TAP vai “trabalhar como se não fosse haver privatização”, garante Luís Rodrigues

O presidente da TAP, Luís Rodrigues, afirmou esta segunda feira que “temos todas as condições para transformar a TAP numa das companhias mais atrativas do mercado da aviação a nível mundial”. Afirmando que a abertura do capital a privados não estraga esses planos, garantiu que a companhia vai continuar a trabalhar como se a privatização não estivesse no horizonte.
Na intervenção proferida num almoço promovido pela Associação da Hotelaria de Portugal subordinada ao tema “TAP, e agora?”, Luís Rodrigues garantiu que “a privatização não estraga os nossos planos de tentar transformar esta companhia numa das mais atrativas da indústria”. Segundo o responsável, este é um caminho que vai ser feito “com as equipas, vamos tentar baixar o tom, porque, de facto, a nossa sorte é que 75% dos nossos passageiros não são portugueses, não viram a CPI [Comissão Parlamentar de Inquérito] “, disse.
A propósito, Luís Rodrigues garantiu que a companhia vai trabalhar “como se não fosse haver privatização”, isto porque, se assim acontecer “quem vier vai dizer esta malta é boa, estão-se a mexer, deixa estar, não toques, não estragues'”, acrescentou Luís Rodrigues.
Assegurando que os resultados da companhia “vão continuar a ser bons” e que a TAP está a viver “um bom momento”, adiantou prever que “os próximos 20 anos, com ou sem privatização” serão “muito saudáveis para a TAP e para a economia por arrasto”.
“Não podemos aceitar que, numa economia de futuro sustentável, haja um aeroporto dentro da cidade”
Apesar dos resultados positivos e das perspécticas auspiciosas, Luís Rodrigues frisou que a TAP enfrenta diversos desafios, como a sustentabilidade, a digitalização / Inteligência Artificial (como vão ser integradas de forma a aumentar as receitas) e o Aeroporto.
“Precisamos de um novo aeroporto”, afirmou Luís Rodrigues, alertando que já não se trata de dizer que ele é necessário para aumentar o número de turistas, mas sim para que o número atual se possa manter. “Se não fizermos um novo aeroporto deixamos de ter os turistas que temos hoje”, alertou, justificando que os turistas não vão querer “perder duas ou três horas” no Aeroporto de Lisboa, quando noutros destinos isso não acontece.
Defendendo que é preciso ter uma decisão “seja ela qual for”, o CEO da TAP afirmou, no entanto, que ter um aeroporto dentro da cidade não é sustentável: “Não podemos aceitar que, numa economia de futuro sustentável, haja um aeroporto dentro da cidade (…) com todas as ineficiências que isso envolve”, disse, acrescentando que “não podemos perder de vista que um novo aeroporto de Lisboa é, por si só, um evento transformador da nossa sociedade”.
Aeroporto do Porto “está no nosso radar como não esteve até agora”
Respondendo a uma pergunta de um hoteleiro sobre a estratégia que está delineada para o Aeroporto do Porto, o presidente da TAP começou por afirmar que “a relação da TAP com o Porto está cheia de mitos” para assumir depois que ao Aeroporto do Porto estará reservado um papel muito maior do que aquele que teve até ao momento.
“Pragmaticamente, não vamos ter um novo aeroporto em Lisboa ou na região de Lisboa nos próximos 10 anos, mesmo que a decisão seja tomada amanhã. Até 2025, estamos relativamente condicionados pelo plano de restruturação e não podemos crescer no número de aeronaves, mas entre 2025 e os próximos 10 anos a nossa margem de manobra para crescimento é o Porto”, afirmou.
Admitindo que “ainda não conseguimos definir a estratégia para o Porto, mas consigo dizer já que o Porto está no nosso radar como não esteve até agora” na operação da companhia, assegurou o presidente da TAP.
Sublinhando que “para mim é muito claro que o Aeroporto do Porto tem um papel maior do que aquele que tem tido até agora”, Luís Rodrigues assumiu ter ficado “contente” por ver que “o decreto-lei faz uma referência particular ao Porto”.
Ainda em resposta a um hoteleiro presente sobre o aumento de preço das tarifas aéreas na TAP, o presidente da TAP disse que esse aumento não aconteceu só na TAP. “Isso é verdade para toda a indústria”, disse, precisando que “talvez a TAP tenha subido um bocadinho mais porque estava lá mais atrás (,,,) mas está em linha com toda a indústria”.