Thinadhoo é uma ilha das Maldivas onde as férias são diferentes. Saiba o que os turistas por lá encontram
Pequeno país insular no Oceano Índico, perto do Sri Lanka e da Índia, as Maldivas são formadas por 1.196 ilhas, distribuídas por 26 atóis. Uma dessas ilhas é Thinadhoo, onde se situa que se situa o Ecoboo Maldives que, como o Turisver anunciou em primeira mão, vai ser a “casa” de Fernando Bandrés. Por isso lhe pedimos para falar de Thinadoo: como se chega, quando é melhor ir, o que se pode fazer, porque é que fazer férias ali é diferente de as fazer nos atóis que apenas têm resorts.
Um turista português que escolhe ir para o Ecoboo está a escolher ir para a ilha de Thinadhoo, nas Maldivas. Como é que lá chega?
A forma mais fácil de chegar desde Portugal por via aérea é escolher entre três companhias aéreas, que são as que têm uma maior oferta de voos: a Turkish via Istambul, que permite até a partida direta do Porto e de Lisboa, o que é ótimo; a Qatar via Doha e a Emirates via Dubai. Há outras opções, como a Air France via Paris, mas acho que as mais habituais seriam as três primeiras companhias que referi.
O cliente vai aterrar no aeroporto internacional de Malé, que tem agora em construção um terminal novo, que já tem outra estrutura e outros serviços, mas por enquanto, o terminal é muito pequenino, o que tem a sua parte positiva e a sua parte negativa. A parte positiva é que os procedimentos todos de check-in, embarque, desembarque, alfândega, acabam por ser bastante rápidos porque não há grandes deslocações dentro do aeroporto. Então, quando aterramos lá, a primeira coisa que fazemos, inclusive antes de levantar as nossas malas é preencher o IMUGA (se ainda não foi preenchido) que é um documento que se pode preencher online a partir de 72 horas antes da viagem e é gratuito.
O IMUGA é apenas um registo onde fica o nome do hotel onde vamos estar alojados, o voo de entrada e de saída, os países que visitámos anteriormente à nossa entrada nas Maldivas. Depois apresentamos o nosso passaporte, o código QR deste documento e a partir daí, levantamos a nossa bagagem e saímos para o hall do aeroporto onde o Ecoboo tem uma pessoa perfeitamente identificada com um placar, feito com materiais sustentáveis, com o logótipo do hotel.
Este assistente recebe o cliente e acompanha-o no trajeto até ao barco que o vai transportar até o hotel, ou então até outro terminal do aeroporto, que é de onde saem os hidroaviões. Isto porque uma das premissas que foi tida em conta na escolha do sítio onde ia ser localizado o Ecoboo foi dar ao cliente as duas possibilidades de transporte: o hidroavião, que é uma experiência de 20 minutos de voo mas é um produto caro, mas também a possibilidade de ir em speedboat, em lancha rápida, que demora cerca de hora e meia até chegar à doca de Thinadhoo.
Chegados ao ponto de embarque o assistente identifica, mais uma vez com etiquetas sustentáveis, as malas dos clientes com o logotipo do hotel. As malas são carregadas no speedboat pelos bagageiros, o cliente não tem que preocupar em relação a isso, e à chegada à doca de Thinadhoo, vai ter pessoal da receção do hotel, que lhe dá as boas-vindas. A bagagem é descarregada e levada para a receção do hotel num carrinho de tração manual, dado que na ilha não há nenhum veículo motorizado – as únicas formas de deslocação são o bicicleta ou a pé.
Logo à chegada o cliente tem um briefing, explicamos o porquê de entregarmos uma garrafa de vidro, onde ficam os dispensadores de água, os horários de funcionamento dos diferentes serviços, o programa de Pack Experience, e a partir daí, o cliente é encaminhado para o quarto, as malas são levadas pelos bagageiros, e depois é só o mesmo desfrutar.
O Pack Experience “transporta” o mar para dentro da ilha e do hotel
Como é que funciona o pacote de experiências e o que é que inclui?
O Pack Experience inclui uma atividade diária, que está predefinida, que pode ficar condicionada por situações climatéricas, pelo estado do mar, etc., mas sempre se procuram alternativas, ou seja se há uma atividade marcada para a manhã mas as condições atmosféricas são mais favoráveis à tarde, muda-se o horário.
Depois há uma série de atividades que podem fazer-se em privativo, se o cliente não quer ir a fazer uma experiência com um grupo de 10 ou 15 pessoas, pode decidir que faz o seu próprio Pack Experience, mas neste caso tem que pagar-se tipo de excursões.
