“Tudo o que tem um princípio também tem fim”, diz Vítor Silva a propósito da sua saída da ARPT do Alentejo em março

Na Agência Regional de Promoção Turística do Alentejo desde a sua fundação, em 2004, Vítor Silva, prepara-se para abandonar a presidência no final de março – uma saída já prevista desde que, em janeiro de 2024 tinha anunciado que não iria ser candidato nas próximas eleições. Para trás deixa um trabalho de que se orgulha.
Depois de 2025 não vai haver Vítor Silva à frente da ARPT do Alentejo?
É já a partir do final de março de 2025. Tudo o que tem princípio também tem fim. Eu vim para o turismo em final de 2003, a ARPT foi fundada no início de 2004, dois meses ou três meses depois de eu começar, e estive sempre na Agência, embora tenha começado como presidente da Planície Dourada, numa altura em que havia um mosaico de regiões, que foi ultrapassado em 2008 e depois reformulado em 2013, com a criação das Entidades Regionais.
Tive uma breve passagem de menos de três anos pela Entidade Regional. Não era um projeto que tivesse previsto, mas tive que assegurar a presidência da ERT quando o presidente Ceia da Silva saiu para a CCDR. Nessa altura eu era vice-presidente, passei a ser presidente e cumpri até o final do mandato. Não podia recandidatar-me e também não queria porque penso que é muito difícil assegurar aqueles dois lugares. Há quem tenha outra opinião mas a minha sempre foi essa, sempre defendi que o presidente da ERT não devia ser o presidente da ARPT.
Agora, ao fim de 21 anos e qualquer coisa, é altura de me retirar e já anunciei há um ano que não seria candidato, que este seria o meu último mandato.
“(…) por proposta nossa, foi criado o NEPT, o Núcleo Estratégico para a Promoção do Turismo, com os diretores executivos e com as reuniões a serem presididas pelo Turismo de Portugal, e que discute e organiza a que feiras se vai, quem vai, etc. “
O que é que não realizou, enquanto presidente da ARPT do Alentejo, que gostasse de ter feito?
Não quero deixar recados, até porque temos um plano de atividades. Por outro lado, não me sinto um iluminado, sou um membro de uma equipa que tem a noção perfeita daquilo que é ser dirigente e daquilo que é ser um executivo, embora eu seja um presidente executivo, aliás, sou, possivelmente, o presidente mais executivo de todos, porque somos muito poucos na Agência do Alentejo.
Houve algumas coisas que não fiz mas se me perguntar de que é que mais me orgulho, eu digo que foi ter sido a pessoa que lançou o projeto para as regiões estarem unidas nos mercados internacionais. Quando eu vim para cá, ia-se para feiras e as regiões estavam, cada uma, em stands de 3×3 metros, até que um dia eu disse que para estar em feiras naquelas condições, o Alentejo não iria, e fomos falar com os outros.
Tínhamos uma ideia inicial que era quase só pôr os nossos standezinhos ali encostados, mas depois havia o famoso stand antigo do Turismo de Portugal que estava armazenado, por isso fomos pedi-lo emprestado ao TP que aprovou o empréstimo e hoje já ninguém discute isso.
Mas depois foi criado o Núcleo Estratégico para a Promoção do Turismo (NEPT), que oficializou a situação?
Sim, mais tarde, por proposta nossa, foi criado o NEPT, o Núcleo Estratégico para a Promoção do Turismo, com os diretores executivos e com as reuniões a serem presididas pelo Turismo de Portugal, e que discute e organiza a que feiras se vai, quem vai, etc.
Antes disso, e durante algum tempo, o Turismo Portugal não nos autorizava a usar o símbolo do turismo que dizia Portugal, mas estava lá uma grande faixa a dizer Portugal, hoje isso já não se passa. Portanto, penso que de todas as coisas que eu fiz, essa terá sido aquela de que mais me orgulho.
Estive recentemente na CMT de Estugarda que para mim é a feira das feiras, porque mete 300 mil pessoas numa zona onde há muito dinheiro e os alemães não vão lá para recolher papéis, mas para decidir as suas férias. Desde as 10h00 às 18h00 da, todos os dias, não há um segundo descanso, nem para nós nem para as outras regiões de Portugal.
Outra coisa de que me orgulho foi de aproveitar essas feiras para convidar os operadores lá fora a estarem no nosso balcão, sem pagar. Na CMT tinha no nosso balcão a Olimar, a Dertur e a Adac Reisen.
Outro dos aspectos foram os resultados. Quando a Agência começou, tínhamos pouco mais de 200 mil dormidas de estrangeiros no território e durante 5 anos nada se passava, andei a fazer porta à porta com o António Lacerda, a explicar o que era o Alentejo, que produtos tínhamos e lá para o final da primeira década, a situação arribou. Agora devemos fechar 2024 com 1,2 milhões de dormidas de estrangeiros. Subimos 5 a 6 vezes nestes anos e isso é importante. É este legado que eu e todos os que me acompanharam, deixamos.
E o futuro? A que é que o Vitor Silva se vai dedicar?
Não tenho nenhum projeto. Tenho uma empresa com o meu filho, que está ligada às novas energias e também tem uma parte do turismo, mas que eu não tenho utilizado, que é a parte da consultadoria. Entendi que, enquanto estivesse neste lugar, não desenvolveria isso, depois logo se vê.
Mas vai ficar ligado ao turismo?
A principal ligação que eu vou buscar ao turismo, neste momento, são as amizades que aqui criei.