Tradicampo EcoCountry Houses: Vista desafogada num Nordeste onde o mar nos “beija”

Nasceu em São Miguel, nos Açores, e desde cedo se apaixonou por fazer trilhos e descobrir a fundo cada recanto daquela ilha. Teve oportunidade de pernoitar em diversos alojamentos de Turismo Rural por todo o país e sabia bem, se um dia tivesse um projeto seu neste âmbito, o que deveria ou não fazer para agradar aos seus visitantes. E é assim, que em 2007 nasce a Tradicampo EcoCountry Houses, um projeto familiar que Ricardo Peixoto e a mulher Marta fizeram crescer no concelho do Nordeste e que conta com oito alojamentos, divididos pelas Casa da Fonte, Casas do Pátio, Casa da Talha e Quinta das Cycas.
Bem, mas a história deste projeto começa um pouco antes, com a aquisição das primeiras casas, que, segundo o seu mentor, deveriam cumprir algumas premissas, como “estarem isoladas, terem uma vista desafogada, serem praticamente ruínas, mas mantendo a sua arquitetura, que não tivessem acrescentos que obrigassem à sua demolição e estarem no Nordeste da ilha”.
A Casa da Fonte, onde tudo começou
O primeiro imóvel a ser adquirido foi a Casa da Fonte, em 1997, quando Ricardo Peixoto regressava do Pico da Vara na companhia do filho: “Era uma ruína, só existiam paredes, um forno e uma chaminé e um terreno com cerca de 3.000 metros quadrados. É uma casa muito especial, quase única na arquitetura do Nordeste, é uma casa linear, com cerca de 100 metros quadrados e que estimamos que seja do século XVIII, feita com pedra muito miúda e que tem outras características muito particulares. Serviu de casa familiar durante 100 anos e no final do século XIX foi a primeira escola primária da freguesia de Algarvia até à década de 30. Foi então entregue à Legião Portuguesa e durante 40 anos serviu como seu posto, enquanto no logradouro se disputaram imensos torneios de voleibol. Depois de 1975 o edifício foi abandonado e ficou em ruínas”.



Segundo o proprietário, a “sua renovação não roubou em nada a sua herança e carácter (…), os detalhes modernos proporcionam aos hóspedes uma privacidade e conforto singulares, mas são os símbolos mais tradicionais que traçam a personalidade da Casa da Fonte”.
Com um quarto, com uma cama de casal, sendo possível colocar um berço caso seja necessário, a Casa da Fonte dispõe de uma sala de estar, com todas as comodidades, uma cozinha totalmente equipada, uma casa de banho e um alpendre com 35 metros quadrados com churrasqueira.
Casas do Pátio: Casa do Tanque e Arribana
Meses mais tarde da compra da Casa da Fonte, a mulher e sócia de Ricardo Peixoto soube da existência de um outro imóvel para venda, através de um colega de profissão. Na altura, o nosso anfitrião, engenheiro eletrotécnico de profissão encontrava-se a trabalhar na ilha do Faial, mas logo agendaram uma visita à dita casa durante o fim-de-semana. E assim aconteceu, deslocaram-se até à freguesia de São Pedro Nordestinho. Mas quando lá chegaram Ricardo deparou-se com uma outra casa, a do avô desse mesmo colega e que já estava apalavrada com a autarquia local.


“A casa obedecia exatamente a todos os requisitos que eu tinha delineado para o projeto e que hoje são as Casas do Pátio. Tinha uma casa principal com dois quartos e uma antiga Arribana ao lado que dava para fazer um T1, com uma vista soberba para o mar e parte leste da ilha. Depois a que é atualmente a Casa da Talha e que inicialmente eu ia visitar também cumpria todos os requisitos”.
Fazendo algum finca pé Ricardo Peixoto acabou por conseguir ficar com ambas, uma a que deu o nome de Casas do Pátio e que atualmente se divide na Casa do Tanque (a moradia onde residiam os antigos proprietários e que conta com dois quartos com cama de casal, onde é possível colocar um berço, uma sala de estar no primeiro andar, uma cozinha totalmente equipada, casa de banho, um alpendre com churrasqueira e piscina comum) e ainda a Arribana, que de um recatado anexo agrícola deu lugar a um T1, com um “charme próprio onde o mar entre pela janela do quarto”.


Para além do alpendre com churrasqueira ser presença “obrigatória” em cada um dos alojamentos da Tradicampo EcoCountry Houses, também existe um campo de croquet, desporto importado dos britânicos aquando da conhecida época das laranjas na ilha de São Miguel.
Casa da Talha e a sua história de amor
A sua história é talvez a mais bonita dos alojamentos da Tradicampo ou não o fossem todas as histórias de amor. A casa data da década de 1930 e foi construída por um homem que à época namorava com uma rapariga de São Pedro Nordestinho, mas a dada altura teve de ir colaborar com os norte-americanos na construção do aeroporto da ilha de Santa Maria para ganhar dinheiro para terminar as obras. A casa fica terminada, mas por razões desconhecidas, o namoro também, levando-o a emigrar para o Brasil e nunca a ter habitado. É aos netos que Ricardo Peixoto acaba por adquirir a Casa da Talha.



