Turismo recuperou “quase metade do nível pré-pandemia”
Portugal já superou 2019 em receitas do turismo internacional. Esta é uma das conclusões do Barómetro da OMT, segundo o qual a Europa e as Américas lideram a recuperação. De janeiro a maio, registaram-se 250 milhões de entradas internacionais, com o turismo a recuperar 46% do nível pré-pandemia.
Apesar dos significativos e crescentes desafios económicos e geopolíticos significativos e crescentes, o “turismo internacional continua a dar sinais de uma forte e constante recuperação”. Nos primeiros cinco meses do ano, foram registadas quase 250 milhões de entradas de turistas internacionais em todo o mundo, um número que se compara aos 77 milhões do período homólogo e que leva a OMT a concluir que “o setor recuperou quase metade (46%) do nível pré-pandemia de 2019”
“A recuperação do turismo se acelerou em muitas partes do mundo, superando os desafios que se colocam em seu caminho”, disse o secretário-geral da OMT, Zurab Pololikashvili, que no entanto aconselha, cautela diante dos “ventos económicos contrários e dos desafios geopolíticos que podem afetar o setor durante o resto deste ano e no futuro” próximo.
Europa e América lideram recuperação
De acordo com o Barómetro do Turismo Mundial da OMT, a Europa mais do que quadruplicou as chegadas internacionais em relação aos primeiros cinco meses de 2021 (+350%), impulsionadas pela forte procura intrarregional e pelo levantamento de todas as restrições de viagem em um número crescente de países. A região apresentou resultados particularmente fortes em abril (+458%), refletindo um período de Páscoa muito movimentado. Ainda assim, os resultados permanecem aquém dos alcançados em 2019 e o mesmo acontece nas Américas, onde as chegadas mais que dobraram (+112%). No entanto, a forte recuperação é medida em relação aos fracos resultados de 2021, com as chegadas a permanecerem 36% e 40% abaixo dos níveis de 2019,respectivamente na Europa e nas Américas
O mesmo padrão (fortes crescimentos face a 2021 mas níveis abaixo de 2019) verifica-se noutras regiões do mundo. Apesar do forte crescimento no Médio Oriente (+157%) e na África (+156%), os números ainda são 54% e 50% inferiores a 2019, respetivamente, e no caso da Ásia e do Pacífico, embora quase dobre chegadas (+94%), os números são 90% inferiores aos de 2019, pois algumas fronteiras permanecem fechadas para viagens não essenciais.
Quanto às sub-regiões, várias recuperaram entre 70% e 80% de seus níveis pré-pandemia (Caribe e América Central, seguidas pelo sul da Europa mediterrânea e oeste e norte da Europa), havendo mesmo pequenos destinos (Ilhas Virgens Americanas, Moldávia, Honduras, Porto Rico, entre outros) que superaram mesmo os resultados pré-pandemia.
Gastos turísticos aumentam
Segundo o comunicado difundido pela Organização Mundial do Turismo, “o aumento da despesa turística nos principais mercados emissores é consistente com a recuperação observada”. A organização sublinha mesmo que “os gastos internacionais de turistas da França, Alemanha, Itália e Estados Unidos estão agora entre 70% e 85% dos níveis pré-pandemia, enquanto os gastos da Índia, Arábia Saudita e Catar já superaram os níveis de 2019”.
Em termos de receitas de turismo internacional obtidas nos destinos, o Barómetro revela a existência de um número crescente de países, em que se inclui Portugal, que “recuperaram totalmente os níveis pré-pandemia”.
Desafios e Perspetivas
Face aos resultados do seu Barómetro do Turismo Mundial, a OMT espera que os meses de verão consolidem a recuperação do setor, até porque nos últimos tempos mais países deixaram colocar restrições às viagens. “Em 22 de julho, 62 destinos (incluindo 39 na Europa) não tinham restrições relacionadas ao COVID-19, e um número crescente de destinos na Ásia começou a aliviar suas restrições”, sublinha a OMT.
Há, no entanto, desafios que se colocam, e a escassez de recursos humanos e a capacidade aérea são apenas dois deles. “Um aumento da procura mais forte do que o que se esperava criou desafios operacionais e de recursos humanos significativos”, recorda a OMT que coloca também a tónica na guerra na Ucrânia, no aumento da inflação e das taxas de juros, bem como na possibilidade de uma temida desaceleração económica. Todos estes fatores, afirma a OMT, “continuam a representar um risco para a recuperação”.
A OMT aponta para que as chegadas internacionais atinjam este ano entre 55% e 70% dos níveis pré-pandemia. Os resultados dependem da evolução das circunstâncias, mas tudo depende da evolução dos desafios acima apontados. Ainda assim, os melhores resultados turísticos de 2022 deverão continuar a vir da Europa e das Américas “enquanto a região Ásia-Pacífico deve ficar para trás devido a políticas de viagens mais restritivas”.
Na Europa, as chegadas de turistas internacionais podem atingir 65% ou 80% das registradas em 2019, enquanto nas Américas podem estar entre 63% e 76% desses níveis.
Na África e no Médio Oriente, podem atingir-se entre 50% e 70% dos níveis pré-pandemia, enquanto na Ásia e no Pacífico, devido às restrições, as chegadas internacionais não deverão ultrapassar 30% de 2019.