Norte de Marrocos vai ter três charters semanais incluindo a “novidade Al Hoceima”, referiu Gonçalo Palma

Na primeira parte da entrevista a Gonçalo Palma, diretor-geral dos operadores do Grupo Newtour e Sandro Lopes, diretor de vendas da Soltrópico, a conversa gira em torno da programação da Soltrópico para a Páscoa e o verão de 2023, tanto em matéria de charters como de voos regulares. A exceção é o destino Al Hoceima, no norte de Marrocos, programado pela Egotravel.
Quando começaram a delinear a vossa programação para 2023 partiram do pressuposto de consolidar o que já tinham ou de acrescentar produto?
Um bocadinho das duas coisas. A Soltrópico e a Egotravel já têm produtos muito vincados na sua história como Cabo Verde, Porto Santo ou Saidia na Soltrópico e Djerba e Malta na Egotravel e tentamos sempre renovar o que temos, ou seja, primeiro consolidar e depois procurar novas oportunidades, caso apareçam.
Um dos grandes desafios que temos tido este ano reside na contratação aérea, em que temos sentido grande dificuldade. Há pouca disponibilidade, os preços subiram, não em função do que foi praticado o ano passado mas em função do que foi contratado porque a meio da temporada houve muitos aumentos por causa do preço do fuel e quando tentámos renovar os contratos para 2023 esse preço atualizado já vinha atualizado e os produtos tornam-se muito mais caros. Além disso, as próprias companhias com que trabalhávamos têm menos disponibilidade de aviões. Tentar encontrar novos destinos em condições destas, quando nem sequer temos disponibilidade para consolidar o que já tínhamos, é mais difícil.
No caso da Soltrópico, a vossa maior aposta em termos de destinos continua a ser o histórico Cabo Verde?
Continua. Cabo Verde é um destino que nos permite trabalhar o ano todo, tanto para a ilha do Sal como a Boavista, porque há uma procura em permanência. Obviamente, intensificamos muito a nossa oferta no verão com a nossa programação charter e é, de longe, o destino que vendemos mais, incluindo nos voos regulares da TAP.
Os charters para Cabo Verde vão começar na Páscoa?
Começam na semana antes da Páscoa e o último regresso é na primeira semana de outubro, com um voo de Lisboa e um voo do Porto. Depois reforçamos desde o início de Junho até Setembro, com mais um voo tanto de Lisboa como do Porto, mas também utilizamos os voos regulares da TAP que estão disponíveis. Ou seja, no verão teremos quatro charters partilhados com a Solférias e com a Abreu, nossos parceiros habituais para estes destinos.
Comparando com o ano passado, a vossa oferta é maior?
Para o Sal é menor, o que não significa que não vá haver uma produção maior para o Sal, porque uma das nossas estratégias para este ano é crescer dentro dos voos regulares. Se tudo nos correr como o planeado, o que vai acontecer no final do ano é que vendemos mais passageiros para a ilha do Sal mas menos em charter.
No caso da Boavista já trabalhamos com a TAP, e estamos a fechar um acordo que nos permitirá ter um voo charter para a Boavista à partida de Lisboa, desde inícios de junho a inícios de setembro. Já existem três voos do Porto para a Boavista e ir insistir num produto igual não nos pareceu lógico até porque duas das operações são de operadores espanhóis que são muito agressivos no preço. Por isso, quando surgiu a oportunidade de fazer a operação à partida de Lisboa, avançámos.
Além de Cabo Verde, o que é que a Soltrópico tem mais?
O segundo produto da Soltrópico é o Porto Santo, tanto em termos de operação charter como de quantidade de passageiros. Temos quatro charters no verão, de junho a setembro, em parceria com a Abreu, dois de Lisboa e dois do Porto e temos praticamente o exclusivo do hotel Vila Baleira. É um produto estável, muito assente no segmento de famílias e tem sido uma grande alavanca para nós.
“O ano passado foi para nós o melhor ano de sempre do produto Porto Santo, obrigou-nos a um exercício grande ao nível da contratação de camas e até de aviação mas foi um produto que correspondeu muito bem e este ano acreditamos que vai ser um sucesso maior”
O ano passado houve dificuldade na contratação de camas no Porto Santo. Aconteceu o mesmo este ano?
Sandro Lopes – Temos uma exposição grande seja no Vila Baleira seja nos hotéis do grupo Pestana e temos também algum espaço no Porto Santo Hotel, o que nos permite conseguir acomodar todos os passageiros.
O ano passado foi para nós o melhor ano de sempre do produto Porto Santo, obrigou-nos a um exercício grande ao nível da contratação de camas e até de aviação mas foi um produto que correspondeu muito bem e este ano acreditamos que vai ser um sucesso maior, ajustando algumas situações que é o que estamos a fazer.
