Mama Shelter tem “mais volume de reservas através dos canais diretos” do que através das OTAs, diz Afonso Magalhães
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Abriu portas em Lisboa no início do ano de 2022 trazendo consigo uma abordagem inovadora da hotelaria urbana, centrada no lifestyle, na irreverência e na excelência da oferta. Dois anos passados, o Mama Shelter mantém os qualificativos e continua a ser um êxito. Afonso Magalhães, diretor comercial, explica-nos o “segredo” por trás desse êxito.
Quando o Mama Shelter abriu em Lisboa conseguiu, de imediato, ter um grande êxito e uma das questões que então se colocava era se esse êxito iria perdurar no tempo ou se era apenas devido ao facto de apresentar um conceito inovador. Hoje, o hotel já tem dois anos e mantém-se na “crista da onda”. Como é que isso se consegue?
Não é fácil, é um trabalho constante, diário, e temos que ter profissionais super competentes. A estratégia do Mama Shelter passou logo por ir buscar pessoas-chave a diferentes áreas, juntá-las todas numa equipa, trazer estas novas pessoas empreendedoras para uma marca que, por si só, é empreendedora e era nova no mercado.
No primeiro ano, beneficiámos muito do facto de sermos uma marca nova e de sermos um produto único e diferente no mercado de Lisboa, com uma nova oferta. Juntámos a este fator uma série de profissionais de excelência, inovadores e a nova geração da indústria e conseguimos, neste segundo ano, dar continuidade a esses bons resultados: subimos o ADR de 115€ para 135€ e subimos a taxa de ocupação anual.
Tudo isto, como disse, resultou de um trabalho contínuo que estes profissionais fazem com que pareça fácil apesar de não o ser.
Há quem se questione se a grande aposta do hotel é nas comidas e bebidas se é no alojamento?
É verdade, nós somos um produto único também por causa disso. Somos dos poucos exemplos em Portugal de um hotel com 130 quartos que fatura mais em F&B e isso é muito raro, devem contar-se pelos dedos de uma mão os exemplos deste caso em Portugal.
Em muitos países já acontece haver muitos hotéis em que o F&B é a grande aposta mas em Portugal isso não acontecia até à chegada do Mama Shelter, o que tem a ver com o tema das margens: há muito mais margem de lucro num quarto versus os custos que tem esse quarto comparando com os preços de venda, do que na restauração. Depois há toda a problemática da mão de obra, das condições salariais da restauração, que faz com que o F&B não seja um segmento muito atrativo para as unidades hoteleiras.
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O Mama Shelter veio quebrar esse estigma, nós faturamos mais em F&B, somos um hotel com 130 quartos mas o nosso restaurante e o nosso rooftop são locais e venues que são atrativos não só para o locais como para o mercado estrangeiro. O Mama Shelter tem o seu restaurante de portas abertas e conseguimos, de alguma maneira, separar o que é o restaurante daquilo que é o hotel, o que ajudou bastante a que o mercado local nos procurasse.
Dito de outra forma, o Mama Shelter é um restaurante com quartos por cima.
O Mama Shelter é um hotel para todas as idades
Outra das questões que se levantava por este ser um hotel “muito arejado” e muito movimentado, em função até da oferta de comidas e bebidas e de animação, era se o Mama Shelter era um hotel apenas para gente jovem mas quando se vem cá vemos pessoas de todas as idades…
É verdade, o Mama Shelter é um hotel que é para todas as idades, nós não fazemos distinção. Quem vem ao hotel várias vezes, tanto pode encontrar um casal a celebrar um aniversário de relacionamento como uma família, um grupo de amigos ou mesmo empresários, ou seja, o Mama Shelter é um hotel para toda a gente e toda a gente se identifica um bocadinho com a marca.
Outra coisa que nos diferencia da concorrência é o facto de termos entretenimento dentro do restaurante e do rooftop, as pessoas sabem que todos os dias temos música ao vivo no restaurante, seja uma banda, um cantor ou um Dj. Para além de virem cá jantar e terem uma oferta fantástica proporcionada pelo nosso Chef Nuno Bandeira de Lima, já muito conceituado na indústria e que trabalhou em restaurantes como o Decadente, o Altis Belém ou o Infame, as pessoas sabem que todos os dias há uma coisa a acontecer no Mama Shelter e é esta variedade de oferta que faz com que tenhamos muito sucesso.
O Rofftop abriu já depois de o restaurante estar a funcionar. Há quem venha de propósito só para ir ao rooftop?
Abriu uns meses mais tarde, sim e há muita gente que vem de propósito. Temos feito um trabalho, tanto com a imprensa local como com a imprensa internacional e com a industria, porque a marca Mama Shelter tem os rooftops como “ex-libris”, ou seja, num universo de 15 hotéis Mama Shelter, 14 têm rooftop e é uma marca que também é conhecida pelas grandes vistas que proporciona a partir dos seus rooftops. Este trabalho ajudou a que, apesar de ter aberto um pouco mais tarde, o rooftop se tornasse paragem obrigatória não só para locais como para hóspedes e muitos deles vêm exactamente porque sabem que o rooftop do Mama Shelter é um local espetacular, com uma vista incrível, com música ao vivo, com uma oferta de cocktails vastíssima e uma oferta de culinária leve e divertida, que lhes proporciona bons momentos.
“Esta foi a primeira vez que me aconteceu na minha carreira ter trabalhado numa cadeia como é a Mama Shelter, que pertence à Accor, e ter mais volume de reservas através dos canais diretos, como o site da Accor ou o site da Mama Shelter, do que através das OTAs como a Booking, Expedia, ou outras”
Uma das pretensões de um hotel, principalmente se pertence a um grupo e uma marca como a vossa, é a fidelização dos clientes. Como é que conseguem isso, não apenas no sentido de quem vem poder regressar mas também de um cliente, ao viajar, ficar em hotéis da marca Mama Shelter?
Esta foi a primeira vez que me aconteceu na minha carreira ter trabalhado numa cadeia como é a Mama Shelter, que pertence à Accor, e ter mais volume de reservas através dos canais diretos, como o site da Accor ou o site da Mama Shelter, do que através das OTAs como a Booking, Expedia, ou outras. Isto significa que o programa de lealdade é tão forte que as pessoas que ficam nas unidades da Accor preferem fazer a reserva através do próprio site para serem recompensadas com o sistema de pontos.
O Mama Shelter beneficia de pertencer do Grupo Accor, que é uma das maiores do mundo em número de quartos, e recebemos muitas reservas diretas, o que é excelente para nós, aliás, o objetivo final das grandes cadeias hoteleiras é ter as suas reservas a chegar pelos canais diretos porque evitam ter de pagar comissões às OTAs. Nós temos beneficiado deste fator e temos conseguido fidelizar cada vez mais os clientes, não só por o Mama Shelter ser um produto único mas também por esta vertente de pertencermos a uma das maiores cadeias hoteleiras do mundo.
Vão abrir mais uma unidade em Portugal?
Fala-se muito nisso, mas a Mama Shelter não está a pensar nisso pelo menos para o próximo ano, poderá vir a acontecer daqui a dois anos mas também ainda não há garantias. Poderá eventualmente ser um Mama Shelter ou uma das marcas de lifestyle que estão dentro do portefólio da Accor, como a 25 Hours ou a SO, que estão a ser muito estudadas para o mercado nacional. É uma hipótese e se tivesse que apostar diria que dentro de três ou quatro anos vamos ter outra marca do portefólio de lifestyle da Accor, apesar de nada estar ainda seguro.
Fotos: ©Mama Shelter