Ilha do Sal – Parte I – Terra de “morabeza” com sabor tropical
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A convite do operador turístico Solférias, o Turisver acompanhou um grupo de agentes de viagens numa fam trip à ilha do Sal, em Cabo Verde, com o objetivo de experimentar, já às portas do inverno, um destino de praia e sol. E valeu bem a pena porque por ali, mesmo no final de novembro, a temperatura é cálida, o sol aquece e o mar apetece.
Por Fernando Borges
O tempo flui devagar ao sabor do calor que nos abraça a cada passo dado no areal das praias ou em cada mergulho nas suas águas temperadas pelo sol tropical que se mesclam entre tonalidades azul-turquesa e verde-esmeralda. Sem stress! E há as mornas e as coladeiras. Assim é a Ilha do Sal, em Cabo Verde!
Quando em 1460 o navegador português Diogo Afonso na companhia do genovês Antonio diNoli tiveram o seu encontro com a ilha cabo-verdiana do Sal, diz-se que se deixaram encantar. Tudo perante os seus olhos era autêntico. Espontâneo. Os mesmos encantos que continuam a atrair os turistas que aqui chegam. Só que agora, passados todos os séculos contados pelo tempo, existem as pessoas. Gente também ela autêntica e genuína que nos recebe com uma vontade intensa de partilhar a sua própria forma de viver; sem stress, numa conjugação perfeita com essa palavra crioula que a língua portuguesa já integrou e que se traduz em afabilidade, amabilidade e gentileza, a tal de “morabeza”.
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Tudo aqui se perfila para que a vida seja sentida e desfrutada de uma forma pausada e divertida. É que há o sol, o céu azul, os extensos areais das praias, o calor das terras áridas do interior, as águas temperadas pelo Trópico de Câncer e pelo Equador, os ritmos da morna, coladeira, funaná, batuque e tabanka, ritmos que narram costumes, histórias e crenças populares enquanto nos falam de alegrias e tristezas, partidas e regressos. Também de amores achados e perdidos.
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Mas há também uma ilha do Sal feita de outras paisagens para além das praias de areia branca que aqui chega trazida pelos ventos do deserto do Saara, preenchendo cenários áridos sem vegetação, onde por vezes acontecem encontros com miragens.
Caminhar entre o mar e o deserto
E é ao percorrer as estradas que saem da vila de Santa Maria ou da sua vizinha Ponta Preta, os lugares mais turístico e conhecidos da ilha pela sua “coleção” de resorts e “beach clubs”, algumas delas de terra batida para dar lugar a pistas desenhados que atravessam essa zona árida, para satisfação de quem opta por passeios com um pouco mais de adrenalina e algum cheirinho a aventura, seja num jeep, num buggy ou numa moto4, que chegamos a Murdeira, uma enseada tão perfeita no seu desenho que parece ter sido traçada a compasso, protegendo a Reserva Natural da Baía da Murdeira, um refúgio de piscinas naturais formadas por erupções vulcânicas, tartarugas e aves marinhas.
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Daqui olha-se sobre o mar e as rebentações das ondas em direção da Reserva Natural Rabo de Junco, e segue-se ao encontro de Espargos, a capital da ilha. E para-se por breves momentos para tomar um café, que dizem ser o melhor do mundo, e “secar o calor”, como aqui se diz, ou seja, tomar um grogue, uma aguardente de cana “made in Cabo Verde”.
Descansa-se o olhar na praça principal, olha-se a igreja, visita-se o animado mercado onde se perfilam legumes e frutos locais, como a cabaceira e o tamarindo, e segue-se novamente em direção ao mar e à vila piscatória de Palmeira que concentra toda a sua vida em torno do cais. Uma oportunidade para se sentir o quotidiano de quem tem o mar como uma das poucas formas de subsistência e um eterno companheiro, e de onde se sai para animados passeios de catamarã em direção do Monte Leão e aí, numa pequena baía e entre mergulhos em águas cristalinas, se brindar aos prazeres da vida e ao “No Stress”.
“És português ou és estrangeiro”?
Mais além, contornando a costa por um trilho que atravessa a Paisagem Protegida de Buracona e Regona, chega-se a uma das mais belas paisagens da ilha. É o deserto puro onde se erguem o Monte Grande e o Monte Curral, assim como o Morrinho do Filho e o Morrinho do Açúcar, dois pequenos montes considerados Monumentos Naturais, lugar onde por vezes somos invadidos por algumas miragens, enquanto junto ao mar nos espera duas fascinantes visões oferecidas pela ilha; Buracona, com as suas piscinas naturais formadas pela força do mar nas rochas feitas de lava negra, abrigando o tão famoso Olho Azul. Uma impressionante gruta onde o reflexo do sol a determinada hora do dia, entre as 10h30 e o meio-dia, produz um efeito deslumbrante de beleza, enquanto ali mesmo ao lado Regona é um dos lugares mais procurados por praticantes de skysurf, mergulho e snorkeling.
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E há ainda as emoções que nos tocam profundamente e a que ninguém fica indiferente quando chegamos a Terra Boa, um dos bairros mais pobres da ilha do Sal, e em especial à Associação Unidos Para o Futuro das Crianças de Terra Boa, uma associação de apoio e proteção de crianças num bairro sem luz e sem água onde se concentram para viver gentes vindas de outras ilhas para no Sal trabalhar no turismo ou nas obras, lugar que se olha como sendo a “casa” da bruma mais seca, inóspita e abandonada da ilha ou, como lhe chamam, “o Sal da ilha do Sal”.
Mas há que regressar a Santa Maria, pois os pequenos barcos de pesca carregados de atum estão a chegar. Assim como um sempre deslumbrante pôr do sol. É tempo também para um refrescante mergulho a partir do pontão que a esta hora de final do dia vibra de gente, num colorido que por vezes parece embriagar os sentidos enquanto o fundo do mar, aqui coberto de areias especialmente brancas, recebe a sombra desses pequenos barcos após atravessarem as suas transparentes águas de um azul-turquesa, oferecendo uma imagem de serenidade.
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O mesmo pontão que atravessa a praia de Santa Maria, um areal branco de sete quilómetros de extensão inscrita na lista das 7 Maravilhas de Cabo Verde, de onde saltam crianças em poses acrobáticas e onde acontecem conversas despreocupadas entre turistas, pescadores que aqui cortam em postas o atum que acabaram de pescar, vendedores de artesanato, de conchas, de coloridos panos e outras gentes locais, e onde um jovem cabo-verdiano que também ali estava com a sua bicicleta à espera que o dia se despedisse me perguntou: “és português ou és estrangeiro?”, uma pergunta que senti como um abraço e bem demonstrativo da forma como os portugueses aqui são recebidos.
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O Turisver deslocou-se à ilha do Sal a convite da Solférias