Investimento e turismo dos EUA batem recordes em Portugal
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Investimento em crescendo, o maior número de voos de sempre e fluxos de turistas em crescimento acelerado, assim se caracterizam as ligações dos norte-americanos a Portugal, conforme ficou demonstrado numa conferência promovida na sexta feira, em Lisboa, pela AmCham e pelo Pestana Hotel Group.
À primeira vista, tudo parece um mar de rosas mas o facto é que há alguns entraves, que os especialistas presentes na conferência fizeram questão de apontar, como é o caso da necessária melhoria das infraestruturas, desde o aeroporto às redes energéticas, passando pela excessiva burocracia.
Sob o tema “Turismo & Imobiliário no âmbito das relações Portugal / EUA” a conferência foi organizada pelo Pestana Hotel Group e pela Câmara de Comércio Americana em Portugal (AmCham) e moderada por José Roquette, Board Member & Chief Development Officer do Grupo Pestana. Nela se concluiu que as relações comerciais, o investimento e o trânsito de turistas entre os EUA e Portugal “vivem um clima de grande entusiasmo, com indicadores perto de recordes históricos, ou já mesmo em máximos”.
O peso dos Estados Unidos na formação do PIB português é crescente, designadamente no turismo, em que os norte-americanos foram a nacionalidade que mais cresceu o ano passado, face a 2019. Do total de hóspedes de mercados internacionais em Portugal, cerca de 10% provêm daquele país, um ganho de quota resultante do crescimento de 25,3% face ao ano pré-pandémico, ao passo que o balanço da generalidade dos turistas internacionais em Portugal aponta um decréscimo de 6,7%. “Foi a origem de turistas que mais cresceu”, explicou António Martins da Costa, presidente da AmCham, que revelou ainda que os cidadãos dos EUA reforçaram as despesas turísticas em 52%, crescimento superior ao de qualquer outro mercado.
Segundo Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal, o mercado norte-americano registou, em janeiro e fevereiro deste ano, um crescimento de dormidas para mais do dobro, comparado com os dois meses homólogos de 2019. ‘Portugal está tão próximo de Nova Iorque quanto a costa leste daquele país’, afirmou.
António Martins da Costa acentuou que a balança comercial revela-se claramente favorável a Portugal: os EUA evoluíram para primeiro destino das exportações portuguesas fora do espaço comunitário, e são hoje “um parceiro incontornável, pelo que tudo o que seja incrementar esta relação transatlântica traz benefícios para ambos os lados”. Além disso, segundo dados provisórios recolhidos pela AmCham, a transação de bens e serviços terá registado 9.000 milhões de euros de exportações nacionais para o outro lado do Atlântico e 5.200 milhões de euros no sentido inverso.
Reforço das ligações aéreas
Beneficiando do reforço do número de ligações aéreas diretas entre os dois países, os 27 milhões de desembarques de norte-americanos em Portugal (metade dos quais em Lisboa) ao longo de 2022 deverão acelerar ainda mais este ano, antevê o presidente da AmCham. Comparando com dados de 2016, Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal, explica que os lugares disponíveis em ligações diretas são hoje o dobro, concretamente, cerca de dois milhões, o que faz dos Estados Unidos o maior mercado de long haul para Portugal.
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Ainda no que se refere às ligações aéreas, Sofia Lufinha, Chief Strategy Officer da TAP, apontou um crescimento de 40% nas frequências de voos dos EUA para Portugal, face a 2019. Entre as cinco companhias com voos diretos dos EUA para Portugal, contam-se agora mais de 100 frequências semanais diretas, das quais 62 são asseguradas pela TAP, um reforço da operação na ordem dos 60%. Do Verão de 2022 para o próximo somam-se 15 frequências semanais TAP.
Com mais norte-americanos nos voos da TAP, aumentam também as receitas para a companhia. Na relação entre o primeiro trimestre de 2019 e o período homólogo de 2023, o número de passageiros mais que duplicou, e a receita triplicou. “Os americanos têm muito poder de compra, estão mais disponíveis para pagar opções com mais atributos, serviços e flexibilidade”, precisou Sofia Lufinha. Mesmo entre os passageiros em trânsito (aproveitando Lisboa enquanto hub de ligação à Europa, África e Israel), o país está a ganhar com o programa stopover, promotor de curtas estadias sem pagamento adicional de voo. “Tivemos um crescimento enorme no primeiro trimestre de 2023, mais de 12 mil passageiros que vinham em connecting e pararam em Portugal”, frisou.
No sentido inverso, 2023 deverá ser um ano histórico, prevê Ana Paula Vila, Commercial Specialist da Embaixada dos EUA em Portugal, já que, enquanto o ano passado foram 14 mil os portugueses que viajaram para os EUA, só nos dois primeiros meses deste ano, o número ascendeu já a 9.962.
Miguel Mota, Sales Manager for Portugal at Air France KLM & Delta Air Lines, apontou também um crescimento de turismo de lazer de Portugal para os EUA na ordem dos 10% em relação a 2019, sendo que nos dois primeiros meses deste ano o foi de 30%, face ao período homólogo de 2019.
No imobiliário, área muito associada aos ‘Golden Visa’, os cidadãos dos EUA valeram 12% do investimento em imobiliário realizado nos últimos dez anos em Portugal. Patrícia Barão, diretora do Departamento Residencial da JLL Portugal, afirmou mesmo que os norte-americanos “descobriram Portugal nas várias vertentes de imobiliário”. Em 2022, o investimento americano foi de 1.150 milhões de euros, representando 33,7% do total investido em Portugal no imobiliário comercial” muito por via do portfolio hoteleiro do denominado projeto Crow, que representou um investimento na ordem dos 850 milhões de euros.
Apesar deste crescimento, o investimento poderia até ser maior se não houvesse tanta burocracia e se a legislação não tivesse tantas alterações, segundo fez notar o investidor luso-americano John Calvão, que também participou na conferência.