Zanzibar: Das praias de águas turquesa ao caleidoscópico de heranças culturais de que fala Stone Town
Há quem lhe chame ilha da felicidade, pela despreocupação do seu povo, outros dizem que é a ilha das especiarias mas Zanzibar é muito mais. Ilha da Tanzânia, Zanzibar é destino de praias idílicas, de um mar turquesa cristalino de uma beleza rara onde habitam algumas das formas de vida marinha mais diversas do mundo, como só o oceano Índico oferece. Numa ilha em que a natureza é rainha e não faltam os seus santuários, o odor a especiarias fala alto e a elas se deve parte da sua herança cultural e histórica. E, claro, há as pessoas e a sua forma de vida.
Em Zanzibar vive-se sem pressa, com vagar para apreciar a vida, para desfrutar de tudo o que a ilha oferece, e essa filosofia de vida é expressa no termo suaíli “pole, pole” que significa devagar, com calma. O stress não entra em Zanzibar e é com calma que se deve ir para a ilha, para melhor desfrutar de tudo o que ela tem para oferecer a quem a visita. Uma ideia que se reforça com a expressão, também suaíli, “hakuna matata” (lembram-se de O Rei Leão”?), que serve para muitas coisas, já que além de significar “não há problema”, também serve de saudação.
A ilha é um caleidoscópio de heranças culturais, pelos muitos povos que por lá passaram e viveram, alguns em busca das especiarias, no tempo em que estas eram “ouro”. E até os portugueses a tiveram durante dois séculos como protetorado.
Reza a História que Vasco da Gama foi o primeiro europeu a chegar a Zanzibar durante a sua primeira viagem marítima à Índia, em 1499, mas hoje, europeus e não só, não faltam em Zanzibar, por via dos turistas que a procuram. Hoje, não vão pelas especiarias, vão pelas praias que são o atrativo principal, mas também pela cultura.
Em pleno oceano Índico, onde as águas são famosas pela sua limpidez, pelas tonalidades turquesa, e pela temperatura cálida, não é de estranhar que as praias sejam o atractivo número um – e são muitas, todas diferentes mas de uma beleza imperdível. Por isso, se for de férias a Zanzibar, não hesite, saia do resort e vá conhecer outras praias.
As praias e as marés
Não perca Kiwengwa Beach, uma das praias onde se pode apreciar o melhor pôr do sol da ilha; Nungwi e Kendwa, duas das mais deslumbrantes praias do norte da ilha; Page Beach, com vários quilómetros de areia branca e Jambiani, no sudeste, uma zona mais ventosa e por isso muito procurada por turistas amantes do kite surf. Isto sem esquecer Pingwe Beach, na costa leste, a 54Km da capital da ilha. A praia, de areias douradas, oferece uma experiência íntima de comunhão com a natureza, pela vegetação que a rodeia e a proximidade de recifes de corais, que convidam a mergulhos.
Uma das atrações que mais turistas leva a Pingwe Beach é, no entanto o restaurante The Rock. Localizado no cimo de uma enorme rocha, o restaurante é acessível a pé, na maré baixa, e apenas de barco, na maré alta. Com sorte, se a maré permitir, pode entrar de uma forma e sair de outras e viverá a experiência completa.
Este é, aliás, um fator importante a ter em conta em Zanzibar: as marés, que em alguns locais fazem o mar recuar até cerca de quatro quilómetros, chegando a haver uma diferença de 2 metros em relação à altura da água. Ou seja, em algumas praias, tomar banho na maré baixa pode implicar uma longa caminhada por cima de rochas ou corais, quando a maré está baixa.
Se isso acontecer durante a sua estada em Zanzibar, não se esqueça: “pole, pole”. Sem stress, “roube” esses dias à praia e vá até à capital, ou faça um passeio pelas fazendas de especiarias.
Para além da praia
Visita obrigatória é a cidade antiga, que os locais denominam Stone Town (Cidade da Pedra), nome que lhe adem da rocha coral em que está construída. Património Mundial da Humanidade da UNESCO, Stone Town evidencia o caleidoscópio de heranças culturais sobre as quais está construída a ilha de Zanzibar.
Um passeio a pé pela parte antiga da cidade permite mergulhar na história vibrante da ilha. As ruas estreitas e vielas sinuosas são ladeadas por edifícios que testemunham a fusão de influências africanas, árabes, indianas e europeias. Uma das características diferenciadoras reside nas portas dos edifícios, muitas delas mais antigas que os próprios imóveis que entretanto foram reconstruídos, mantendo as portas seculares.
O périplo pela cidade pode começar na House of Wonders, um palácio construído no final do século XIX e foi sede do Sultanato de Zanzibar, e que hoje alberga um museu.
Imprescindível é visitar o Old Fort (Forte Antigo), a primeira estrutura construída pelos portugueses no século XVI, que serviu não só como forte mas também como prisão e mercado de escravos e que é atualmente um centro de artes cénicas e exposições culturais.
Os Jardins Forodhani, um parque público ao longo da orla, é outro destaque, principalmente pelo mercado noturno de alimentos, onde se podem experimentar frutos do mar e pratos tradicionais suaílis. Aliás, os mercados de rua são de visita obrigatória, pelo colorido, pelos aromas, pelo contacto que permitem com a população local.
O que também não pode ser esquecido são as especiarias. No século XVIII Zanzibar foi o maior produtor de cravinho do mundo mas entre as especiarias que ali se cultivam está o açafrão, o gengibre, a baunilha, a noz-moscada… A ilha tem mesmo uma Rota das Especiarias que permite visitar quintas especializadas no cultivo destes produtos e em que se pode aprender muito sobre a sua botânica.
Mas em plena Cidade da Pedra há um atrativo a que nenhum turista fica indiferente: a casa onde nasceu, a 5 de setembro de 1946, e onde viveu os seus primeiros anos de juventude, um nome incontornável da história do rock, uma das suas vozes mais características e quase uma lenda, de seu nome Farrokh Bulsara, que o mundo conhece como… Freddy Mercury. A casa onde viveu pode hoje ser visitada e é praticamente um museu.
A não perder é também a visita à ilha de Changuu, a cerca de 30 minutos de barco partindo da capital. Conhecida como Prision Island, um dos seus grandes atrativos são as tartarugas gigantes de Aldabra, provenientes das Seychelles.
Experiência memorável é, também, o passeio de dhow pequena embarcação tradicional) ao pôr-do-sol e, para os apreciadores da vida selvagem, é indicado uma ida à floresta de Jozani, sem os big five, mas com lémures, antílopes, pequenos macacos, entre muitas outras espécies.