Ricardo Cardia, diretor-geral da VECI em Portugal: “Garantidamente cumprimos os nossos objetivos”
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O balanço do ano de 2023 foi o ponto de partida para uma conversa com o diretor-geral da Viagens El Corte Inglês em Portugal, Ricardo Cardia. A nova estratégia que está a ser implementada no nosso país, o produto próprio e a possibilidade de o grupo trazer outras marcas para Portugal, foram outros temas abordados.
Estamos a caminhar para o final do ano, conseguiram atingir os objetivos que tinham traçado no vosso plano?
Sei que a pergunta se refere aos resultados mas vou responder de duas maneiras. Estritamente no que se refere aos resultados, nós temos um exercício fiscal diferente, o nosso ano só termina a 28 de fevereiro, mas sabemos que estamos lançados no sentido de atingirmos os objetivos que traçámos em todas as áreas. Podemos também olhar para os resultados de outra forma, que é a da restruturação, da capacidade de atrair talento e qualidade, da capacidade que tivemos de afirmar cada vez mais a marca no mercado e da capacidade de termos influência nos fornecedores e alguma relevância naquilo que são as operações do dia-a-dia e com os nossos clientes e fornecedores. Assim, e paralelamente ao resultado financeiro, temos o nosso resultado como crescimento da empresa – porque esta é uma empresa que não vai morrer nem amanhã nem daqui a 10 anos porque é uma empresa sólida, forte e cumpridora -, e nesse sentido acho que, garantidamente, cumprimos os nossos objetivos.
Fez parte dessa estratégia e da restruturação, a contratação do Pedro Barbosa, para diretor de expansão?
É importante perceber que o Pedro Barbosa entrou com esta ideia de expansão da empresa, mas o Pedro é diretor comercial de toda a empresa em Portugal, e que por isso tem a seu cargo uma equipa comercial que toca todas as áreas de negócio, seja a área de lazer, de empresas ou de MICE. Está a trabalhar com uma equipa sob a sua orientação e sob as suas diretrizes, no sentido de poder incrementar o negócio para todas as áreas e, mais do que tudo, tentar juntá-las de forma a poder retirar o máximo de cada uma dessas áreas. Ou seja, criar a sinergia entre o lazer e o business travel mas, ao mesmo tempo, o business travel poder fornecer o lazer.
A ideia de trazermos um diretor comercial e de expansão não é para ser chefe dele mesmo, é para criar dimensão e para criar uma equipa que já tem montada, com muitos de casa, mas o que por vezes sentimos é que ter muitos anos de casa faz com que exista uma tendência de nos fecharmos em nós próprios: cabeças novas, ideias novas, faz com que as coisas possam mexer de forma diferente.
Como é que se consegue passar, a alguém que está numa loja a muitos quilómetros de distância, a ideia de que faz parte do grupo e desta marca?
Nós iniciámos há uns meses, esta ideia itinerante de criar algumas iniciativas em locais diversos vão nesse sentido. Por exemplo, nós sabemos que Funchal é uma das lojas com mais força e com mais potencial na nossa rede e por isso fizemos uma feira de cruzeiros adaptando aquilo que é o negócio do Funchal. Temos necessidades em Évora, vamos lá trabalhar o mercado alentejano de que tanto gostamos, temos necessidades na região do Porto, numa zona tipicamente forte em termos financeiros, fazemos uma feira… As feiras são mais no sentido de extrair o melhor da marca do que propriamente de criar condições de venda.
“A criação de produto próprio não é, de maneira nenhuma, o nosso “core business”. Nós temos um operador em Espanha, o Tourmundial, que não é, nem de longe, o nosso fornecedor principal …”
Este ano criaram produto próprio. Essa é uma matriz para continuar?
A criação de produto próprio não é, de maneira nenhuma, o nosso “core business”. Nós temos um operador em Espanha, o Tourmundial, que não é, nem de longe, o nosso fornecedor principal … Há duas formas de pensar o produto próprio, uma, que é para colmatar aquilo que não existe no mercado e outra que é para garantir melhores condições do que aquelas que existem no mercado.
Neste momento, nós trabalhamos o produto próprio muitas vezes porque não existe no mercado aquilo que os nossos clientes pretendem que lhes ofereçamos, e refiro-me principalmente aos clientes mais exigentes e de um patamar diferente. Por outro lado, também não podemos deixar de pensar que a VECI é o número um em distribuição na Península Ibérica e naturalmente, garante um nível de condições e de serviços que muitas vezes nos deixa essa vontade e nos desafia a criar algo especifico para nós porque quando nós olhamos o futuro, olhamos a personalização, olhamos a ideia de oferecer ao cliente algo específico e adaptado àquilo que é a sua realidade e não podemos deitar isso fora, sabendo que temos os acordos e as condições que nos garantem essa competitividade.
A exemplo dos outros grupos ibéricos que estão em Portugal, vocês também pretendem trazer para Portugal mais marcas do grupo?
Existe essa possibilidade e queremos que seja uma realidade mas vamos analisar tudo muito bem até tomarmos a decisão. Isto vai um pouco ao encontro do produto próprio e podemos fazê-lo de duas maneiras: ou criamos o produto próprio e depois damos dimensão à marca, ou a marca vem e começamos a criar o produto, e ainda estamos a analisar este binómio.