Sabe quantos locais estão listados pela UNESCO como “Património Mundial em Perigo”?
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Gostamos de visitá-los, fazemos quilómetros para os ver e fotografar, mas por vezes os excessos de pessoas nos destinos, os conflitos armados, os desastres naturais e os desenvolvimentos urbanos não planeados podem danificar aquilo que sobreviveu durante séculos. Alguns deles são Património Mundial e a sua deterioração não terá “remendo” possível.
São pelo menos 55, os locais que a UNESCO listou como “Património Mundial em Perigo” em conformidade com o artigo 11.º (nº4), da Convenção para a Proteção do Património Mundial, Cultural e Natural.
Outros, no entanto, estão em risco de fazerem parte dessa listagem, como Veneza, na Itália, por excesso de turismo. Liverpool, na Inglaterra, por exemplo, que desde 2012 fazia parte da listagem de “Património Mundial em Perigo”, pela construção de um projeto megalómano de renovação das docas que iria alterar o porto, acabou por ser retirado da Lista de Património Mundial da UNESCO em 2021.
A Lista do “Património Mundial em Perigo” foi concebida para informar a comunidade internacional sobre as condições que ameaçam as próprias características pelas quais um bem foi inscrito na Lista do Património Mundial e para encorajar ações corretivas. Cumpre-nos fazer parte do processo de conservação deste planeta que não tem plano B. Deixamos-lhe cinco exemplos, dos 55 em perigo.
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Paisagem Cultural e Restos Arqueológicos do Vale Bamiyan, Afeganistão – Faz parte da lista de “Património Mundial em Perigo” da UNESCO desde 2003. Esta paisagem cultural, assim como os vestígios arqueológicos do Vale Bamiyan representam os desenvolvimentos artísticos e religiosos que dos séculos I ao XIII caracterizaram a antiga Bakhtria, integrando várias influências culturais na escola Gandhara de arte budista. São vários os santuários monásticos budistas, assim como edifícios fortificados do período islâmico. Segundo a UNESCO, “os recursos patrimoniais do Vale Bamiyan sofreram vários desastres e algumas partes estão em estado frágil. Uma grande perda para a integridade do local foi a destruição das grandes estátuas de Buda desde março de 2001, por parte dos Taliban”. No entanto, segundo a mesma entidade, “uma proporção significativa de todos os atributos que expressam o Valor Universal Excecional do local, tais como formas arquitetónicas budistas e islâmicas e a sua localização na paisagem de Bamiyan permanecem intactas em todos os oito locais dentro dos limites, incluindo o vasto mosteiro budista nos penhascos de Bamiyan, que continha as duas esculturas colossais do Buda”.
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Centro Histórico de Viena, Áustria – Aqui bem ao lado, na Europa, as coisas não se apresentam melhores, por isso não fiquem admirados se lhes dissermos que o Centro Histórico de Viena está inscrito na UNESCO como “Património Mundial em Perigo” desde 2017, devido a projetos de arranha-céus no centro da capital austríaca. Tendo se desenvolvido desde os primeiros assentamentos celtas e romanos até se tornar numa cidade medieval e barroca, capital do Império Austro-Húngaro, Viena desempenhou um papel essencial como principal centro musical europeu até ao início do século XX. O seu centro histórico é rico arquitetonicamente, com os seus castelos e jardins barrocos, assim como a Ringstrasse do final do século XIX com os seus grandes edifícios, monumentos e parques. Este destino foi inscrito na Lista do Património Mundial da UNESCO em 2001.
