O México tem tentado adequar o preço aos destinos concorrentes nas Caraíbas, considera Nuno Tomaz
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Nuno Tomaz, diretor comercial do Grupo GEA Portugal, foi um dos convidados da Ávoris para a inauguração da operação charter do Porto para Cancun, no México. O Turisver, que também participou na viagem, aproveitou para falar com este profissional para saber das suas impressões sobre o destino, a nova hotelaria e as opcionais à disposição dos turistas portugueses.
Sei que esta é a quarta vez que está no México e que a última terá sido há uns seis anos. Nota diferenças substanciais?
Notei mais diferenças entre as duas primeiras vezes e as seguintes porque no início tudo isto vivia muito da natureza, havia muita selva tropical e depois essa natureza começou a desaparecer e o destino começou a massificar-se, diria mesmo que demasiadamente. Enquanto foi só Cancun e um ou outro hotel na Riviera Maya, como o Bahia Principe ou o Catalónia, que foram dois dos primeiros hotéis, o destino era bastante mais sustentável. É evidente que se as coisas forem feitas com um ordenamento do território adequado, poderá continuar a haver alguma sustentabilidade, mas é evidente que o destino está muito diferente do que era há uns anos, a oferta hoteleira cresceu imenso em poucos anos.
A hotelaria, de alguma forma, tem conseguido recuperar os seus imóveis que têm já mais alguns anos?
Daqueles que vêm dos tempos em que a oferta começou a desenvolver-se na Riviera Maya e que visitámos agora, lembro-me do Barceló e do Grand Palladium Kantenah que realmente integravam essa primeira leva de hotéis e reparo que tem havido alguma movimentação por parte dos hoteleiros no que se refere à renovação dessas unidades, o que é bastante bom porque este é um clima demasiado erosivo para os edifício e áreas ao ar livre. No entanto, naquilo que se refere à filosofia que rege as unidades hoteleiras, os hoteleiros mantêm-se ainda fieis a práticas mais antigas, mais conservadoras. Ainda assim, acompanham essa filosofia mais conservadora com outra mais moderna, como é o caso das unidades do grupo Barceló, onde existe um misto, ou seja, uma parte com padrões mais antigos e uma área mais moderna que foi aquela onde ficámos alojados.
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Pela sua experiência e pelo conhecimento que têm dos mais variados destinos, como pensa que reage um turista português ao chegar a Cancun ou à Riviera Maya e encarar este tipo de unidades hoteleiras?
Aqui conseguem adaptar cada unidade hoteleira aos mercados que querem captar. Nós temos clientes de altíssimo nível que vão buscar um Azulik, que é um hotel pouco falado e ‘fora da caixa’ ou, dentro dos hotéis que visitamos, o Secrets Moxché. Agora, resta saber como é que vão manter as taxas de ocupação lá em cima porque todos conhecemos aquela máxima que dia que “quarto que não é vendido hoje, nunca mais será vendido”. Noto, no entanto, que tem havido um esforço por parte das autoridades, por que o turismo é essencial para este país, em acompanhar o crescimento da hotelaria com boas infraestruturas.
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Tivemos em vários pontos de praia, terminámos na Playa Mujeres. De alguma forma surpreendeu-o facto de haver pouco sargaço, o tipo de limpeza que é feito?
Eu conheci o antes do sargaço e o pós-sargaço quando ainda não havia um tratamento sustentável da orla marítima, quando a barreira de coral estava aberta a todos. O sargaço é uma questão natural e até estão a fazer um acompanhamento da situação de uma forma muito interessante, com a limpeza quase constante do sargaço, mas é um desafio diário e de todas as horas.
“Gosto das Caraíbas e gosto do México. São destinos que têm muito a ver connosco, as pessoas são hospitaleiras tal como são os portugueses, são prestáveis, tentam fazer com os que os outros se sintam bem e essa forma de estar que tem muito a ver com os portugueses, acaba de por ser um atrativo”
Fizemos algumas opcionais. Entre as que estão disponíveis quais aconselharia aos turistas portugueses? O que é que é mesmo obrigatório fazer?
