Porque “a crise não chegou ao turismo” presidente da CTP prevê subida de salários acima de 5% em 2024
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O presidente da Confederação do Turismo de Portugal afirmou na terça-feira, no programa Tudo é Economia, da RTP3, que “a crise ainda não chegou ao turismo”, pelo que a falta de mão de obra continuará a “empurrar” para cima os salários no setor. Ainda assim, Francisco Calheiros, mostrou-se preocupado com os efeitos da situação geopolítica mundial na economia portuguesa.
Para Francisco Calheiros, os 600 dias de guerra na Ucrânia, o conflito que deflagrou recentemente entre Israel e o Hamas, acrescidos do “período bastante anímico” por que passam as várias economias europeias, incluindo nos países que mais turistas enviam para Portugal, como a Inglaterra a Alemanha, formam uma “tempestade perfeita”, sobretudo para o turismo. Mesmo assim, afirmou, “a crise ainda não chegou ao turismo”, seja ao nível do turismo de importação como de exportação, continuando Portugal com números recorde.
Defendendo que o nosso país tem beneficiado pelo facto de ser considerado um destino seguro, o presidente da CTP considerou, no entanto, que a inflação poderá voltar a aumentar devido ao impacto da situação na faixa de Gaza no preço do petróleo, produto de que Portugal é muito dependente.
Inquirido sobre a proposta de Orçamento do Estado para 2024, Francisco Cacheiros considerou que “não tem novidades” e é “pouco ambiciosa,” sendo “muito semelhante ao que foi o ano passado e há dois anos”. Algo que, frisou, até não seria mau se o país tivesse crescido mais do que cresceu nos últimos anos. “Nós temos que crescer mais porque estamos a afastar-nos cada vez mais da Europa”, afirmou, defendendo a existência de um “orçamento plurianual”, à imagem do acordo de médio prazo para a melhoria dos rendimentos, dos salários e da competitividade “que achámos que foi positivo na altura”
Ainda sobre o Orçamento do Estado, frisou o facto de a proposta não contemplar a baixa do IRC, ao mesmo tempo que os ganhos com o abaixamento do IRS vão acabar por serem retirados pelo aumento dos impostos indiretos, tendo colocado a tónica sobre a necessidade de uma reforma fiscal: “Não podemos ter a falta de competitividade fiscal que temos”, defendeu.
Medidas de apoio às empresas demoram a serem postas em prática
Considerando ainda tratar-se de um orçamento em que a economia e as empresas não existem, fez um paralelo com o caso do PRR (Plano de Recuperação e Resiliência) em que o turismo não foi contemplado em termos de um programa especifico para o sector – “o Estado arrebanhou o PRR”, afirmou a propósito –, tendo sido substituído por um PRT –Plano de Reativação do Turismo, com um orçamento de seis mil milhões de euros, dos quais quatro mil milhões seriam para a capitalização das empresas. No entanto, disse, “o problema é que estas medidas são anunciadas e depois demoram a sair do papel”. Tanto assim que “não sei dizer quanto deste montante foi utilizado mas foi uma verba muito pequena – muito está ainda para realizar”.
Uma das grandes preocupações que afetam as empresas do turismo, principalmente na área da hotelaria e da restauração, continua a ser a da falta de mão de obra, uma questão que aparece sempre ligada aos baixos salários pagos no setor. Sobre este tema, Francisco Calheiros considerou no entanto que os salários têm aumentado mais no turismo do que em outras áreas da economia: “O ano passado o aumento foi muito maior do que os 5% [previstos pelo Governo] porque a lei da oferta e da procura funcionou e [o turismo] foi o setor que mais subiu os salários”. O mesmo deverá acontecer, prevê o presidente da CTP, no próximo ano: “Como continua a haver falta de trabalhadores, como a procura continua boa porque a crise ainda não chegou ao turismo, é muito provável que os trabalhadores do turismo não tenham 5% de aumento mas tenham mais”.
O fim dois vistos gold e dos benefícios para residentes não habituais e as novas regras para o Alojamento Local, foram também referidos pelo presidente da Confederação do Turismo, para quem estas são “medidas que não deviam estar a acontecer”.