Zanzibar “descascado” por Fernando Bandrés: Um ano depois conheça as diferenças da programação em 2024
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Zanzibar volta a ser este ano uma das apostas da Sonhando e o sucesso de 2023 ditou mesmo a extensão da operação que conta este não com mais três partidas. Em conversa com o Turisver, Fernando Bandrés, diretor comercial do operador turístico fala das alterações introduzidas na programação e deixa algumas “dicas” aos agentes de viagens para melhor venderem o destino.
No primeiro ano em que um destino é programado, como foi o caso de Zanzibar o ano passado, não se poderá dizer que toda a equipa o conheça bem mas no segundo ano já haverá um maior conhecimento e uma maior maturidade da equipa que trabalha o destino no operador para o vender aos agentes de viagens. É assim que acontece?
É verdade que aprendemos todos com a experiência. Com Zanzibar, o que aprendemos o ano passado e que este ano gostaríamos de fazer de forma diferente tem principalmente a ver com o reforço de algumas mensagens. Nós fizemos uma visita de inspeção antes de lançarmos o destino, em que visitámos os hotéis e fizemos a contratação e este ano temos a vantagem de sabermos o que é que correu menos bem o ano passado e tentar retificar.
Em relação à hotelaria, e devido à dificuldade que há em obter quartos durante a época alta no destino, temos feito um reforço ao nível da contratação. A oferta hoteleira que temos é bastante superior em número de estabelecimentos, diria que praticamente duplicámos o número de hotéis com que vamos trabalhar. Continuamos, sobretudo, a ter o apoio dos hotéis RIU porque o ano passado cerca de 60% das vendas do destino foram para os hotéis desta cadeia e penso que esta tendência pode manter-se este ano mas mesmo assim reforçámos também a oferta ao nível de outros estabelecimentos hoteleiros para podermos complementar um pouco mais a oferta.
Tivemos muita sorte com o facto de os voos serem noturnos, o que foi uma boa aposta porque permite ao cliente, tanto na ida como no regresso, aproveitar a totalidade do primeiro e do último dia da semana, acabando por serem pacotes de oito dias úteis, 100% aproveitáveis no destino e por isso vamos manter os voos noturnos.
Estamos muito satisfeitos com a ocupação dos voos. O ano passado isso era uma incógnita mas este ano já temos maior confiança e penso que o mercado vai sentir isso mesmo na operação. Essa confiança levou-nos a antecipar uma semana o início da rotação e adiamos o seu final em duas semanas, ou seja, a operação deste ano tem uma duração acrescida em três semanas.
Se tivesse que destacar algumas mensagens para o trade, pelo feedback que tivemos dos clientes, a primeira teria a ver com as marés. Penso que há que reforçar junto dos clientes a mensagem de que o impacto das marés no destino é muito acentuado e o cliente tem que ter isso muito presente quando se prepara para este tipo de viagem.
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Tive a oportunidade de visitar os hotéis da RIU que, teoricamente, ficam na parte da ilha em que o impacto das marés é menor (a parte norte) e mesmo lá há determinadas alturas do dia em que a praia acaba por praticamente desaparecer e o cliente tem que ser informado para depois não haver surpresas.
Em Zanzibar os clientes não devem de ficar apenas no hotel, devem conhecer a ilha porque vale a pena e é seguro
Uma das vantagens que a parte norte da ilha é o facto de ser a única zona onde se pode apreciar o nascer e o pôr do sol…
É verdade, os hotéis ficam numa parte da ilha que forma uma pequenina península que permite ter vista para o nascer e para o pôr do sol, nos outros pontos ou se vê um ou se vê outro.
Também é importante passar a mensagem de que Zanzibar pode de facto ser um destino de praia, tem aliás algumas das praias consideradas como as melhores do mundo, mas o cliente que vai para Zanzibar não deve ficar só por aí. É um destino em que o cliente tem que perder o medo de sair do hotel e partir à descoberta, das praias, da cidade e da população, porque é um destino seguro e esse feedback foi-nos dado pelos clientes. É muito fácil alugar um táxi e percorrer a ilha.
O ano passado cerca de 85% dos clientes compraram a excursão que combina com a visita a uma quinta de especiarias que é uma das atrações da ilha, com a visita à capital, Stone Town. Nós oferecemos a possibilidade de o agente de viagens contratar esta excursão desde a origem, o que permite aumentar o ticket médio de venda e ter um bocadinho mais de comissão, e penso que deveriam propor esta opção aos seus clientes porque mesmo que o não façam a maioria irá comprar no destino.
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É igualmente importante reforçar a mensagem sobre os ouriços de mar, uma questão que nos tem provocado algumas incidências ao nível de saúde, com clientes a serem picados por ouriços, em particular na maré baixa. Apesar de não se tratar de uma questão relevante em termos de saúde, é muito aborrecido porque a picada é muito dolorosa.
Por experiência própria diria que se alguém for picado não se deve importar em perder duas ou três horas para ativar o seguro e ir ao médico tirar os espinhos porque não o fazendo logo será muito mais complicado.
Estas seriam as mensagens que gostaria de transmitir ao trade em função do que aprendemos o ano passado.
Quando diz que os turistas deviam perder o medo de sair para partirem à descoberta do destino, isso implica o aluguer de uma viatura?
Não necessariamente. Além das excursões que organizamos, pode sempre apanhar-se um táxi – ou um táxi normal, sempre negociando as tarifas, ou mesmo os transportes locais para as pessoas com espírito mais aventureiro. Para quem pretende fazer um dia de praia noutro lado da ilha, alugar um táxi fica mais barato que uma excursão até porque para isso não precisa de guia. E o que surpreende é que as praias são todas muito diferentes, pelo que o cliente não deverá ficar confinado à praia do seu hotel. As praias do norte não têm nada a ver com as do sul, nem a nível do vento nem do areal e é muito engraçado fazer essa descoberta.
