TAP é a “mochila” que Pedro Nuno Santos “carrega”. Novo aeroporto é para já
Novo aeroporto e TAP são temas recorrentes nas intervenções do presidente da CTP e não faltaram no almoço-debate com o secretário-geral do PS que garantiu que à primeira oportunidade de resolver o problema não irá perder nem mais um segundo. Já sobre a privatização (ou não) da TAP, Pedro Nuno Santos não deu resposta, mas disse que a TAP é “um processo difícil”.
Sobre o aeroporto, o presidente da Confederação do Turismo de Portugal começou por dizer, dirigindo-se a Pedro Nuno Santos que “o senhor tinha toda a razão – disse-o na altura em que era ministro das Infraestruturas e mantenho”, recordando que na altura a CTP tinha saudado a decisão de avançar de imediato para o Montijo para depois disso se construir Alcochete.
Desde então, disse, “sabemos o que aconteceu (…) aparentemente estamos a projetar um aeroporto para 90 ou 100 milhões de passageiros, o que é qualquer coisa que eu não vou nunca. É com muita pena que vejo todos os dias recusarmos slots, estamos a recusar turistas que todos querem, dos EUA, da Ásia, com maior pernoita, que gastam mais e nós damo-nos ao luxo de dizer que não venham e não venham durante muitos anos”.
Para o presidente da CTP é urgente tomar uma decisão e, neste sentido, afirmou que “não podemos desistir do Montijo, que é a única infraestrutura que em dois anos pode estar a funcionar”.
Na urgência de solucionar o problema, Francisco Calheiros e Pedro Nuno Santos estão de acordo. Começando por pôr a tónica na incapacidade de decisão que já “custou ao país milhares de milhões de euros” o secretário-geral do PS afirmou que “o país tem que avançar (…) não pode ter medo de decidir”, até porque, alertou, qualquer que seja a solução encontrada não irá ser consensual, todas serão criticadas.
“Não nos podemos dar ao luxo de desperdiçar aquilo em que o país tem vantagens, e nós temos vantagens claras no nosso posicionamento geográfico em fazer a ligação entre o Atlântico e Europa. Temos feito isso mas numa condição altamente precária” porque “temos um aeroporto com uma pista, esgotado, e sem as melhores condições para receber os nossos turistas”, considerou, alertando também para o facto de anualmente se estar a “negar a muitos milhares de pessoas a possibilidade de visitarem o nosso país”.
Recordando que já tinha tentado tomar uma decisão sobre o novo aeroporto “que se frustrou”, Pedro Nuno Santos deixou a garantia de que “à primeira oportunidade, não vou perder nem mais um segundo” porque “precisamos de avançar o quanto antes” e porque “o país tem que avançar, não pode estar parado, não pode ter medo de decidir”.
“A TAP é um processo difícil (…), uma mochila que carrego e carregarei para o resto da vida”
Outra questão levantada pelo presidente da CTP teve a ver com a privatização (ou não da TAP), mas tal como aconteceria relativamente à questão da governance do turismo, também aqui o secretário-geral do PS não respondeu.
Para Pedro Nuno Santos, este “é um processo difícil” e “uma mochila que carrego e carregarei para o resto da vida”, tendo admitido que foram cometidos “erros e falhas”. Ainda assim, considera que é preciso “não passar uma esponja pelo sucesso”, porque, justificou, “nós pegámos numa empresa falida, que tinha cerca de 500 milhões de euros de capitais próprios negativos, que não tinha atividade, que já dava prejuízos antes da pandemia, 100 milhões de euros por ano (…) e a gestão não era pública”.
Recordou também que foi feito um plano de reestruturação que foi negociado com Bruxelas: “Fizemos a reestruturação e todos diziam que ia sair uma Tapzinha” mas aprovado o plano de restruturação “não ficou nenhuma Tapzinha, conseguimos contratar uma administração que pôs a empresa a funcionar e a dar dinheiro”, disse, recordando que nos primeiros nove meses de 2023 a companhia aérea deu 200 milhões de euros de lucro.
“Dualismo e incoerência” da direita
O candidato a primeiro-ministro não deixou de lembrar que “a TAP não foi a única companhia aérea portuguesa resgatada mas só esta é que atraiu atenção e só os políticos que decidiram intervencionar a TAP é que são criticados”.
O secretário-geral do PS referia-se à SATA, intervencionada por um governo PDS/CDS apoiado pelo IL e pelo Chega. “Nunca ouvi nenhum a criticar a intervenção que foi feita na SATA (…). É este dualismo, esta incoerência que caracteriza a política em Portugal que nos impede de olhar para os temas como têm de ser olhados”.
A propósito frisou que enquanto a intervenção na SATA “correspondeu a 10% do PIB regional dos Açores”, enquanto “a intervenção na TAP foi 1,5%”. Além disso, acrescentou, “até hoje, não houve nenhum ano em que a SATA tenha dado lucro”, ao contrário da TAP.