sobre qual foi a estratégia utilizada pelo Turismo de Portugal para recomeçar a atuar no mercado chinês após o período da pandemia e de a China voltar a abrir-se ao turismo, o coordenador do Turismo de Portugal naquele país começou por frisar que os esforços do Turismo de Portugal naquele mercado não pararam com a pandemia, tendo aquele período sido aproveitado para fazer “uma aposta muito grande no marketing digital: criamos novas contas oficiais nas redes chinesas, fizemos ‘live streams’ em Portugal quando as pessoas não podiam viajar, construímos a plataforma de ‘e-larning’ para os nossos parceiros da operação turística criamos o mini programa do ‘in chat’ para aumentarmos o conhecimento do consumidor final sobre Portugal”, especificou.
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Tiago Brito explicou, também, que grande parte da estratégia do Turismo de Portugal naquele mercado “assentou muito no marketing digital”, tendo em vista a sua capitalização no pós pandemia que, no caso da China, apenas aconteceu no dia 15 de março“ quando o Ministério da Cultura e Turismo da China passou a autorizar os operadores turísticos a venderem novamente viagens em grupo para Portugal”.
Ao nível da preparação para o pós-covid, precisou, “mantivemos contactos com as principais OTAs (online travel agencies) e com alguns dos operadores turísticos chineses, assim como os operadores mais tradicionais com quem trabalhávamos no passado”. Ainda assim, porque com a pandemia muitas agências de viagens viveram processos de ‘downsizing’ “houve uma rotatividade muito grande do capital humano e os profissionais de turismo perderam alguma confiança na indústria”, considerou.
Tiago Brito frisou, no entanto, que “neste momento estamos a voltar a capacitar os nossos parceiros, a incentivá-los a irem a Portugal em fam trips e press trips para verem que Portugal recuperou, abriu-se ao turismo muito mais cedo do que a China e já estamos a receber turistas de todo o mundo desde os finais de 2021”.
Pandemia trouxe alterações na motivação das viagens dos chineses
Sendo verdade que o mercado chinês continua ávido de viajar, também é verdade que pandemia trouxe algumas alterações ao nível das motivações de viagens, com os turistas a preferirem agora as chamadas experiências. Questionado sobre oque está a ser feito em relação a esta mudança de paradigma na procura, o responsável sustenta que “na comunicação para o consumidor final já estamos a divulgar a diversidade de experiências para nichos do mercado” no sentido de “mostrarmos a diversidade que temos”.
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O objetivo é tratar as “experiências como fator diferenciador em Portugal, um país com quase 900 anos de história, que apesar de ser pequeno em área tem uma oferta extraordinária, e que tem uma etnografia extremamente rica”. Estes são atrativos de pessoa para “um turista chinês urbano que está habituado a viver em cidades com 20 milhões de habitantes”, um turista que “procura algo mais autêntico e exclusivo – e nós temos isso para oferecer”, garante.
Neste sentido, continuou, o Turismo de Portugal na China está a tentar comunicar e promover produtos como o turismo de natureza. A propósito, Tiago Brito avançou mesmo que “até à pandemia, só 2.500 turistas chineses visitavam os Açores ou a Madeira a partir da China continental, por isso estamos também a procurar promover destinos menos conhecidos de Portugal e dar-lhes um carácter de exclusividade chamando-lhes “joias escondidas”.
Como é conhecido, o Turismo de Portugal definiu que em alguns mercados de longa distância, a promoção deveria ser feita conjuntamente com as entidades de turismo de Espanha. Questionado sobre como é que está a ser desenvolvido esse trabalho de cooperação, o responsável começou por explicar que “o Turismo de Portugal, à semelhança da Turespaña, fazem parte da European Travel Commission sob a marca Visit Europe e a ETC incentiva os países a colaborarem entre si para promoverem os destinos conjuntamente, porque sabem que a amplitude da força de vendas em conjunto é muito superior”.
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Daí que seja mantido “um contacto muito regular com as diretoras da Turespaña que estão em Pequim e em Guangzhou”. Espanha “tem dois diretores no mercado chinês e procuramos sempre equacionar possibilidades de promoção conjunta. No entanto, sublinha, “isso por vezes é um pouco difícil”, afirmou. Alertando que “o que vou dizer pode soar como uma queixa mas não o é, explicou que essa dificuldade surge “porque os recursos financeiros que a Turespaña tem são muitíssimo superiores aos nossos”.
“Não servindo de desculpa – e eu jamais utilizo isso como desculpa -, até porque nós conseguimos fazer tanto ou mais com menos, dava-nos alguma ajuda se tivéssemos mais essa possibilidade, até porque grande parte dos chineses que viajam para Portugal fazem-no no sistema de multidestinos englobando Espanha e Portugal, e por vezes também Marrocos”.
Por isso, deixa claro que “faz todo o sentido essa colaboração, chamo a esta colaboração no âmbito da European Travel Commission, uma competição cooperativa até, porque há turistas que cheguem para todos”.
Presença de Portugal na MITE em Macau pode ter ecos positivos na China
Sobre a MITE, disse que a presença portuguesa é relevante, até porque “a primeira deslocação do chefe executivo da Região Administrativa Especial de Macau para fora da China no pós-pandemia, teve como destino Portugal. Foi organizado um seminário pela Direção dos Serviços de Turismo de Macau, a que se associou o Turismo de Portugal, e esse foi um primeiro momento de aproximação. Tinha-nos chegado também o convite para participarmos na MITE e anunciamos que iríamos estar presentes precisamente durante esse seminário.
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“Considero muito relevante a nossa presença [na MITE]porque é um sinal que estamos a dar ao mercado emissor no seu todo e de facto Portugal consegue ter uma projeção em Macau que ainda não consegue ter na China continental – estamos a batalhar por isso mas conseguimos ter uma massa critica muito mais abrangente por estarmos aqui. Os ecos na China funcionam muito, eles estão sempre atentos”, destacou.
Sobre o investimento feito com a presença de Portugal na feira, Tiago Brito explicou que “o Governo de Macau convidou-nos para estarmos presentes na MITE, trataram e financiaram a construção do stand, nós tratámos da decoração e de toda a parte logística, indicando alguns parceiros para estarem presentes para que se desse uma mostra interessante do que Portugal está a fazer em termos de enoturismo, em termos de empresas de Macau que estão a investir em turismo. Estendemos o convite, via AICEP, a mais empresas mas penso que eles não tiveram a dimensão do que seria o nosso stand, por isso estou certo de que para o ano será diferente para melhor”.