O Ecoboo está a construir agora uma escola de mergulho e vai fazer também um pacote similar ao Pack Experience, que no fundo acaba por ser um pacote de snorkel na maior parte das atividades, mas direcionado a mergulhadores profissionais com diferentes números de imersões Este pacote vai estar disponível muito em breve para o cliente que gosta de mergulhar com garrafa e quer outro tipo de atividades mais profissionais.
A ilha de Thinadhoo é muito pequena mas o atol onde se localiza tem uma grande biodiversidade. O próprio recife que se encontra frente ao hotel é muito rico a nível de vida marinha, não só de peixes, mas também, por exemplo, de tartarugas porque há tartarugas que vão desovar a Thinadhoo. Se houver necessidade até de ir no barco para usufruir de um bom mergulho, um bom snorkel, existe essa possibilidade.
O cliente deve trocar algum dinheiro, por pouco que seja, mesmo tendo em conta que até essas experiencias estão incluídas?
Isso fica ao critério de cada um mas se o cliente vai estar fora da pensão completa com o Pack Experience, se calhar é bom termos algum dinheiro no bolso, eventualmente para alguma gorjeta que se queira deixar, para comprar alguma lembrança, apesar de as lojas da vila também aceitarem cartões. Nós também temos uma boutique no hotel, onde os clientes podem encontrar artigos vários, protetores solares, algumas roupas – é muito bom que o cliente leve aquelas t-shirts que se utilizam no surf, que têm proteção UV, porque passa-se muito tempo a fazer snorkel, com as costas viradas para o sol, e com a água o protetor acaba por sair e não é de todo recomendável apanhar escaldões. Mas tirando estes pormenores, o cliente não vai precisar de muito dinheiro físico.
E se algum turista for ao tal cafezinho na aldeia e depois de consumir verificasse que se tinha esquecido de levar dinheiro?
Sinceramente, penso que não haveria grande problema em obter um “crédito”. É um meio tão pequeno que se o turista disser que volta para pagar daí a uma hora, não vai haver problema, até porque basta que o turista vá uma ou duas vezes a aldeia para que seja conhecido.
“Na monção de inverno as temperaturas são um bocadinho mais suaves, mas estamos a falar sempre de temperaturas em torno aos 30 graus. A temperatura da água também é muito constante em ambas monções, em torno aos 27 a 29 graus”
Qual é a melhor época do ano para viajar para as Maldivas?
Nas Maldivas há duas estações, a da monção de verão e a da monção de inverno, as temperaturas são muito similares, talvez um pouco mais quente na monção de verão, que corresponde ao nosso verão, mas com mais riscos de poder apanhar alguma chuva, mas são chuvas muito intensas mas também muito curtas. Na monção de inverno as temperaturas são um bocadinho mais suaves, mas estamos a falar sempre de temperaturas em torno aos 30 graus. A temperatura da água também é muito constante em ambas monções, em torno aos 27 a 29 graus, portanto uma temperatura sempre muito agradável.
É tranquilo e seguro dar um passeio pela ilha?
Sim, sem nenhum tipo de problema, tirando a questão de ter que haver algum recato na vestimenta, mas sem nenhum tipo de problema, a população local é super amável, sempre com um sorriso. A vila é que é muito pequenita, tem uma pequena rua principal a que chamam Les Champs-Élysées, onde há um pequeno café, uma mercearia que ainda funciona à moda antiga, onde o proprietário aponta numa caderneta consumos mensais para a população local, mas claro que o turista tem que ir pagando os seus consumos.
Há também alguns pequenos negócios locais, alguma oferta de restauração, um posto médico, mas é um meio muito pequeno, estamos a falar de uma vila de 40 pessoas.
E qual é a distância aproximada entre o hotel e a vila?
Sete minutos a pé, portanto, dá para o cliente que queira fazer uma experiência gastronómica fora do hotel, ir até lá sem nenhum tipo de problema.
A maior distância que uma pessoa percorra a pé na ilha, que seria fazer o perímetro todo à beira-mar, em passo normal de caminhada, pode ser uns 40 minutos. Depois, entre a praia do hotel e a doca, estamos a falar também de uns 7 minutos a pé.
Isso significa que podem dar-se uns bons passeios à beira-mar, sempre pela areia…
Sem nenhum tipo de problema, de facto… Posso falar da minha experiência pessoal: nas minhas viagens levei sapatos, ténis, chinelos, mas só usei os sapatos para ir e para voltar, de resto andei sempre descalço.
