Viajar Tours já está “com cerca de 70% da oferta vendida” mas ainda é cedo para concluir que este é um bom ano, diz Nuno Anjos

Segundo Nuno Anjos, diretor comercial do Viajar Tours, este ano as vendas antecipadas funcionaram melhor mas, dependendo das datas de partida, “ainda há muitos lugares para vender”, incluindo “as pontas” de agosto em alguns destinos, por isso considera cedo para concluir se este vai ser um bom ano, disse ao Turisver, numa entrevista em que fez o balanço dos vários destinos que o operador colocou no mercado.
O que é que as pré-vendas representaram face à vossa oferta charter no mercado, ou seja, o que é que já têm vendido neste momento, em termos percentuais?
Nós estamos já com cerca de 70% da oferta vendida, no ano passado não chegávamos a tanto, ou seja, as vendas antecipadas deste ano funcionaram melhor. No entanto, ainda existem muitos lugares para vender, não tanto durante o mês de agosto, embora também ainda exista alguma disponibilidade em agosto, mas mais nas pontas das operações.
Os meses de junho, julho e setembro ainda têm lugares para vender em todos os nossos destinos charter, embora uns com mais disponibilidade, outros nem por isso, mas em todos os destinos, há lugares para vender.
Nós sabemos que o início das vendas, a partir da Black Friday, normalmente, são assentes em preços mais convidativos para o cliente, portanto preços mais baixos. Vocês baixaram muito o preço ou tiveram em conta que se iria vender bem e que baixar demasiado o preço poderia criar problemas na rentabilidade?
Nós tentamos ser sempre justos com aquilo que é o preço certo para vender os destinos que programamos. É claro que lançamos campanhas, e a campanha da Black Friday não foi exceção, em que tentamos ser mais competitivos e fazer com que os clientes que aproveitem as reservas antecipadas consigam valorizar esse momento. No entanto, tentamos, principalmente naqueles produtos em que não estamos em concorrência com outros operadores que tenham os mesmos destinos, o caso de Creta, Puglia e Sardenha, não baixar demasiado o preço, já aconteceu levarmos lugares por vender, por optarmos por não baixar o preço, salvaguardando aquilo que é o preço de venda do produto e não desvirtuarmos aquilo que é o custo dos destinos.
Por exemplo, quem fez uma reserva na Black Friday, quando é que teve que consumar o pagamento da viagem?
Connosco é sempre preciso fazer uma sinalização de 30% do valor no ato da reserva, depois na semana anterior, ou duas semanas antes da data da partida é que é preciso pagar o restante.
E têm muitas quebras, há muita gente perde o sinal porque decidiu não viajar?
Não existem assim tantos cancelamentos quanto isso, existem alguns cancelamentos que são originados pelo facto de a pessoa ter visto uma campanha mais forte e imperdível para um outro destino e preferir trocar de destino, mas normalmente é muito relativo, porque as pessoas que compram com tanta antecedência é porque querem esse destino, e isso faz com que não exista um elevado número de cancelamentos.
Até este período as vendas estiveram bem, mas o ano passado por esta altura existiu uma certa paragem de vendas e ao que parece, este ano está a acontecer uma situação semelhante. Qual é a vossa estratégia para vender aquilo que ainda há para vender?
Nós continuamos a apostar em algumas campanhas de última hora, ainda agora estamos a lançar uma que é o ‘Olh’ó Verão’, que é uma campanha do Viajar Tours que lançamos sempre nesta altura do ano e vamos apostando sempre em tentar valorizar aquilo que é o nosso produto. É claro que o preço conta sempre, mas tentamos sempre valorizá-lo e que seja uma opção naquilo que são as alternativas dadas pelos agentes de viagem aos seus clientes.
“O agente de viagens tem, muitas vezes, uma grande dificuldade em saber o que ainda existe ou não em determinadas datas, principalmente naquelas em que tem uma maior procura. O mapa que enviamos faz com que eles, olhando para as disponibilidades que ainda existem, possam ou não considerar logo o Viajar Tours”
O Viajar Tours envia regularmente para os agentes de viagens um mapa sobre como é que estão as diferentes partidas dos vossos chaters e nota-se que já há algumas partidas que estão fechadas. O que é que aconselha aos agentes de viagem, quando recebem esse quadro, a pensar em relação aos clientes que ainda poderá ter?
O agente de viagens tem, muitas vezes, uma grande dificuldade em saber o que ainda existe ou não em determinadas datas, principalmente naquelas em que tem uma maior procura. O mapa que enviamos faz com que eles, olhando para as disponibilidades que ainda existem, possam ou não considerar logo o Viajar Tours á partida e, com isso, facilitar-lhes a procura, ou seja, eles já sabem que nós temos lugares e que podem logo ir ali, ou simplesmente já sabem que não temos e então vão diretamente a outro fornecedor tentar encontrar esse produto. Ou então, convencerem o seu cliente a mudar para uma data mais à frente ou mais atrás.
O calcanhar de Aquiles das operações charter, por norma, são as pontas, ou seja, o seu início e o seu final. No vosso caso, tirando Djerba, as vossas operações começam quase todas em junho. Como é que estão as vendas para estes períodos?
