Turismo na Europa termina 2024 “em força” mas longo curso continua abaixo de 2019

Impulsionado pela forte procura na época intermédia e no inverno, o turismo europeu terminou 2024 com um aumento de 6,3% nas chegadas de estrangeiros face a 2019. No entanto, as viagens de longa distância estão 5% abaixo dos níveis de 2019. Os dados são da European Travel Commission.
Publicado esta terça-feira, 18 de fevereiro, o relatório “Tendências e Perspetivas do Turismo Europeu” mostra que o turismo europeu demonstrou uma forte resiliência no último trimestre de 2024, apresentando um aumento de 6,3% nas chegadas de estrangeiros em relação aos níveis de 2019 e um aumento de 6,7% em comparação com 2023. As dormidas também cresceram 5,9% em relação a 2019 e 4,8% em termos homólogos.
No entanto, o relatório indica que os consumidores estão cada vez mais a optar por destinos com uma boa relação qualidade/preço, devido ao aumento dos custos associados às viagens. Esses custos fizeram, também, com que as viagens na época intermédia (setembro-outubro) e no período de inverno se tenham mantido robustas.
A estimativa mais recente sugere que, em 2024, os turistas gastaram mais 7,8% na Europa do que em 2023, o que equivale a 705 mil milhões de euros, com quase três quartos do total das despesas regionais impulsionadas pela Europa Ocidental.
Comentando o relatório, o presidente da ETC, Miguel Sanz, afirmou que em 2025, “o turismo europeu continuará a navegar num cenário cada vez mais complexo e com maior incerteza geopolítica e económica. Apesar de desafios como o aumento dos custos de viagem e a mudança nas preferências dos consumidores, o sector do turismo da Europa tem demonstrado uma resiliência notável. Ao mesmo tempo, assistimos a tendências positivas, como um foco crescente nas viagens fora de época, o que ajuda a distribuir a procura turística de forma mais uniforme ao longo do ano. Olhando para o futuro, a manutenção deste impulso exigirá investimentos estratégicos em ofertas diversificadas para garantir um desempenho e competitividade contínuos”.
Portugal foi um dos países europeus com desempenho mais lento no 4º trimestre do ano
Segundo o estudo, Portugal foi um dos destinos do sul da Europa e Mediterrâneo que, após um verão forte apresentou um desempenho mais lento no 4º trimestre, muito embora se mantenha 17,8% acima de 2019.
O destino de inverno com crescimento mais rápido foi a Islândia, com um aumento de 14% nas chegadas em relação a 2019 no quarto trimestre, impulsionado pelos mercados da Alemanha, Holanda, Itália e Reino Unido em busca das auroras boreais.
Viagens de longa distância ficam para trás
Relativamente às viagens de longo curso, o relatório aponta para um atraso na sua recuperação, com os dados finais de 2024 a indicarem que se manterá 5% abaixo dos níveis de 2019, devido, em grande parte, à lenta recuperação da Ásia/Pacífico, particularmente da China, sendo que a procura deste mercado por destinos europeus está ainda 39,6% abaixo dos níveis pré-pandemia.
Em contraste, as viagens transatlânticas dos EUA estão em alta, No quarto trimestre, 22 dos 27 destinos reportados tiveram chegadas dos EUA a ultrapassar os níveis de 2019, com destaque para a Turquia (+153%), Portugal (+91%), Lituânia (+67%) e Montenegro (+49%).
O futuro da procura por parte dos Estados Unidos é, no entanto uma incógnita, já que, segundo aponta o relatório, “a incerteza sob a administração Trump cresce à medida que os riscos de inflação podem diminuir rendimento disponível, reduzindo potencialmente as viagens internacionais”.