Alentejo aplica em Espanha “40% de toda a verba de promoção externa” segundo Vítor Silva
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Numa entrevista conjunta com Vítor Silva e António Costa da Silva, respetivamente presidente e vice-presidente da Agência Regional de Promoção Turística do Alentejo (ARPTA), durante a FITUR, ficámos a conhecer a forte aposta que a região tem vindo a fazer no mercado espanhol que ocupa o primeiro lugar entre os mercados internacionais.
Qual tem sido o desenvolvimento do trabalho do Alentejo no pós pandemia em Espanha e qual é que tem sido a reação deste mercado?
Vítor Silva – Hoje o Alentejo é uma marca no mercado espanhol, quando há 20 anos não era, ou seja, hoje já ninguém vem aqui a uma feira como a FITUR explicar o que é o Alentejo. Este mercado já representa 20% dos números globais do nosso mercado externo e é o nosso primeiro mercado internacional.
O nosso objetivo não é que esta percentagem aumente mas sim que cresça o número de turistas a visitar o Alentejo, o que representava que os outros mercados também iam crescer.
Vamos fechar o ano de 2023 com um pouco mais de 200 mil dormidas do mercado espanhol, do total de pouco mais de um milhão de dormidas que a região tem do mercado externo.
No acumulado até novembro, o mercado espanhol cresceu 18,4% para o Alentejo face ao ano de 2022, e face a 2019 cresceu 15,6%. Em receitas globais crescemos 48,2% com uma subida 33,6% no RevPar da hotelaria
Mas não foi há muitos anos que fizemos uma “festa” quando passámos das 100 mil dormidas, muito rapidamente nós multiplicámos as dormidas de espanhóis.
Queria deixar claro que falo sempre em dormidas porque não é possível saber exatamente o número de turistas espanhóis que vão ao Alentejo. Os dados estatísticos do INE, não são uma amostragem a 100% porque não contam com os dados do turismo local.
Por outro lado, um turista que durma em Beja e no dia seguinte vá dormir a Évora, conta nas estatísticas como dois turistas quando se trata da mesma pessoa. De facto nós temos menos turistas e a permanência média desses turistas é maior do que a que é registada, por isso o nosso principal ponto de análise são as dormidas.
Mas há possibilidade de continuar a crescer neste mercado?
António Costa da Silva – Nós temos de conhecer ainda melhor este mercado, não temos um observatório que nos permita saber quais são as origens do turistas espanhóis nem aquilo que eles pretendem efetivamente quando chegam, tal como não conhecemos que motivos os levam a escolher a nossa região, o que seria muito importante para direcionarmos o nosso trabalho.
Por exemplo, os turistas daqui da região de Madrid procuram tudo no Alentejo? Procuram gastronomia? O que conhecem da região? São turistas que procuram o slow living?
O que se tem notado, até aqui na FITUR, é que muitos dos que nos procuram já estiveram no Alentejo e querem voltar ou programar de novo a região, o que é um fator muito importante para nós.
Portugal apresentou-se na FITUR com o maior stand de sempre nesta feira. Nota que teve mais impacto junto de quem aqui veio?
Vítor Silva – Nesta feira trabalhámos de manhã à noite, o que foi fantástico – não estou a dizer que em anos anteriores não tenha sido assim mas este ano tem sido um sucesso.
A dimensão do stand é uma maneira de mostrar nesta grande feira a importância que o turismo português tem. Se recuarmos uns bons anos, a nossa presença aqui passava despercebida porque os espanhóis quase não olhavam para o nosso produto. Disse muitas vezes a jornalistas e parceiros espanhóis que eles olhavam apenas para o outro lado dos Pirenéus, esquecendo que aqui ao lado existia um país que é, pelo menos em termos turísticos, a continuidade do território de Espanha e que tem muito para oferecer, uma oferta muito diversificada onde as pessoas que nos visitam são bem acolhidas.
A presença que Portugal teve este ano na FITUR, acabou por determinar uma afirmação cada vez mais potente em termos da sua oferta turística.
António Costa da Silva – Em relação ao nosso stand temos ainda de relevar que este ano houve a inteligência de se fazer uma melhor organização do espaço Portugal, acabando com a dispersão que havia em anos anteriores de termos pequenos espaços espalhados pela feira. Ao estar tudo no mesmo espaço conseguiu-se reforçar aquilo que é a marca Portugal. Quando tínhamos municípios e outras entidades separadas, só tínhamos a perder com isso.
O investimento da promoção do Alentejo no mercado espanhol tem crescido?
Vítor Silva – O investimento que fazemos no mercado espanhol representa 40% de toda a verba que aplicamos na promoção externa, sem contar com candidaturas a vários apoios. A contratualização que a ARTA tem com o Turismo de Portugal são 880 mil euros, sendo 40% dessa verba aplicada em Espanha.
Quando falo em candidaturas posso dar como exemplo uma que vamos ter de apresentar em breve em conjunto com a Entidade Regional de Turismo do Alentejo ao SIAC [Sistema de Incentivos Ações Coletivas], onde esta trata da promoção nas regiões fronteiriças onde tem competências e a ARTA vai fazer a promoção no resto do mercado.