‘Melhor Gestor de Potencial Humano’ nos Prémios Xénios Carla Silva “saltou” da moda para a gestão de pessoas
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Foi gestora de produto num grupo português de representação de grandes marcas de moda, mas era a gestão de pessoas que mais a atraía e foi na hotelaria que encontrou a sua paixão já lá vão 22 anos. A trabalhar na Minor Hotels, Carla Silva foi eleita ‘Melhor Gestor de Potencial Humano’ nos Prémios Xénios 2024.
A Carla foi distinguida com o Prémio Xénios 2024 na categoria de ‘Melhor Gestor de Potencial Humano’. Sempre quis seguir a área de turismo ou tinha outros planos?
Quando decidi tirar a licenciatura em Recursos Humanos no ISCTE – IUL, já trabalhava no Grupo Arié, que representava e representa várias marcas em Portugal, como a Calvin Klein, por exemplo, que ajudei a abrir na avenida da Liberdade. Basicamente fazia gestão de produto. Quando terminei a licenciatura de cinco anos falei com o meu diretor na altura, porque o que eu queria mesmo era exercer esta área da gestão de pessoas, pois a gestão de produto era uma tarefa muito rotineira. Em 2001 decidi despedir-me do meu trabalho e já estou na área de gestão de pessoas há 22 anos.
Então era uma área completamente diferente do turismo?
Sim, completamente diferente. Trabalhei e estudei durante esse período, mas depois tinha a certeza que queria mesmo abraçar a área a que tinha dedicado aqueles cinco anos e naquela altura andei à procura em áreas de negócio que estavam em crescimento e que de alguma forma me diziam alguma coisa, como as telecomunicações, o turismo e curiosamente apenas o turismo respondeu aos meus pedidos de estágio. E fiz algumas entrevistas e acabei por aceitar o estágio onde o meu pai trabalhava, no Hotel Tivoli, na avenida da Liberdade.
Fiz lá um estágio não remunerado durante 6 meses e depois, fui aprendendo, desenvolvendo, abri hotéis, fechei hotéis, fiz certificações de qualidade, fiz parte da bolsa de auditores, abracei a coordenação da equipa de salários, fui diretora regional para os hotéis de Lisboa, Sintra, Coimbra, e Porto, até que em 2019, a Minor compra o Grupo NH com sede em Madrid e convida-me para coordenar a gestão de pessoas dos hotéis em Portugal, função que exerço até ao momento.
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E mesmo com o pai na área na altura não lhe ocorreu que poderia ir pelo mesmo caminho?
Por acaso não mas acabou por ser essa coincidência. Como o meu pai já trabalhava no hotel, na área de manutenção, foi mais fácil eu entrar e de facto, desde pequena que ele me falava da Beatriz Costa no Tivoli e que eu ia às festas de Natal do hotel e isso deve ter-me influenciado. O “bichinho” da hotelaria provavelmente vem desse tempo.
O maior desafio e neste momento do pós-pandemia tem a ver com a fidelização e atração das pessoas nesta área
Quais são os principais desafios que encontra no dia-a-dia no cargo que desempenha?
O maior desafio do pós-pandemia tem a ver com a fidelização e atração das pessoas para trabalharem nesta área. Como sabemos saíram milhares de profissionais do turismo e tem sido muito desafiante tentar atrair esta nova geração para esta área de negócio.
E como tem conseguido fazê-lo?
Logo após a pandemia percebi que tínhamos de repor o nosso quadro de pessoal e que a nossa empresa já era demasiado grande, apesar de as pessoas em Portugal conhecerem apenas a marca Tivoli, que é a mais prestigiada e fez 91 anos de história no passado mês de março. Então precisava de contar uma história, de dizer quem somos, onde estamos, o potencial que temos e por isso fui contratar a Andrea Ivo como nossa Employer Branding Manager para me ajudar neste caminho de construirmos uma marca empregadora forte e sabermos também comunicar os nossos benefícios, o que fazemos, como desenvolvemos as pessoas e basicamente é isso que temos feito, sobretudo desde que reabriu a atividade.
Se por um lado é difícil “reter” trabalhadores, por outro lado já há cadeias hoteleiras a proporcionar vários tipos de benefícios para os atrair. Na Minor Hotels também se passa isto?
Sim, nós temos um seguro de saúde em vigor desde que éramos Grupo Espírito Santo, há mais de 10 anos, para todos os colaboradores e para quem queira incluir o agregado familiar também proporcionamos um seguro mais vantajoso, temos assistência médica domiciliária gratuita, temos um refeitório ou um cartão de refeição.
Depois relançámos no pós-pandemia todos os programas de reconhecimento, como o empregado do mês, o empregado do trimestre, melhor equipa de back of house ou de front of the house, enfim, temos uma série de programas de reconhecimento e o que estamos a fazer é comunicar melhor esses benefícios que já dávamos, mas que não estavam a ser comunicados de forma apelativa.
E esse pode ser o caminho?
Fidelizar as nossas equipas não passa apenas pela parte dos benefícios que são importantes, mas também por toda uma cultura virada para as pessoas. Isso tem a ver com a comunicação que fazemos com as nossas equipas, com a formação que lhes disponibilizamos através da nossa plataforma completamente gratuita, onde os nossos trabalhadores podem fazer todas as formações a nível de idiomas, segurança, desenvolvimento, liderança. No fundo é um composto que passa não só pela forma de recrutamento, mas também pela forma de como a pessoa é acolhida na organização, como é acolhida na equipa, como é possível fazer o seu desenvolvimento na formação ao longo da vida.
Também estamos a criar um programa para lideranças, porque no fundo nós sabemos que os nossos supervisores têm uma forte influência na fidelização das nossas equipas e isso também é muito importante. Penso que esta nova geração, para além da comunicação e do reconhecimento, também quer saber como é que a empresa se prepara para lhe dar um plano de carreira, como é que a empresa se está a preparar para esta questão da sustentabilidade e que ações é que promove a esse nível.
O que significa para si receber o Prémio Xénios 2024 de ‘Melhor Gestor de Potencial Humano’? Foi a Carla a candidatar-se ou alguém a candidatou?
Eu não me candidatei, recebi um email com surpresa da Associação dos Diretores de Hotéis de Portugal a informar-me que estava nomeada num grupo de seis outros colegas. Depois recebi um segundo email a dizer que após as votações eu tinha ficado na short list de três finalistas, o que para mim representou uma surpresa ainda maior e foi com muita emoção e gratidão que recebi o prémio em Aveiro. Continuo sem saber quem me candidatou e gostava muito de saber como é que entrei nesta experiência.
Esta distinção que recebeu agora pensa que lhe poderá abrir novas portas, mesmo que seja dentro da empresa onde agora desempenha funções?
Ainda não tenho noção disso, estou a saborear esta experiência e não penso muito na perspetiva de futuro. Neste momento estou a partilhar este prémio e a homenagem com a minha equipa, porque estes prémios nunca são individuais, são sempre de equipa e eu tenho comigo uma equipa de profissionais excelentes, que me ajudam a colocar em prática todas estas políticas e processos no terreno.