Atualmente este T1, com um quarto de casal, cozinha equipada, sala de estar e casa de banho, faz as delícias de quem ali pernoita: “As refeições preparadas no forno de lenha confortam os mais exigentes desejos. O crepitar da salamandra conta-nos as histórias que ficaram perdidas no tempo. No jardim contempla-se a vegetação luxuriante da ilha de São Miguel e, com alguma atenção, poderá ouvir natureza falar consigo”, pode ler-se na sua descrição.
Quinta das Cycas: Casa da Cisterna, O Granel, Estúdio da Varanda e Casa do Arco
“Em 2015 aparece uma casa à venda na freguesia da Algarvia, com características muito interessantes. Tinha pertencido a um padre muito conhecido naquela região e deixada em testamento ao afilhado. Entretanto, a esposa desse senhor morre, ele vai viver com a filha e durante 4 anos tenta vender a casa, mas em vão”, começa por explicar o nosso anfitrião.


Trata-se da Quinta das Cycas, cujas “vistas deslumbrantes” e o terreno com 5.000 metros quadrados que a circundam, com dois anexos, fazem dela um retiro especial: “Comprámo-la em 2016, estivemos um ano à espera do licenciamento e demorámos três anos em obras, tendo aberto em julho de 2021”, assegura o antigo engenheiro eletrotécnico.
Atualmente a Quinta das Cycas divide-se em quatro alojamentos: a Casa da Cisterna, que dá para duas pessoas, contando com um quarto de casal, uma sala/kitchenette toda equipada e uma casa de banho, dispondo de espaço privativo exterior com churrasqueira; O Granel, também com um quarto de casal, sala/kitchenette toda equipada e uma casa de banho; o Estúdio da Varanda, que se situa no piso superior da Casa do Arco, sendo possível a comunicação entre ambos os alojamentos e usufruir da moradia na sua totalidade, sendo a sua composição em tudo semelhante às duas referidas anteriormente. E finalmente a Casa do Arco que fica no rés do chão da casa principal e permite albergar até quatro pessoas, dispondo de dois quartos de casal, uma sala de estar, uma cozinha totalmente equipada e duas casas de banho.




A Quinta das Cycas conta ainda com uma piscina e campo de croquet, para além dos hóspedes terem à sua disposição bicicletas para explorarem as redondezas, uma pequena biblioteca com livros em diversas línguas, jogos didáticos e salamandra com lenha ao dispor.
Despensa cheia e o que fazer nas redondezas
Localizadas a 50 km do aeroporto de Ponta Delgada, as casas da Tradicampo EcoCountry Houses têm em conta o “conforto e comodidade dos hóspedes”, como gosta de frisar Ricardo Peixoto. E, portanto, na hora de mimar os visitantes nada é deixado ao acaso, como por exemplo o cesto de boas-vindas que é deixado nas cozinhas dos alojamentos e que permite ao hóspede preparar dois ou três pequenos-almoços. E também na despensa, onde poderão encontrar alguns produtos que lhes permitam fazer uma refeição leve quando chegam, uma vez que os voos são sempre mais ao final do dia e os hóspedes chegam cansados.
O que não falta também por ali são indicações turísticas e algumas sugestões de Ricardo Peixoto para que a visita à ilha possa ser o mais aproveitada possível.
“Recebemos os nossos clientes pessoalmente e conversamos com eles sobre prováveis trajetos e locais a visitar. Para além disso, durante a pandemia criámos o TradiGuide, um guia virtual de atividades, pontos de interesse e acessibilidades locais, cujo acesso é dado ao cliente durante a sua estadia”, explica ainda o anfitrião.
A Tradicampo EcoCountry Houses, que integra as Casas Açorianas- Associação de Turismo em Espaço Rural, tem ainda algumas parcerias com empresas locais de whale watching, canoeing, trilhos, entre outras, que poderá indicar aos seus hóspedes.
De sublinhar, que todos os seus alojamentos têm a Chave Verde, respeitando os pilares da sustentabilidade, desde a construção das casas, aos materiais utilizados e mão de obra local envolvida.
Contactos
Tradicampo Lda
Estrada Regional Santana, 103,
9600-162 Ribeira Grande, Açores, Portugal
E-mail: reservas@tradicampo.pt
Telefone: +351 966 025 812
Fax: +351 296 240 892
Preços: a estada mínima é de três noites e os preços são a partir de 72€ por noite.