Vontade de fazer viagens de longo curso para a Europa aumenta apesar da incerteza

Mais de 60% dos potenciais viajantes na Austrália, Brasil, Canadá, China e Estados Unidos estão a planear fazer uma viagem de longo curso em 2023, com a Europa a ser o destino preferido. No caso dos brasileiros, Portugal é mesmo o destino preferido. A conclusão é do mais recente barómetro da European Travel Commission (ETC).
A European Travel Commission acaba de divulgar os resultados do 1º barómetro de 2023 sobre as viagens de longo curso que teve como mercados-alvo a Austrália, o Brasil, o Canadá, a China, os Estados Unidos da América e o Japão. Os resultados são auspiciosos, com o barómetro a concluir que estes mercados têm agora uma apetência muito maior pelas viagens de longo curso, nomeadamente para a Europa, ainda que as finanças pessoais continuem a ser impedimento para este tipo de viagens, pelo menos no quadrimestre janeiro-abril de 2023.
A conjuntura económica internacional, marcada pela inflação elevada e pelo aumento dos preços da energia, não “arrefeceu” a vontade de viajar em longo curso nos mercados analisados, já que mais de 60% dos viajantes em potencial na Austrália, Brasil, Canadá, China e Estados Unidos pretendem fazer viagens de longa distância em 2023, com a Europa a ser o destino preferencial.

Face ao ano passado, o desejo de viajar para a Europa nos primeiros quatro meses do ano também melhorou, com os aumentos ano a ano mais notáveis observados na China (+21 pontos) e no Brasil (+13 pontos). A exceção a essas tendências positivas é o Japão, com 27% dos entrevistados entusiasmados com viagens de longo curso em 2023 como um todo e 13% entre janeiro e abril.
Portugal no topo das preferências dos brasileiros
De acordo com o estudo, Brasil, China e Estados Unidos são os mercados que maior apetência apresentam para fazer viagens de longo curso este ano, concretamente para a Europa, apresentando mesmo o índice mais elevado dos últimos cinco anos De salientar que no caso do Brasil, o primeiro lugar no top das preferências é ocupado por Portugal, com 42% das escolhas.
No que se refere ao mercado chinês, a vontade de viajar para a Europa entre janeiro e abril (115 pontos) apresentou uma melhoria significativa em relação ao mesmo período do ano passado (94 pontos) e de 2021 (103 pontos). Dos entrevistados chineses que desejam viajar para o exterior no início deste ano, 63% têm um destino europeu em mente. Para os entrevistados na China, as principais considerações ao escolher um destino de férias são a infraestrutura turística, as condições climáticas e a percepção de segurança do destino. De notar que os viajantes chineses estão ansiosos para voltar às compras de luxo na Europa.
Nos Estados Unidos, 40% dos entrevistados afirmaram pretender viajar para fora da América do Norte até abril e 33% consideram a Europa como destino, o que, segundo sublinha a ETC, “marca uma mudança significativa em relação ao mesmo período de 2022, quando apenas 28% dos americanos planejavam viajar para o exterior e 23% para a Europa”.
No Canadá, 29% dos inquiridos (15% do que o ano passado) afirmou estar a planear visitar a Europa entre janeiro e abril. Ou seja o índice também é positivo, embora com um valor um pouco menor quando o destino é a Europa.
No entanto, a maioria (62%) disse que se absterá de viajar para o exterior no início do ano, principalmente devido ao orçamento disponível (justificação dada por 39% dos que se irão abster de viajar neste início de ano).
Os que desejam visitar a Europa nos próximos terão como foco experiências que giram em torno da história, cultura e do cosmopolitismo das cidades europeias. Os principais destinos europeus para os turistas canadianos são França, Itália, Reino Unido e Alemanha. Ainda assim, Portugal ocupa o sétimo lugar nas preferências, com 9% das escolhas.
O Japão é o único mercado pesquisado onde as pessoas permanecem pessimistas sobre a possibilidade de viajar para fora da sua região no próximo ano. Ainda assim, entre aqueles que pretendem viajar para a Europa Portugal conquista 3% das preferências, figurando no Top10.

“A ETC está muito satisfeita por ver que o sentimento pelas viagens de longo curso se está a revelar mais positivo este ano do que em 2022. Um desenvolvimento significativo que terá seguramente um grande impacto nas viagens para a Europa no próximo ano é a reabertura da China. O fim da política de zero Covid da China restabeleceu a confiança entre os viajantes chineses, e o índice de sentimento da China para viajar para a Europa está agora em valores próximos aos tempos pré-pandémicos. Esta é uma notícia promissora, mas ainda assim, ainda há preocupações de que, no contexto das pressões inflacionárias, as finanças pessoais possam limitar as viagens de longo curso em geral. A promoção da Europa nos mercados externos continua sendo crucial para a recuperação contínua do setor em 2023”, afirmou, a propósito do Barómetro, o presidente da ETC, Luís Araújo.
Apesar das perspetivas positivas para 2023, a elevada inflação continua a pressionar os consumidores, influenciando a sua vontade de viajar em longo curso. A situação financeira é a principal preocupação apontada pelos australianos, brasileiros, americanos e canadianos, mercados que consideram importante conseguir um “bom preço”.
Quando questionados sobre o que traria conforto para planear viagens de longa distância em 2023, cerca de 41% dos entrevistados mencionaram uma melhora na situação financeira. Outros 35% dos entrevistados disseram que pechinchas e ofertas atraentes para viagens e localização no destino seriam fatores de influência.