Estão com boas ocupações. Para Creta, as primeiras partidas já estão cheias, já só temos disponibilidade a partir de 30 de junho. Para a Sardenha já temos muito poucos lugares nas primeiras partidas e para Puglia também já não existem muitos lugares.
Depois, para Djerba ainda continua a haver disponibilidade á partida do Porto, de Lisboa tem havido uma maior procura, por exemplo, nós já começámos a operação em abril e só durante o mês de maio é que ainda temos disponibilidade. No mês de junho já está tudo vendido, de Lisboa, mas no Porto ainda existem uns “salpicos” de disponibilidade para os inícios das operações.
A começar em julho temos o voo para Hammamet, à partida do Porto ainda com disponibilidades, o que é normal.
A Tunísia continental, quando comparada com a de Djerba, está mais cara?
Não propriamente, porque na Tunísia continental existem mais hipóteses de hotelaria. Em Djerba há hotéis que já entraram em stop sales há muito tempo, enquanto na Tunísia continental, mesmo que um hotel entre em stop sales, ao lado existirão outros equivalentes que ainda não entraram e consegue-se vender porque a oferta é maior.
Puglia é um destino que dá a sensação que muitos agentes de viagens ainda não conhecem muito bem. Isso tem dificultado a venda, de alguma forma?
Nós sentimos que em todas as formações que fomos dando este ano sobre o destino de Puglia, conseguimos passar um bocadinho daquilo que é o destino, da paixão que ele desperta, e é muito por isso que os próprios agentes têm estado a conseguir vendê-lo.
Não é um destino fácil de vender, quer seja pelo preço, quer seja pelo não conhecimento ao nível da hotelaria e da forma de estar no próprio destino, mas eu penso que tem vindo a ter uma maior receptividade por parte das agências e também do cliente final.
“É claro que quando se trata de um destino que é muito novo à partida de Portugal e de um destino que tão diferenciado como este, as coisas podem não ocorrer de acordo com as expetativas, mas, connosco, Puglia sempre foi um bocadinho ao encontro das nossas expetativas dos clientes”
As vendas para o destino estão acima do ano passado, existe uma cadência de vendas superior àquilo que existiu no ano passado. É claro que quando se trata de um destino que é muito novo à partida de Portugal e de um destino que tão diferenciado como este, as coisas podem não ocorrer de acordo com as expetativas, mas, connosco, Puglia sempre foi um bocadinho ao encontro das nossas expectativas dos clientes. Já sabíamos que não ia ser fácil e houve mesmo uns quantos agentes que nos deram os parabéns pela audácia de termos posto este destino como charter, agora vamos ver o que o futuro reserva.
Muitas vezes, o Viajar Tours é considerado pelos agentes de viagens como um operador conservador. Isso tem coisas positivas e negativas, nós não vamos falar das negativas, obviamente, mas quais são as positivas?
Não sei, se ser transparente e tentarmos fazer as coisas sempre da forma que nós achamos correta, a nossa forma de pensar, é ser conservador, então somos e isso é bom. Se somos conservadores, por exemplo, por não desvirtuarmos aquilo que é o preço justo de cada destino, então acho que é positivo ser conservador.
É claro que às vezes existem situações a nível comercial em que a justeza é sempre um pau de dois bicos, mas nós tentamos sempre ir ao encontro das expectativas dos agentes e em muitas situações já mostrámos que até somos bastante modernos em algumas coisas.
Um operador começa a preparar as suas operações com alguns meses de antecedência. No caso do final de ano, e por falar em conservadorismo, o ano passado vocês só programaram em voos regulares. Qual é a ideia para este ano?
Este ano nós já apresentámos a nossa programação, ou seja, fomos além do conservador e passámos ao moderno: já apresentámos grande parte da nossa programação de fim de ano dentro de voos regulares e é isso que vai ser a nossa oferta.
Quanto à antecipação da programação, nesta altura já estamos a programar 2026 e 2027, já estamos a olhar para a frente e a tentar fazer com que não exista uma grande discrepância a nível de preços em alguns destinos, o que está a ser difícil, mas continuamos sempre, de uma forma conservadora ou não, a olhar para a frente.
E em termos de destinos, é possível que para o verão de 2026 haja algo de novo?
Isso aí é sempre aquele grande mistério. Se há coisa que nós adoramos é lançar destinos novos e existem alguns que nós temos em manga, mas tudo depende muito de como feche este primeiro semestre, da forma como o próprio mercado comece a surgir, a nível de algumas opiniões, porque às vezes em conversas vamos sempre fazendo uma outra pergunta para tentarmos perceber o feeling dos agentes em relação a alguns destinos e aquilo que poderá ser ou não a validação desses mesmos destinos.
Durante a conversa pareceu-me que está optimista relativamente a este ir ser um bom ano para o Viajar Tours…
Nós tentamos sempre que assim seja e estamos confiantes em que este será um bom ano, mas tudo depende. Neste momento o mercado está a abrandar e se abrandar completamente até ao início das operações, então acho que a expectativa de grande parte dos operadores em que este seja um bom ano irá sair gorada. Mas eu estou a crer que o mercado ainda irá reagir, irá ainda trazer vendas que farão com que os charters tenham uma boa ocupação e com isso ainda se consiga manter a expectativa de que este seja um bom ano.