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Centro Histórico de Odesa, Ucrânia – Já este ano, o Centro Histórico de Odesa, na Ucrânia entrou para a Lista de “Património Mundial em Perigo” da UNESCO, devido à guerra entre aquele país e a Rússia que se vem arrastando, tendo completado um ano a 24 de fevereiro de 2023. Parte da cidade portuária do Mar Negro desenvolvida no local de Khadzhybei, é uma área densamente urbanizada, planeada de acordo com os cânones do classicismo, caracterizada por edifícios de dois a quatro andares e largas ruas perpendiculares ladeadas por árvores. “Os edifícios históricos refletem o rápido desenvolvimento económico da cidade no século XIX e início do século XX. O local inclui teatros, pontes, monumentos, edifícios religiosos, escolas, palácios privados e cortiços, clubes, hotéis, bancos, centros comerciais, armazéns, bolsas de valores e outros edifícios públicos e administrativos projetados por arquitetos e engenheiros, principalmente da Itália nos primeiros anos, mas também de outras nacionalidades. O ecletismo é a característica dominante da arquitetura do centro histórico da cidade”, assim a descreve a UNESCO, que repudiou veemente, na voz da sua diretora-geral, Audrey Azoulay, esta “destruição escandalosa que marca uma escalada de violência contra o património cultural da Ucrânia”.
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Cidade de Potosí, Bolívia – Do outro lado do Atlântico, na parte central da América do Sul, a Cidade de Potosí, na Bolívia, permanece na Lista de “Património Mundial em Perigo” da UNESCO desde 2014. Foi considerada o maior complexo industrial do mundo no século XVI, essencialmente devido à extração do minério de prata, que dependia de uma série de moinhos hidráulicos. “O local consiste nos monumentos industriais do Cerro Rico, onde a água é fornecida por um intrincado sistema de aquedutos e lagos artificiais; a cidade colonial com a Casa de la Moneda; a Igreja de São Lourenço; várias casas patrícias; e os bairros mitayos, áreas onde viviam os trabalhadores” fazem dela local de interesse mundial. No entanto, segundo a UNESCO, a “degradação do Cerro de Potosí (também chamado de Cerro Rico [Montanha Rica] ou Sumaj Orcko) pela continuação das operações de mineração tem sido uma preocupação há muito tempo, já que centenas de anos de mineração deixaram a montanha porosa e instável. A Corporação Mineira Boliviana incluiu a preservação da forma, topografia e ambiente natural da montanha como um dos objetivos para sua futura exploração. No entanto, as recomendações de uma missão técnica do Centro do Património Mundial/ICOMOS em 2005 para melhorar a segurança e a estabilidade da propriedade, bem como outras condições necessárias para permitir atividades mineiras sustentáveis, não foram seguidas e partes do cume da montanha ruíram. A autenticidade da propriedade fica assim ameaçada e devem ser tomadas medidas urgentes e adequadas para proteger vidas humanas”.
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Ilhas e áreas protegidas do Golfo da Califórnia, México – Ainda do lado de lá do Atlântico encontramos este local que compreende 244 ilhas, ilhotas e áreas costeiras localizadas no Golfo da Califórnia, no nordeste do México. O Mar de Cortez e suas ilhas têm sido considerados laboratório natural para a investigação da especiação. Além disso, quase todos os principais processos oceanográficos que ocorrem nos oceanos do planeta estão presentes na propriedade, conferindo-lhe extraordinária importância para estudo. O local é de impressionante beleza natural num cenário formado por ilhas escarpadas com altas falésias e praias arenosas, que contrastam com o reflexo brilhante do deserto e das águas azul-turquesa circundantes. É o lar de 695 espécies de plantas vasculares. Existem pelo menos 891,90 espécies de peixes endémicas. Este local, no entanto, faz parte da Lista de “Património Mundial em Perigo” desde 2019, essencialmente porque a UNESCO considera que as “ameaças atuais incluem, em terra, espécies exóticas invasoras com herbívoros e predadores que ameaçam os delicados sistemas de pequenas ilhas. O maior impacto contínuo nos valores de conservação marinha provém da pesca artesanal, industrial e desportiva. A pesca e a pesca de arrasto do camarão desempenham um papel importante na economia local, mas colocam cada vez mais pressão sobre os recursos. São necessárias respostas de gestão para garantir que os níveis de colheita sejam adaptados à produtividade em todo o Golfo. As ameaças potenciais iminentes incluem planos para o desenvolvimento do turismo em grande escala”.
Fotos créditos UNESCO