Viagens de negócios: regresso à normalidade só em 2026
O regresso das viagens de negócios à normalidade pré-pandémica apenas deverá acontecer apenas em 2026. A ideia foi deixada pela CEO da GBTA (Global Business Travel Association) durante a ITB que terminou esta quinta feira em Berlim, onde falou também da alteração dos parâmetros deste tipo de viagens.
Em algumas regiões, as viagens de negócios estão ainda “muito abaixo” dos níveis da pré-pandemia, declarou Suzanne Neufang, CEO da Global Business Travel Association (GBTA), pelo que o seu regresso à normalidade foi adiado para 2026. Aliás, a conclusão vem na linha do que tinha já sido anunciado em meados do ano passado pela própria GBTA que então assinalava que apesar de o setor estar a movimentar-se, a recuperação total das viagens de negócios não deveria chegar antes e 2025 ou 2026 (ler notícia).
A inflação, os problemas económicos da China e os efeitos nas cadeias de suprimentos globais, estiveram entre os motivos listados pela responsável, que falava quarta feira na ITB Berlim. Acresce que, segundo a especialista, “os parâmetros básicos relativos às viagens de negócios também mudaram”.
Suzanne Neufang explicou que após a queda do setor com a pandemia, em 2020, a curva das viagens de negócios atingiu um pico acentuado por volta de 2021/22, parecendo que este segmento iria voltar a crescer de forma mais rápida do que efetivamente veio a acontecer. As aberturas e fechos da China, provocados pela política de “zero Covid”, foi uma das justificações dadas pela responsável que alertou que atualmente a curva continua a apontar para baixo e que assim deverá continuar até 2026.
Quanto aos parâmetros que a pandemia alterou, a responsável apontou a habituação às reuniões virtuais e as preocupações com a sustentabilidade.
Durante a pandemia, os decisores deram conta das vantagens trazidas pelas reuniões virtuais, mesmo que isso impedisse o contacto pessoal, sempre considerado de grande importância. Além disso, as preocupações com a sustentabilidade acabaram também por ter um efeito negativo sobre as viagens de negócios, já que menos viagens de negócios significavam uma pegada de carbono menor.
Ainda assim, as viagens de negócios não saíram totalmente de moda, mesmo para reuniões internas. De acordo com a especialista, as empresas financeiras e as seguradoras lideram a lista de sectores que mais viagens de negócios realizam, estando praticamente já em linha co os números de 2019. Por outro lado, 45% dos gestores de viagens aumentaram os seus orçamentos para viagens.
Outro parâmetro que ganhou terreno no pós-pandemia foram as viagens “bleisure”, o seja, as que combinam negócios e lazer (business+leisure), com uma fatia importante dos viajantes a esperar realizar viagens combinadas, por exemplo, para prolongar uma viagem de negócios por alguns dias de folga no destino.
Um inquérito realizado entre gestores de viagens conclui que os empregadores estavam divididos: 41% eram a favor, com tendência de alta, enquanto 42% eram contra este tipo de viagens.
Resumindo, a CEO da GBTA listou cinco tendências de viagens de negócios: a China permanece difícil de prever, os viajantes de negócios como tal têm expectativas mais altas, a procura por viagens ecológicas está a aumentar, a mudança tecnológica desacelerou a recuperação deste segmento e as viagens pessoais vão desempenhar de novo um importante papel.