Jorge Rebelo de Almeida: “O Estado é o maior destruidor do património”
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No 47º Congresso da APAVT, que decorreu até domingo em Ponta Delgada sob o tema “Fazer!”, Jorge Rebelo de Almeida foi mostrar que o Grupo Vila Galé continua a ter um gosto muito especial em “fazer coisas”, particularmente em investir no interior e em recuperar património.
Com a frontalidade que lhe é característica, o presidente do Grupo Vila Galé, Jorge Rebelo de Almeida, esteve no Congresso da APAVT a apresentar os novos projectos hoteleiros da Vila Galé, com foco no hotel que abrirá portas em maio ou junho, na cidade de Ponta Delgada, mas aproveitou para pôr os pontos em alguns “is”.
Falando logo a seguir a um painel que colocou em cima da mesa a cultura, o património e o turismo, o presidente da Vila Galé destacou que a cultura não é só para os privilegiados, que cultura e património não podem ser temas fechados e têm que ser “acessíveis ao comum dos mortais”. Um tema que pegou com o que o Grupo tem feito um pouco por todo o país, quando aposta no interior e na recuperação do património.
A valorização e transformação do património “é extremamente importante para termos uma oferta diferenciada e um valor acrescentado” e para isso “há que mostrar o que é nosso, a nossa cultura, a nossa gastronomia, o nosso património”, afirmou o empresário, sublinhando ainda que “fazer coisas na cultura é muito difícil”.
Acusando o Estado de ser “o maior destruidor do património nacional”, lembrou que uma das missões em que o Grupo Vila Galé tem estado empenhado tem sido a de recuperar património que estava ao abandono e degradado, “selvaticamente tratado e vandalizado” como aconteceu com o Hospital de Braga onde está agora instalado o Vila Galé Collection Braga ou como está a acontecer no momento com o antigo hospital da Misericórdia em Ponta Delgada, onde abrirá portas uma unidade Vila Galé, provavelmente ainda no próximo mês de maio, e cujas obras agentes de viagens e imprensa tiveram a oportunidade de visitar na tarde de sábado, depois de finalizados os trabalhos do congresso. Recuperar património é também o que está a acontecer com o convento de Santa Iria junto ao rio Nabão, em Tomar, onde o grupo Vila Galé também irá abrir uma unidade hoteleira.
Reconhecendo que se trata de obras trabalhosas e difíceis, Jorge Rebelo de Almeida sublinhou, no entanto, que “o que custa muito é pegar em coisas que, muitas vezes, foi o próprio Estado que destruiu e estragou”. A propósito lembrou que a primeira obra de recuperação de património feita pelo Grupo foi a do Arraial Ferreira Neto, em Tavira, onde nasceu o Vila Galé Albacora, onde o grupo sentiu enormes dificuldades em dialogar com as entidades oficiais para que entendessem o que tinha que ser feito para converter aquele património em unidade hoteleira.
Sobre o interior, onde, como tem vindo a assumir, o grupo a que preside gosta de fazer coisas, apostando no desenvolvimento do interior, deixou uma pista de novos investimentos nestas localizações, quando declarou “se nos já andávamos pelo interior, agora vamos para o interior profundíssimo”. Para a Vila Galé, o investimento no interior vem de longe e é encarado como prioridade porque, para Jorge Rebelo de Almeida, os projectos no interior “são mais sofridos mas o interior tem futuro”, além de darem “um prazer imenso”.
“O nosso futuro colectivo passa muito por termos a capacidade de desenvolver o interior e passa também por termos a habilidade de não sobrecarregarmos demais as cidades, não proibindo a entrada de turistas mas encaminhando os turistas para o que nos interessa”, afirmou, declarando que têm que ser criadas novas centralidades dentro das próprias cidades. Isto porque, acrescentou, “mesmo em termos de património nós não temos que mostrar só a Torre de Belém, temos que mostrar muito mais coisas”. Uma dessas coias, recordou, deveria ser a Feira Popular que prometia ser geradora de uma nova centralidade mas “nunca mais se ouviu falar de tal coisa”. Como também deveria acontecer com um parque temático dos Descobrimentos, que não existe.
Afinal, o turismo não estava morto
Jorge Rebelo de Almeida referiu-se ainda à forma como estava a decorrer o 47º Congresso da APAVT que, no momento em que falou, estava já perto do final, para afirmar que dele “sai uma mensagem muito positiva para este ano maravilhoso que todos nós tivemos, sobretudo trabalhando todos nós num setor que já foi dado como morto e sobre o qual se dizia que era um setor deslumbrado, que tinha crescido demais, que até já prejudicava o país, mas depois, de repente, chegaram à conclusão que o nosso setor teve uma recuperação muito mais rápida do que todos esperávamos, incluindo eu”,
“Foi um prazer ver que este setor está forte, que está muito mais profissional”, juntou Jorge Rebelo de Almeida, que aproveitou também para deixar uma palavra de agradecimento aos agentes de viagens: “nós não existiríamos se não fossem vocês”, afirmou.