Sustentabilidade ajuda a recuperar o turismo açoriano, diz Francisco Calheiros
A ideia foi deixada pelo presidente da Confederação do Turismo de Portugal, Francisco Calheiros, na conferência “Açores. Que Turismo em 2030”, organizado pela Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo.
Turismo e sustentabilidade são, cada vez mais, duas faces da mesma moeda e, consciente de que uma das preocupações que está na ordem do dia tem a ver com a sustentabilidade dos destinos turístico, o presidente da CTP disse, nos Açores, que o interesse crescente que a região está a ter enquanto destino turístico, se prende exatamente com o respeito que por ali se tem para com a biodiversidade e a com a preocupação face à qualidade ambiental.
Falando a recuperação turística que os Açores estão a conhecer, em número de turistas e dormidas, Francisco Calheiros apontou a sustentabilidade do destino como um dos fatores que o justificam, a par, por exemplo, do maior número de voos de que a região vai beneficiar este ano.
“Este interesse crescente pelos Açores não é de espantar. Basta olhar para a qualidade ambiental, a biodiversidade, a riqueza cultural e as experiências diversas que os Açores oferecem”, disse, sublinhando que “os Açores são um exemplo de sustentabilidade, são mesmo o primeiro arquipélago certificado oficialmente como destino turístico sustentável, de acordo com os exigentes critérios do Global Sustainable Tourism Council”.
Para o presidente da CTP, a sustentabilidade é “atualmente um fator importantíssimo quando os turistas escolhem os seus destinos de férias”, disse, apontando que “no pós-pandemia uma das maiores tendências é o turismo sustentável”, aspeto em que os Açores dão cartas.
Alertou, no entanto, que a recuperação turística pode vir a ser mais lenta do que o esperado, devido à guerra na Ucrânia e aos muitos desafios que ela coloca a um setor que não se refez ainda do impacto negativo de dois anos de pandemia. Por isso disse esperar que “o Governo olhe para o Turismo com elevado grau de prioridade, porque o País precisa que a atividade turística continue a ser o motor da nossa economia, tal como se tem verificado, e com resultados visíveis”.
Açores têm que resolver problema da promoção
Capitalização das empresas, redução da carga fiscal e promoção turística, foram três dos aspetos que Francisco Calheiros elencou como fundamentais para a resolução dos “entraves” à recuperação da atividade turística. Todos eles têm que ser encarados como prioritários para Portugal, como um todo, e para cada região turística em particular. Juntou ainda a modernização aeroportuária, a construção do novo aeroporto de Lisboa, e os recursos humanos.
No que se refere à promoção, um dos “pontos fulcrais quando falamos do futuro do Turismo”, afirmou que tem que ser “prosseguida e reforçada no todo nacional, tanto para o mercado interno quanto para o externo”.
Referiu-se, particularmente, ao caso dos Açores, onde considerou ser “imperativo e urgente a concertação de esforços, público e privado, para a resolução do problema que está colocado ao nível da agência de promoção turística”, já que, enfatizou, “sem estrutura em plena operacionalização e sustentabilidade financeira é o destino Açores que perde, em primeiro lugar, e o destino Portugal que fica diminuído”.
Sazonalidade tem que ser combatida, diz Marcos Couto
Já o presidente da Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo, Marcos Couto, defendeu que a sustentabilidade tem de encarada como uma alavanca do turismo nos Açores e não como um travão.
“Teremos de ter um destino sustentável em 2030, sem que essa sustentabilidade seja um entrave ao nosso desenvolvimento, mas também sem perder este fortíssimo cunho que a natureza tem no nosso destino. É um equilíbrio difícil de encontrar. Temos de adicionar a estruturação da oferta, tendo por base o potencial de cada uma das ilhas e aquilo que elas podem trazer ao todo da promoção açoriana”, afirmou em declarações à imprensa, à margem da conferência.
O presidente da associação empresarial considerou ainda que a sazonalidade é um entrave que é preciso combater para alcançar a tão ambicionada sustentabilidade na atividade turística.
Citado pela agência Lusa, Marcos Couto disse que, devido à sazonalidade, “vemo-nos obrigados a aumentar muito a oferta para a condensar num período de tempo muito curto. Se mantivéssemos essa oferta turística e a conseguíssemos preencher durante todo o ano, teríamos provavelmente um equilíbrio no retorno económico que pretendemos deste destino e um maior sentimento de concretização das pessoas”. Por isso sublinhou a necessidade de reforçar a promoção dos Açores na época baixa.
Marcos Couto voltou a reivindicar a necessidade de implementação de um melhor trabalho de promoção turística na região, elogiando, novamente, a qualidade dos produtos turísticos que a região consegue oferecer e reforçando que o destino turístico deve ser encarado como ‘um todo, respeitando a singularidade de cada uma das nove ilhas’, lê-se numa nota difundida pela Associação Comercial de Angra do Heroísmo.