Voos charter à partida do Porto têm tido grande procura, revelou Adriano Portugal
Com os resultados a superarem expectativas, a rede Mercado das Viagens deverá chegar aos 11 milhões de euros de faturação, adiantou ao Turisver o seu diretor-geral, Adriano Portugal. Na conversa que mantivemos falámos também do que mais se está a vender a norte e das operações charter à partida do Porto, entre outros temas.
Como é que estão a correr as vendas de verão no Mercado das Viagens?
Poderia dizer que surpreendentemente estão a correr muito bem mas não é assim tão surpreendente porque todos os indicadores de que dispúnhamos iam no sentido de haver um aumento de vendas muito significativo porque as pessoas, durante os dois anos de pandemia não puderam viajar e agora estão ávidas de o fazer e, por outro lado, durante aqueles dois anos amealharam e, portanto, quando houvesse condições para o fazerem iria haver uma grande procura ao nível das viagens de lazer, que é o que está a acontecer?
Esse aumento corresponde à perspetiva que tinham traçado?
Nós sabíamos que iria ser um ano bom, era essa a ideia que já havia em finais de fevereiro, mas está a superar as expectativas, tanto assim que estamos com valores superiores aos de 2019. Tínhamos a noção que iria haver um bom aumento de vendas, que 2022 iria ser um bom ano mas neste momento, os resultados estão mesmo a superar as expectativas.
Que destinos é que estão a ser mais procurados?
Houve uma tendência inicial que foram as Caraíbas, fruto até dos preços baixos praticados por alguns operadores que estão no mercado. Fora isso, há uma grande procura pelo Senegal, que é um destino novo no mercado em termos de operação charter e tem preços que são, de alguma forma, apetecíveis.
Curiosamente, não tem havido muita procura pelas ilhas espanholas nem pelo Algarve – o norte procurava muito o Algarve e, estranhamente, este ano isso não tem acontecido apesar de termos vindo a fazer campanhas de aproximação ao destino.
Isso terá a ver com o aumento de preços do destino?
Estou convencido que sim mas também penso que tem a ver com a agressividade da hotelaria neste momento, no que toca às reservas diretas nas suas páginas na net. Este assunto é sempre muito delicado mas a verdade é que a hotelaria está muito agressiva na forma como aborda o cliente e obviamente que as agências de viagens foram, mais uma vez, relegadas. Voltamos à mesma história que é a de que, quando o ano é mau para a hotelaria todos se lembram das agências de viagens, quando é bom passam-nas para trás.
Já com a Madeira e o Porto Santo isso não acontece?
De facto não acontece, felizmente. Temos registado alguma procura para o Porto Santo mas não tem sido a procura que registámos no passado, pelo menos no nosso grupo. Relativamente às ilhas portuguesas, temos vindo a consolidar as nossas vendas de uma forma tranquila.
O facto de cada vez mais haver operações charter à saída do Porto, tem sido uma vantagem?
Essa era uma ambição que já se tinha há muito tempo e agora, se calhar por uma questão de logística e para fugir um pouco a tudo o que se está a passar no Aeroporto de Lisboa, isso veio agora a acontecer. O mercado está a corresponder, tem havido uma grande procura por esses voos e não se trata de uma questão de bairrismo porque as pessoas do norte já estavam habituadas a ir sempre a Lisboa apanhar os voos. Nesta altura, as partidas do Porto têm sido uma agradável surpresa para o cliente porque não tendo que ir a Lisboa, as viagens tornam-se mais cómodas e com menos custos. É uma aposta que os operadores estão a fazer este ano e é uma boa alternativa à situação do aeroporto de Lisboa.
Todos sabemos que o aeroporto de Lisboa está saturado, que esse é uma situação que tem que ser resolvida mas nesta fase, as partidas do Porto podem ser uma boa solução e uma solução mais rápida para os operadores.
“Queremos crescer mas com sustentabilidade e com critérios muito bem definidos”
Como é que se deu a integração das novas agências na rede?
Nós fizemos duas aberturas, uma das agências, concretamente a de Vila Verde, em Braga, foi uma reabertura e a nova agência que entrou agora em junho, foi a de São João da Madeira e esta está ainda a fazer o seu percurso com muito trabalho ainda pela frente. Surpreendentemente, as agências que estavam com mais dificuldade de apresentar resultados, estão a fazer um excelente trabalho, mesmo as do interior, com excelentes resultados. Calculamos que este ano possamos chegar, na globalidade dos 17 balcões da rede, a uma faturação de 11 milhões de euros – falo em 17 porque o 18º abriu há pouco e perdeu o verão. Consideramos que são números bastante positivos, comparativamente a 2019 quando tínhamos mais agências no grupo.
Estão a prever a entrada de mais agências?
Como já tenho dito várias vezes, não nos interessa abrir agências só por abrir. Estamos numa fase em que tanto podem sair como podem entrar agências. O que pretendemos neste momento é que quem entre traga mais-valias ao grupo, se for só para fazer número não nos interessa. Temos locais identificados para a abertura de novas agências, que poderão ser próprias ou de franchisados, e temos também tido alguns contactos com potenciais interessados mas têm que ter um elemento na equipa ligado ao turismo – não pode ser alguém de fora que ache que percebe de turismo. Esta é uma regra que impusemos e que queremos cumprir. Ou seja, queremos crescer mas com sustentabilidade e com critérios muito bem definidos.
Qual é a vossa estratégia para o inverno?
Estamos a apostar muito em programação de grupos de incentivos, obviamente que o mercado de corporate não será para todos os balcões do grupo mas apenas para alguns que já estão identificados. Estamos a apostar na construção de itinerários e grupos dentro da própria rede, que possa ser uma forma de alimentar o inverno em algumas agências.
Temos estado em feiras direcionadas para este segmento de mercado, temos conhecido muito produto novo que pode ser uma mais valia para o próprio grupo e temos tido alguns contactos com algumas companhias aéreas.
Acima de tudo, a nossa estratégia vai passar por uma grande aposta na formação, mas não exatamente naquelas ações tradicionais em que os operadores apresentam a sua programação, apesar de isso também fazer sentido. Refiro-me mais especificamente a formações muito técnicas, como já fizemos no início da primavera. Penso que isso é muito importante para o grupo porque há que apetrechar os balcões com conhecimento e o inverno é uma boa época para o fazer, dado que as agências estão menos assoberbadas com o trabalho.