Na programação para o norte Marrocos têm inovações este ano que se prendem também com Saidia?
Gonçalo Palma -A programação de Saidia é um misto Soltrópico / Egotravel porque a Egotravel já tinha pensado no destino Al Hoceima em 2020, aliás o contrato que nós hoje temos já transita dessa altura que foi aquela em que o Hotel Radisson abriu e foi-nos logo proposto que fizéssemos um charter. Estávamos a estudar a hipótese de avançar com esse charter mas entretanto veio a pandemia e tivemos que pôr o projeto na gaveta. Entretanto deu-se a fusão dos operadores no grupo Newtour e quando viemos para aqui já tínhamos o destino Saidia.
O destino tem muito potencial, é um destino que está ainda a desenvolver-se, não tem ainda muita oferta hoteleira, aliás ainda é praticamente um destino mono-hotel e mesmo as atrações turísticas ainda estão em desenvolvimento, ou seja, penso que vai acontecer em Al Hoceima o mesmo modelo de crescimento que aconteceu em Saidia.
Como já havia operações da Soltrópico para Saidia e nós também já tínhamos contrato na Ego, o que fizemos foi tentar que não houvesse duplicações. Assim, decidimos que em vez de voarmos para o aeroporto de Oudja que serve Saidia, como existe um aeroporto mesmo no meio dos dois destinos que fica mais ou menos à mesma distância de Saidia e de Al Hoceima, que é o aeroporto de Nador, passamos a voar para este aeroporto mais central para distribuirmos passageiros para os dois lados.
As vendas para o nosso destino novidade, Al Hoceima estão a ser muito boas. É um destino novo, que ninguém conhece e está a ter bastante adesão.
“Para Al Hoceima, que é Egotravel, vamos ter um voo à partida de Lisboa e para Saidia, que é Soltrópico, serão dois voos, um de Lisboa e outro do Porto, todos em parceria com a Abreu”
Quantos voos vão ter e de onde?
Para Al Hoceima, que é Egotravel, vamos ter um voo à partida de Lisboa e para Saidia, que é Soltrópico, serão dois voos, um de Lisboa e outro do Porto, todos em parceria com a Abreu. Ou seja, no total, se considerarmos um destino único, serão três voos, de inícios de junho a finais de setembro.
Falámos dos três destinos da Soltrópico em charter. A partir daqui é tudo em voo regular?
Sandro Lopes – É, e neste caso, pelo histórico que a Soltrópico tem no que se refere a destinos dos PALOPs, temos que destacar a forte aposta em São Tomé. Estamos também a fazer uma renovação nosso produto Brasil, onde vamos ter mais produto disponível, nomeadamente, contamos ter vários combinados entre cidades icónicas brasileiras e também estâncias balneares.
Estamos também a desenvolver e melhorar o produto das Maldivas, que é uma reentrada no nosso portefólio, onde estamos a apostar em algumas mais-valias que pensamos serem muito úteis para o agente de viagens, como a disponibilidade imediata. Durante a pandemia retirámos o destino e agora para reentrarmos entendemos que tínhamos que adicionar algo e a opção foi ter um portefólio bastante alargado em termos e unidades hoteleiras – temos entre 90 a 100 hotéis -, com confirmação imediata, com todo o tipo de regimes e de quartos de hotel. Temos vindo a subir nas vendas, o que é positivo para nós porque revela uma boa aceitação do produto que colocámos no mercado e é uma aposta para 2023.
Estamos também em vias de renovar o nosso produto Maurícias, exatamente na mesma vertente, ou seja, mais hotelaria e mais confirmação imediata. Reforço a confirmação imediata porque permite que o agente de viagens assim que faz a reserva no nosso site, tenha todo o processo terminado e pode cobrar ao cliente.
Gonçalo Palma – Eu acrescentaria ainda a Madeira (sem o Porto Santo, que é em charter) e os Açores, onde também vamos reforçar a oferta. Queríamos fazer uma reaproximação ao destino Madeira, trabalhando de outra forma porque entendemos que o destino Madeira tem que ser trabalhado com alguma flexibilidade, ou seja, temos que permitir reservas de duas, três ou quatro noites, aquilo que o cliente quiser. Penso que todos os operadores foram perdendo por trabalhar a Madeira num formato estanque, quase charterizado e quem ficou a ganhar foram as agências que faziam o “fato à medida”.
Queremos reentrar num formato mais flexível, tanto para a Madeira como para os Açores, mas neste caso com o produto operado pela Turangra, o operador do grupo que é especializado no destino Açores (ler notícia).
Na segunda parte da entrevista a Gonçalo Palma, diretor-geral dos operadores do Grupo Newtour iremos abordar entre outros temas:
- Programação da Egotravel para o verão
- Negociações com agrupamentos e agências de viagens
- Ações de aproximação aos agentes de viagens