Tour10 alarga oferta a destinos de longo curso e contrata hotéis em garantia, assinala David Saad

A Tour10 Travel, operador e plataforma de distribuição de hotéis, está a apostar em novos produtos e destinos, quer reforçar a contratação direta com as cadeias hoteleiras em Portugal e está empenhada em crescer no segmento do corporate e dos hotéis urbanos, disse ao Turisver David Saad, country manager para Portugal da Tour10.
Em termos do produto que estão já a comercializar para 2023, quais são as principais novidades face ao que colocaram este ano no mercado?
Neste momento, estamos muito empenhados nas vendas antecipadas que vão ser o nosso forte naquilo que denominamos como o “Excalibur” das ofertas de pré-vendas para o verão de 2023, apostando na nossa contratação direta e alguns allotments que já temos com o nosso novo contratador.
Estamos a incidir naquilo que é mais procurado pelo turista português mas neste momento estamos a apostar mais no fim de ano e nas “escapadinhas” e na oferta de experiências, nomeadamente, no que se refere ao norte do país, no Roteiro do Douro, mas também no segmento dos boutique hotéis, que é um produto um pouco mais “gourmet” e, por isso, mais apetecível, e igualmente em produtos que conjugam a experiência do alojamento com a degustação de vinhos, com massagens, acesso a Spas ou tratamentos termais, ou seja, buscamos um produto que seja ainda considerado um pouco “fora da caixa”.
Ainda estamos a trabalhar esta vertente mas já estamos, também, com um “pezinho” no verão de 2023 para o mercado nacional, nomeadamente com produto para o Algarve e a Costa Alentejana.
Este ano, como é que foi a procura pelo Algarve?
Este ano, quem comprou nas vendas antecipadas conseguiu um preço melhor no Algarve, porque depois da pandemia, o destino teve de regresso as grandes operações dos seus mercados mais fortes como o britânico e o escandinavo, o que levou à subida de preços. Isso levou a que nós, que no início do ano estávamos a vender muito o Algarve, a partir do momento em que os preços aumentaram começámos a vender muito a costa espanhola, nomeadamente a Costa da Luz e a Costa do Sol, que são as mais próximas de Portugal, com preços mais competitivos e com uma oferta, em primeira linha de praia, que é muito superior. Para 2023, os preços do Algarve vão aumentar ainda mais e os clientes nacionais, nomeadamente de uma classe média e média baixa, vão ressentir-se, provavelmente baixarão um patamar, mas acredito que os clientes da classe média alta vão continuar a comprar, nomeadamente no segmento de luxo. Nós, na Tour 10 também trabalhamos o segmento de luxo e para o Algarve já temos uma oferta considerável neste segmento.
Claro que os produtos mais baratos, os hotéis de três estrelas, por exemplo, continuarão a ser uma boa opção, principalmente para quem tem famílias numerosas.
Portugueses procuram hotéis na primeira linha da praia e em regime de Tudo Incluído
No que se refere ao sul de Espanha, o que é que os portugueses procuram mais?
Procuram principalmente hotéis na primeira linha de praia, em Tudo Incluído e com animação.
A oferta é muito diferente da que existe no Algarve, onde não há muitos resorts na primeira linha de praia, à exceção de alguns que pertencem aos principais players do mercado. Por outro lado, os hotéis nas zonas de Isla Canela, Islantilla e Puerto Antilla, foram construídos, de origem, para funcionarem sob o conceito de Tudo Incluído, o que também não acontece no Algarve. Daí que os hotéis nestas zonas de Espanha acabem por ser uma boa opção porque oferecem animação quase durante todo o dia, têm atividades mesmo fora do resort e têm um bom preço, que é algo que os portugueses procuram. Hoje, consegue-se ir para um resort de mil quartos na primeira linha de praia em Isla Canela ou Isla Antilla por menos 20 a 25% do preço que é pedido no Algarve.
Em termos de zonas, os portugueses são fiéis ou procuram mudar de ano para ano?
O mercado do norte, onde estou sediado e incido mais as minhas vendas, é um pouco volátil. Como é um mercado alimentado pelas principais companhias aéreas low cost, tem a possibilidade de fazer muitos pacotes à medida e acaba por procurar muito alguns destinos como Benidorm, Costa do Sol, Palma de Maiorca e Ibiza. Como, comprando com a devida antecipação, acabam por se conseguir o transporte aéreo por 15 ou 20€, os agentes de viagens acabam por preferir construir pacotes à medida com base nestes voos. No entanto, o Algarve continua, também a ser muito procurado, aliás, quem mais compra Algarve é o mercado do norte, que agora também tem o voo da Ryanair para Faro.