O México é riquíssimo. Toda a orla que vai até às Honduras, pela herança Maia permite uma infinidade de excursões opcionais. Aqui no México, conheço bastante bem as opcionais que estão disponíveis e penso que é perfeitamente imperdível visitar o parque Xcaret, em Cancun, um parque ecológico e arqueológico, que mistura a herança Maia com as tradições de cada estado do país, além de ali se encontrar fauna da região e de ter praia, ou seja, é um estrutura muito bem integrada e muito bem concebida.
Eu acompanhei mesmo o primeiro espetáculo que ali montaram e que era algo rudimentar, que era a apresentação do jogo da ‘pelota’ e havia uma grande inteiração entre o público e os jogadores, mas isto foi em 1999. Agora, com o aumento exponencial do número de turistas, tiveram que conceber um mega anfiteatro, onde se realizam os shows, que mesmo assim são bastante interessantes.
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E a excursão a Chichén Itzá, é obrigatória?
Sem dúvida que é porque se trata do grande marco dos Maias nesta região, embora existam outros mais pequenos como o Cobá, o Ek Balam, Tulum…, mas Chichén Itzá é, realmente, a grande capital dos Maias e, em minha opinião, é imperdível pela riqueza que aquele povo tinha e do que trouxe para a nossa civilização. Falamos de um povo que, não conhecendo a roda, num ambiente completamente inóspito e difícil, conseguiu conceber estruturas com uma precisão matemática única e com um calendário mais perfeito e acertado que o nosso.
Em termos de oferta, nas agências de viagens, o Caribe concorre entre si, ou seja, a República Dominicana concorre com o México, com Cuba… Para onde é que o mercado português está a pender neste momento?
A República Dominicana é o destino nº 1. É um destino muito apetecível pela praia, e o português é um turista de praia. Por outro lado, há o fator preço, que tem que ser levado em linha de conta e de facto eles têm uma oferta hoteleira muito boa e oferecem um preço se que adequa muito bem ao bolso dos portugueses.
Já o México começou desde logo por ser um país mais caro, tem vindo a adequar-se aos diferentes mercados e à própria concorrência que lhe fazem os destinos mais próximos, como a República Dominicana, também Cuba e mesmo a Jamaica. De certa forma, o México tem conseguido aproximar-se um bocadinho dos níveis de procura da República Dominicana e tem coisas que a República Dominicana não tem, como é o caso da enorme oferta cultural.
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Caraíbas, e mais especificamente o México, são destinos de que gosta?
Gosto. Gosto das Caraíbas e gosto do México. São destinos que têm muito a ver connosco, as pessoas são hospitaleiras tal como são os portugueses, são prestáveis, tentam fazer com os que os outros se sintam bem e essa forma de estar que tem muito a ver com os portugueses, acaba de por ser um atrativo.
Como é que vai passar estas mensagens para uma rede tão vasta como é a da GEA?
Nós tentamos passar à rede as mensagens das viagens que fazemos de uma forma muito pessoal, tentamos não passar uma imagem normalizada ou uniformizada para todo o mercado porque o entendimento que cada profissional vai ter de uma mensagem passada por uma pessoa que esteve aqui pode não ser o mesmo de pessoa para pessoa, ou seja, é muito subjetivo.
Por isso, o melhor é que quando um profissional sabe que um colega da nossa organização esteve em determinado destino, o questione diretamente sobre as impressões que teve e a partir daí vão eles próprios fazer a sua interpretação e adequá-la à comunicação com o seu cliente.
Uma das principais formas de comunicar este destino e que utilizamos desde sempre, não apenas nas viagens de familiarização como esta como também nas viagens pessoais, é veicular imagens porque uma imagem vale mais do que mil palavras. Recordo-me, por exemplo, que numa viagem que fiz à Filipinas, que é um destino pouco conhecido dos portugueses, as imagens que coloquei a disposição de toda a gente foram o ponte de partida para muitas das vendas que se fizeram. Isto sem que tivesse havido uma comunicação verbal ou escrita sobre o destino em si.