As áreas comuns do hotel, ou têm passeios construídos com madeiras, cocos e bambus para não estragar aquilo, e o chão do restaurante, tal como o do bar, é a areia da praia portanto pode andar-se descalço a semana toda sem nenhum tipo de problema.
E quando se faz o trajeto do hotel para a vila?
É terra batida. Há obviamente a parte mais urbana, se lhe podemos chamar assim, onde não há areia da praia, mas é um chão onde podemos andar descalços sem grandes dificuldades.
São poucos os constrangimentos por as Maldivas serem um país muçulmano
Já se disse que Maldivas é um país muçulmano, mas não é Marrocos, por exemplo, não há aqueles sons de chamamento para as orações?
Há uma mesquita na ilha, pequeníssima, mas tem os seus altifalantes e ouvimos os chamados nas horas das orações o que, no meu entender, até é um momento agradável. Posso dizer que tenho um sono bastante leve mas nunca ouvi o chamado para a primeira oração do dia. Ouvi algumas vezes durante o dia e isso acaba por dar um encanto especial à ilha porque estar rodeado de coqueiros a ouvir o chamamento para as horas das orações, é uma experiência fora do habitual.
Mas o facto de se tratar de um país muçulmano coloca alguns constrangimentos aos turistas?
Os constrangimentos acabam por ser dois. Um que diz respeito ao consumo de álcool, que é um elemento que está proibido pela religião muçulmana. Aliás, não só o álcool, qualquer substância que altere a nossa consciência e nosso estado de ânimo.
Mas em relação ao álcool, efetivamente nas ilhas que têm população local a morar lá, o consumo de álcool não é permitido. E outro condicionante é em relação ao usufruto das praias. Porque nas ilhas locais os turistas não podem andar, se me permite essa palavra, “descascados”.
As pessoas têm que guardar algum tipo de recato nessas questões. Dito isto, os hotéis que estão em determinadas ilhas encontram sempre uma forma de o cliente usufruir da praia e poder estar de biquíni ou poder tomar um vinho ao jantar ou uma cerveja fresquinha.
As câmaras municipais das ilhas locais determinam uma zona de praia a que chamam localmente de Bikini Beach, que é onde este tipo de normativas a nível de recato na vestimenta não existe, e aí podemos estar como se estivéssemos em uma praia de um resort privado.
Fala-se nas Maldivas e o óbvio é falar em mar, mas claro que há vegetação. O que é que se pode encontrar?
Outra das questões que pesou também na escolha da localização do hotel, foi procurar uma ilha onde houvesse uma grande parte de vegetação. De facto, um 60% da ilha tem a sua própria vegetação natural, obviamente trata-se de palmeiras e coqueiros.
O hotel tem uma pequena horta, que neste momento está inativa, mas há um projeto para a recuperar, para que ali se plantem alguns vegetais para utilizar na restauração. Pretende-se que seja cultivada também de uma forma ecológica e sustentável a nível de agroquímicos, etc.
Encontra-se outros turistas na ilha que não estejam alojados no Ecoboo?
Encontra. Na há outro hotel mas é um conceito completamente diferente do Ecoboo, é um hotel que está muito inserido na vila, aliás o empreendimento foi construído mesmo no fim da vila. Depois há um par de guesthouses com quatro aseis quartos porque o mercado italiano, que foi o que começou a desenvolver o turismo nas Maldivas, estava muito habituado a este tipo de estabelecimentos, aliás, muitos eram geridos por italianos que tinham ido lá em férias e acabaram por ficar a morar lá e montar a sua pequena pousada, a sua pequena guesthouse.
O turista dá um pontapé num coco e fere-se num pé. Tem assistência médica?
A ilha tem um posto médico que é básico mas que dá para resolver essas situações. Outra opção é a ilha que fica em frente a Thinadhoo, que são uns 10 minutos de travessia, onde há um pequeno hospital e depois, obviamente, se há alguma coisa que não possa ser tratada em nenhuma destas duas unidades, aí vai para Malé, a capital, onde já existe outro tipo de infraestruturas.
Já se disse várias vezes que a ilha é muito pequena, que tem muito poucos habitantes. Onde é que vão buscar os empregados para o hotel?
Temos alguns maldivanos, especialmente na parte das atividades, dos tours, depois, a nível do restaurante, cozinha, quartos, etc., há muitas pessoas do Sri Lanka, e indianos também, normalmente os países que estão ali perto. E há portugueses: o diretor do hotel, que é um dos sócios, é português. E agora vou eu que sou espanhol mas já sou meio português.
Fotos: cortesia de Fernando Bandrés e Ecoboo Maldives