Já nas zonas do Centro e de Lisboa e escolha, ao nível dos pacotes, vai mais para a costa alentejana e a costa espanhola, nomeadamente Islantilla, Isla Canela, Isla Cristina e Punta Umbría.
Tour10 faz aposta em destinos como o Dubai e as Maldivas ou Estados Unidos
O que diferencia a Tour10 da demais oferta no mercado é a especialização na Península Ibérica?
Exatamente, mas há uma grande mudança na Tour10. Hoje em dia, a Tour10 já é um operador global, isto apesar de não nos separarmos das nossas origens, até porque somos um dos principais operadores, se não mesmo o principal, a nível de contratação direta do “produto costa”.
Contudo, começámos a apostar mais no mercado internacional, nomeadamente em destinos exóticos como o Dubai e as Maldivas – somos dos poucos a apresentar Maldivas com transferes. Sabendo que os portugueses são especialistas em “tailor made”, começámos a apostar muito em produto internacional, nomeadamente em conectar não só hotéis novos mas também a novos players, novos DMCs que nos possam oferecer e aportar melhor preço, melhor contratação, em destinos na Europa, na Ásia e nos Estados Unidos, que é um destino também muito procurado.
O crescimento da Tour10 passou este ano, por um grande investimento que fizemos através do qual pudemos aportar não só o negócio do lazer das “Costas” mas também no corporate, o que nos permitiu abraçar novos e grandes clientes a nível nacional e nos deu alavancagem para crescermos e posso dizer que hoje estaremos no Top 3 a nível nacional a nível de centrais de reservas hoteleiras.
Para este novos destinos internacionais, têm pacotes completos ou é só alojamento?
Nós só temos alojamento. O que fazemos muitas vezes mas apenas no que toca aos grupos, é ter pacotes com transferes, algumas excursões e atividades, entradas em alguns parques temáticos. No entanto, o nosso core business a nível do cliente individual, baseia-se no alojamento. A única exceção são as Maldivas em que apostámos na contratação de alguns DMCs locais que nos oferecem o pacote já com transferes.
Para trabalhar todo este produto, tiveram que reforçar a equipa este ano?
Reforçámos a nossa equipa, primeiro para a área da contratação e da integração e do produto de terceiros, porque nós, para além de termos contratação direta também temos produtos de terceiros. O grande segredo de se vender muito e bem é o número de conexões que temos e no final de 2021, a contratação do Mário Perez que trabalhou na TravelTino da Logitravel veio ajudar-nos a conectar players muito importantes em várias partes do mundo. Isso permitiu-nos ser mais competitivos e ter mais produto nessas áreas específicas e, claro, com o nosso produto base em que agora estamos também a apostar na contratação dos hotéis urbanos, que é muito importante para o produto corporate, que nos vai dar faturação durante o ano inteiro.
Em Portugal, acabámos de reforçar a nossa equipa com a entrada de João Cruz para o departamento de contratação e Ana Cassiano para area revenue com o objetivo de estreitarmos relações com os hoteleiros e aumentarmos a contratação direta. Na nossa equipa temos ainda o Sérgio Rodrigues e a Fátima Vieira no departamento de booking. O sucesso da Tour10 está na equipa e no serviço prestado às agências de viagens – sem eles nada disto seria possível.
Estamos a fazer uma grande aposta no mercado nacional, nomeadamente com a contratação direta para as grandes cadeias hoteleiras, começando no Algarve, onde temos o nosso escritório, e que é um produto que vendemos sazonalmente, começando a ser vendido agora e indo até agosto. Ao nível de Costas, apostamos também na contratação das grandes cadeias e dos hotéis urbanos. Este ano, com muito insistência minha, temos também o segmento dos boutique hotéis que também nos podem aportar valor.
Infelizmente, no mercado nacional ainda sentimos alguma resistência por parte de alguns hoteleiros que, talvez por não conhecerem muito bem o mercado da distribuição, fecham-nos algumas portas e preferem apostar noutros operadores que pensam ter maior dimensão. Um dos problemas que muitas vezes se colocam é o das garantias mas, de facto, nós não temos nenhum problema em avançar com garantias.