Havia uma ideia inicial de que o custo de vida em Zanzibar não era muito elevado, por exemplo, para quem quisesse comer fora mas pela experiência da operação parece que não é tanto assim?
A impressão com que fiquei é que há opções para todo o tipo de bolsas, efectivamente há restaurantes de nível elevado em que os preços acabam por ser muito similares aos de qualquer grande capital europeia mas há outras opções que podem ser suportadas por outro tipo de carteiras e que passam, por exemplo, por uma comida acordada com pescadores na praia – saem para pescar um peixe que depois assam para nós – o que tem um custo muito simpático, ou comer em bancas nos mercados de rua em Stone Town, o que é também uma experiência muito agradável.
Aliás, como no último dia o voo é à noite e o cliente tem que deixar o quarto ao meio dia, apesar de muitos hotéis terem colaborado connosco dando late checkout, recomendo que o cliente contrate um transfere e vá para a capital onde pode ter um day use para poder tomar um banho antes de ir para o aeroporto que fica a cerca de 40 minutos, e jante no mercado de rua, até porque a cidade à noite ganha uma vida diferente.
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Uma das questões que se coloca tem a ver com as famílias com crianças. Muitos pensarão que ir para um destino de África será um risco…
Eu vi bastantes crianças e não só portuguesas, porque o ano passado tivemos muitas famílias com crianças, algumas bastante pequenas. A nível de segurança não há que temer porque é um destino bastante seguro, as praias são seguras, têm poucas ondas, a população local é tranquila e a nível sanitário as clínicas e hospitais privados têm uma assistência bastante razoável.
O ano passado, quando fiz a apresentação do destino, disse para os clientes levarem os seus medicamentos porque alguns poderiam ser complicados de adquirir e o facto é que não houve qualquer má experiência a este nível. Penso que o cliente pode ir relativamente tranquilo embora seja necessário levar algum tipo de seguro, por exemplo, contratar o seguro Premium que nós apresentamos em que as coberturas são mais amplas.
“Aproveitem para vender excursões e assim aumentar o preço médio, deixem claro o impacto das marés, façam as reservas com antecedência aproveitando as campanhas de vendas antecipadas, porque apesar de termos garantias com alguns hotéis o destino é muito procurado…”
Quanto aos hotéis, quando se fala num RIU o cliente já sabe o que esperar mas os hotéis locais são desconhecidos e levantam dúvidas. Há muitas diferenças?
Depende do hotel local, há alguns que têm muitas diferenças mas há outros onde a qualidade de serviço, da alimentação e das instalações é muito similar a uma cadeia internacional, como a Riu ou a Meliá.
Uma questão muito importante é que a gastronomia em Zanzibar é muito rica, é uma fusão entre comida africana, indiana e europeia e isso nota-se muito nos buffets dos hotéis. Há sempre muitas alternativas e o cliente acaba sempre por encontrar a sua comida de conforto. Obviamente também há a possibilidade de experimentar muitos sabores novos, o que é um ‘plus’ na viagem.
As únicas reclamações que tivemos o ano passado não tiveram a ver com as instalações nem com o serviço mas sim do impacto que as marés têm nas praias, por falta de informação. Se este ano conseguirmos que o agente de viagens explique bem ao cliente esta situação, não haverá problemas porque Zanzibar é um destino onde a questão da qualidade não se coloca, ao contrário de outros destinos africanos. Zanzibar já trabalha há muitos anos com o turismo internacional, especialmente mercados muito exigentes ao nível da qualidade como o alemão, o britânico, o italiano e está muito habituado a trabalhar com os mercados europeus.
Relativamente ao avião, é o mesmo do ano passado?
A companhia é a mesma, a Hifly, mas sobre o avião ainda não temos informação, porque a companhia tem vários aparelhos de longo curso. Será um avião com classe executiva, como o ano passado, e terá a mesma qualidade que teve o que foi utilizado o ano passado, seja em termos do próprio aparelho como do atendimento.
As partidas são de Lisboa?
São de Lisboa, como o ano passado, com a operação a decorrer de 21 de julho a 15 de setembro.
Em relação às opcionais, falou naquela que foi a principal escolha dos portugueses, a visita a StoneTown mas não referiu se houve muitos clientes a fazerem o safari?
Houve muitos, sim e foi uma grande surpresa para mim, até porque não é uma opcional barata, fica no mínimo em torno dos 300€ por pessoa porque é de dia inteiro e inclui um voo para o continente da Tanzânia – mas é uma experiencia única que permite ver os “big five” e uma grande diversidade de fauna. Penso que 30% a 40% dos clientes acabaram por fazer algum tipo de safari. Nós vendíamos dois, um com uma tarifa superior e outra um pouco mais em conta.
Há mais alguma mensagem que queira passar aos agentes de viagens?
O principal já disse: aproveitem para vender excursões e assim aumentar o preço médio, deixem claro o impacto das marés, façam as reservas com antecedência, aproveitando as campanhas de vendas antecipadas, porque apesar de termos garantias com alguns hotéis o destino é muito procurado, principalmente nos meses em que temos operação, e também porque o ano passado não fizemos muitas promoções uma vez que a ocupação foi muito alta, à exceção a última partida de agosto em que ficámos com alguns lugares vagos.
Os preços aumentaram muito face ao ano passado?
Não, tanto na hotelaria como no aéreo não houve aumentos significativos.