Miguel Marques o técnico de saúde que também passou a cuidar dos turistas que visitam a ilha de Santa Maria
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Miguel Marques é o sócio gerente da SMATUR, uma empresa criada em 2014 e que desde então oferece serviços de atividades turísticas que contribuem para a vivência de experiências únicas na ilha de Santa Maria, nos Açores. Na nossa recente deslocação àquela ilha, falámos com ele para sabermos mais sobre o passado, o presente e o futuro da empresa, os serviços que oferece e quem os procura.
O que é que levou o Miguel Marques a criar a SMATUR na ilha de Santa Maria?
A ideia surgiu em 2014, aquando da abertura do espaço aéreo dos Açores e com a perspetiva da vinda de companhias aéreas como a Ryanair e a easyJet, como aliás acabou por se verificar nesse mesmo ano. Estava-se, assim, numa altura crucial para se abrir alguma empresa de animação na área do turismo numa ilha como Santa Maria que tinha ainda muitas lacunas a esse nível, ao contrário de São Miguel e da Terceira que já tinham um sistema hoteleiro instalado.
Nessa mesma altura, creio que aparecerem mais duas empresas, nessa mesma ótica de aproveitar a abertura do espaço aéreo mas o facto de a nossa empresa ter conseguido perdurar no tempo é demonstrativo daquilo que é a qualidade dos nossos serviços e o cuidado que temos com o cliente.
O que é que a SMATUR oferece atualmente ao turista que visita a ilha de Santa Maria?
Sem especificar muito, nós centrámo-nos em oferecer ao cliente aquilo que as outras empresas não oferecem. Acho que o que faz mais sentido numa ilha pequena como esta é apostar na diversificação pois se tivermos alguma coisa diferente dos outros, obrigatoriamente quem quiser esse serviço tem que vir até nós.
Assim, a ideia foi criar algo único, algo que não existisse em Santa Maria e centralizámo-nos nos passeios pedestres e nos passeios à volta da ilha, que fomos adaptando ao longo dos anos, sempre no sentido de inovar e diferenciar.
Para esses passeios à volta da ilha tiveram que adquirir viaturas?
Sim, adquirimos uma logo na altura. Acabámos por perceber que o mercado em certas alturas do ano é muito pequeno para termos um minibus ou um autocarro, pelo que acabamos por subcontratar essas viaturas quando esses serviços aparecem. Neste momento temos uma carrinha, já tivemos bicicletas mas deixámos de ter porque a logística implica um tipo diferente e mais complicado de assistência no caso de um turista ter um problema com a bicicleta no outro lado da ilha, obrigando a que alguém lá fosse prestar assistência.
O turismo e a saúde: Os “dois amores” de Miguel Marques
O curioso de ter optado pela criação desta empresa é que o turismo não tinha nada a ver com a sua atividade profissional…
Efetivamente não. Dado o meu background e a minha formação, talvez a área do turismo não tivesse muito enquadramento mas se hoje me perguntar se me enquadro mais na área da saúde ou na área do turismo, digo que estou mais à vontade nesta atividade.
Profissionalmente, sou técnico superior de diagnóstico e terapêutica, trabalho numa unidade de saúde mas o engraçado é que também é uma profissão de contacto com o público.
Atualmente, quem é que procura mais os serviços da empresa? O turista nacional ou o estrangeiro?
Temos tido um misto, mas atualmente quem mais procura os nossos serviços são os turistas estrangeiros, que têm um peso de 70%, essencialmente de países europeus, apesar de estarmos a verificar um aumento por parte do mercado norte-americano que é um nicho muito interessante. O turista nacional vem muito com excursões organizadas por agências que são nossas parceiras.
Como é que a empresa tenciona crescer?
A ideia passa por crescer de forma sustentada, assente nos produtos e serviços em que somos muito bons. Provavelmente, iremos crescer também para as outras ilhas, replicando o mesmo tipo de produtos.
A ilha mais próxima de Santa Maria é São Miguel mas ali há uma grande concorrência…
A ideia é pegar naquilo que é o cliente que já vem da agência e que acaba por usufruir de um serviço que pode ser vendável aqui, mas também em São Miguel, na Terceira, na Graciosa, acompanhando esse mesmo turista. Ou seja, podemos “agarrar” um grupo numa das ilhas e depois acompanhá-lo pelas várias ilhas. É aqui que temos um valor acrescentado porque o turista já fica mais dias, faz mais dormidas e gasta mais, ao mesmo tempo que conseguimos criar um pacote mais completo.
“Já o ano passado criámos um pacote específico para esses festivais, e vamos voltar a fazê-lo este ano, em que incluímos ir buscar o turista ao aeroporto, levá-lo a dar a volta à ilha e ir levá-lo e busca-lo ao concerto, ou seja, tudo aquilo que o turista necessita durante os dias do festival”
Santa Maria tem algumas iniciativas que têm vindo a ganhar notoriedade junto dos turistas ao longo dos anos, nomeadamente alguns festivais de música e outros eventos. Têm programas específicos que incluam assistir aos espetáculos?
Já o ano passado criámos um pacote específico para esses festivais, e vamos voltar a fazê-lo este ano, em que incluímos ir buscar o turista ao aeroporto, levá-lo a dar a volta à ilha e ir levá-lo e busca-lo ao concerto, ou seja, tudo aquilo que o turista necessita durante os dias do festival. Ou seja, acabamos por adaptar as nossas atividades mediante os eventos que decorrem na ilha.
Falou ainda há pouco em parceiros que vos enviam turistas. Quem são?
A Agência Melo, a Abreu, a Pinto Lopes Viagens, o operador turístico Soltrópico, são nossos parceiros desde o início e são muito exigentes, o que demonstra a qualidade que nós temos porque de contrário já teriam arranjado outra empresa. Tentamos ir ao encontro dos melhores agentes e tentamos equivaler-nos a eles sob o ponto de vista da qualidade.
Diz-se que 2023 foi o melhor ano turístico para os Açores. Sentiu isso?
Senti que houve um crescimento comparativamente a 2022, mas ainda algo abaixo de 2019.
Em Santa Maria como é que a empresa convive com a sazonalidade?
Nós tentamos “esticar” o produto. A criação do produto percursos pedestres não obriga a que tenhamos boas condições climatéricas porque não temos que ter mar nem praia, por isso, desde que existam as condições mínimas que nos permitam fazer o percurso, os clientes europeus, principalmente os do norte da Europa que estão habituados a temperaturas muito baixas, procuram condições mais aprazíveis e nós temo-las. Aliás, os percursos fazem-se muito bem com névoa e até mesmo com alguma chuva, pelo que é um produto que se consegue vender 12 meses no ano.