XIX Congresso da ADHP: Resolver o problema da mão de obra “compete a todos nós”

Na abertura do XIX Congresso da ADHP, o presidente da Câmara de Albufeira, José Carlos Rolo, referiu-se ao problema da falta de mão de obra no setor para afirmar que ele deve ser resolvido por todos, de forma individual e coletiva. O desafio dos recursos humanos e os profissionais do setor foram, aliás, temas, abordados por todos os intervenientes nesta sessão.
O presidente da Câmara de Albufeira, José Carlos Rolo, começou por saudar a escolha do tema do XIX Congresso da ADHP que “não podia ser mais atual” já que se trata de “gerir o futuro na incerteza” e é isso que acontece na atualidade, dada a sucessão de crises que tem sido vivida nos últimos anos.
Sobre a escassez de recursos humanos no turismo, o autarca disse que “ o que estamos a discutir hoje, com a falta de mão de obra, a falta de habitação para os trabalhadores dos equipamentos hoteleiros e de turismo, é um assunto que já discutíamos o ano passado e, muito provavelmente, iremos continuar a discutir no futuro” porque “não se sabe quando haverá resolução, não foram dados passos praticamente nenhuns para resolver o problema”, lamentou.
Considerou, a propósito, que “não podemos distrair-nos porque apesar de Portugal ser um sítio maravilhoso para fazer turismo (…) temos que ser ativos e não pensar que está tudo bem”. Por isso exortou o Governo e todas as entidades governamentais, bem como os players do sector privado, para resolverem este problema da falta de mão-de-obra. “Compete a todos nós, de uma forma individual, mas também colectiva” a resolução deste problema, afirmou, acrescentando que “para o próximo ano não queremos ter os mesmos problemas que já foram detetados várias vezes mas que não foram resolvidos”.
Num mundo de incertezas, José Carlos Rolo disse haver uma certeza: a de que “as reservas estão a evoluir positivamente para o Verão que se aproxima”.
Reservas para a Páscoa acima de 2019
Numa mensagem gravada em vídeo, o presidente da Confederação do Turismo de Portugal, começou também por elogiar o tema escolhido para o XIX Congresso da ADHP “Gerir na incerteza” porque “este é o ponto em que estamos neste momento, todos temos atualmente na nossa agenda a preocupação em como deve ser feita a gestão no dia-a-dia das empresas turísticas, tendo em conta a incerteza em que ainda vivemos”.
Incertezas que, sublinhou Francisco Calheiros, advêm da guerra na Ucrânia, da inflação que “persiste em estar demasiado alta”, da subida das taxas de juros, do aumento dos custos operacionais, da falta de mão de obra e, nos últimos tempos, também da instabilidade do sector bancário.
Pese embora todos estes fatores, afirmou, “2022 foi o ano do sorriso para o turismo”, com as dormidas a ultrapassarem os valores de 2019 e as receitas turistas a baterem recordes. Por isso, afirmou, não será fácil ultrapassar este ano os indicadores de 2022 “mas se tivermos um 2023 igual a 2022, já será um bom ano e já nos deixará a sorrir”.
As reservas para a Páscoa são, por si, um motivo para sorrir pois “serão previsivelmente acima de 2019, sendo que já há indicação de vários hotéis quase esgotados”, o que “é um bom sinal para os diretores de hotéis” que sempre têm por objetivo ter mais turistas.
Mas para atrair mais turistas é imprescindível que Portugal tenha recursos e infraestruturas para os acolher e que estes correspondam às suas expectativas, seja em termos do alojamento seja em termos do serviço mas acima de tudo, afirmou, é preciso que os turistas consigam chegar a Portugal para o que, sublinhou, é necessário termos “infraestruturas aeroportuárias capazes de servir os turistas”.
Francisco Calheiros chegava assim ao tema de que tanto tem falado: a urgência de ter um novo aeroporto para Lisboa. E, também uma vez mais, instou o governo a decidir-se: “Meus senhores, decidam-se!”, reclamou.
Profissionais fazem a diferença
Por seu turno, o presidente da Região de Turismo do Algarve, João Fernandes, salientou os desafios pelos quais passou o turismo em geral e em particular a região algarvia desde que tomou posse, em 2018.
João Fernandes enumerou a falência de várias companhias aéreas logo nesse ano, as quais era responsáveis por fazer chegar à região cerca de 10% dos seus turistas estrangeiros; os incêndios em Monchique, a greve dos transportadores de mercadorias, a falência do operador turístico Thomas Cook e o Brexit, a que se seguiu a pandemia e a guerra na Ucrânia.
Porque a tudo isto o turismo resistiu, João Fernandes considerou que “por alguma coisa este setor tem sempre a capacidade de se reinventar, a flexibilidade de gerir a oportunidade do momento ultrapassando as dificuldades, e são muitas, a cada virar de esquina”. O segredo, na sua opinião, está nos próprios profissionais do setor, uma vez que o turismo “tem profissionais qualificados, tem profissionais dedicados, tem profissionais competentes” e são eles que fazem a diferença e que fazem o setor andar para a frente.
O Turisver acompanha o congresso no NAU Salgados Palace, a convite da ADHP