Sónia Regateiro: “Há mercado e há procura” em Portugal para quarto voo de réveillon no Brasil

Nesta segunda parte da entrevista ao Turisver, Sónia Regateiro, diretora de Operações da Solférias, fala-nos da programação de inverno do operador, com particular enfoque nos programas para o réveillon, onde o Brasil está em destaque. As relações com o mercado foram outro dos assuntos abordados numa conversa em que a COO da Solférias começou a levantar um pouco o “véu” sobre o verão de 2023.
Nesta altura do ano, a programação de réveillon da Solférias já está lançada e aí mantêm os destinos que já vos são tradicionais, embora no Brasil haja alterações, não é assim?
A operação do Brasil já é histórica, há muitos anos que a partilhamos com outros parceiros embora as quotas de operação sejam diferentes. Este ano, porque a Vila Galé abriu o hotel em Alagoas, havia o compromisso de fazer um voo de réveillon para aquele destino. Isto porque existe uma grande proximidade e grande parceria da Solférias com os hotéis Vila Galé e desde sempre tentamos apoiar todas as aberturas dos Vila Galé no Brasil.
Numa fase inicial colocámos apenas dois voos, um do Porto para Salvador, que já é um clássico e a Bahia continua a ser o destino preferido dos portugueses no nordeste brasileiro, e lançámos outro voo que faria Lisboa-Porto-Maceió, com partida a 27 de dezembro. A procura foi de tal ordem que em 15 dias tínhamos o voo esgotado e fomos à procura de uma solução porque estes voos do Brasil não estão só dependentes da procura nacional, para eles se realizarem temos que os rentabilizar de lá para cá porque o mercado português não paga um charter para o Brasil com empty leg, isso seria o dobro do preço do transporte aéreo. Este ano, com a questão do fuel, pior seria porque os preços aumentaram significativamente. Ainda assim conseguimos viabilizar o terceiro voo e neste momento a operação para o Brasil conta com um voo Porto-Salvador, no dia 26 de dezembro, um Lisboa-Maceió também no dia 26 de dezembro e um Porto-Maceió, no dia 27 de dezembro. Ainda temos a esperança que possa aparecer o quarto voo, assim o consigamos vender no Brasil porque cá em Portugal era muito fácil porque há mercado e há procura.
Além do Brasil, em termos de operações de destaque da Solférias para este ano, temos Cabo Verde, como não podia deixar de ser. Vamos começar com voos charter para a ilha do sal a 28 de novembro à partida do Porto e de Lisboa a 27, o que significa que vamos ter operações charter para a ilha do sal durante todo o mês de dezembro, culminando nas partidas de réveillon. Temos ainda um voo adicional a 27 de dezembro, de Lisboa para o Sal. Além dos charters temos muitos lugares contratados com a TAP, pelo que há bastante oferta para Cabo Verde neste período do ano.
Para a Madeira temos quatro voos partilhados, com programas de quatro noites à partida de Lisboa e do Porto, a 28 e 29 de dezembro.
Estas são as operações charter que temos contratadas até ao momento para este ano mas aparte disso temos lugares que vamos contratando com as companhias regulares, temos lugares em firme com a Emirates para as Maldivas, as Maurícias, Tailândia e Dubai, temos um programa de Dubai com Ras al-Khaimah, temos lugares com a Air Europa para o réveillon em Cuba a 29 de dezembro porque a viagem de inspeção que a Solférias vai fazer àquele país será no início de outubro, e temos lugares com a TAP para Dakar (Senegal), e para Marraquexe.
Charter para o Sal vai parar depois do réveillon e retoma na Páscoa
Aparte o réveillon, que é o ponto alto, para este inverno, até à Páscoa de 2023, como é que vai ser a vossa operação?
Vai assentar muito nos voos regulares, o único risco que teremos em charter será a ilha do Sal. O charter para o Sal vai parar depois do réveillon, a 2-3 de janeiro e queremos retomar na Páscoa, como já fizemos este ano. Pretendemos ter um voo de Lisboa e outro do Porto a iniciar no período da Páscoa e a seguir, sem parar, até ao final do verão.
Como é que está o relacionamento com os vossos clientes, as agências de viagens?
O relacionamento com o trade é um pouco como com a nossa família, há uns dias bons outros maus, às vezes até parece que nos zangamos mas no dia seguinte já passou – eu, pelo menos, vejo as coisas assim.
De uma forma geral penso que o relacionamento é bom, da nossa parte tentamos ao máximo estar ao lado do nosso cliente que é o agente de viagens, tentamos colaborar e ajudar. Existem efetivamente alguns aspetos que não podemos contornar porque não temos como, mesmo na questão do aumento do fuel houve muitas partidas em que nós não refletimos a totalidade do aumento para o mercado porque pensamos que o mercado não ia conseguir suportar e, mesmo com as nossas limitações, fomos tentando apoiar. Tentamos manter um call center sempre disponível para estar ao lado do agente de viagens, reforçámos agora a nossa equipa comercial com mais um colega no Porto porque sentimos que faz falta, temos um departamento de apoio ao cliente que, sem falsas modéstias, penso que faz um trabalho fantástico e tenta gerir conflitos e reclamações da melhor maneira possível, sempre que existe um problema de seguros há gente para responder.
Em resumo, penso que o nosso relacionamento com o mercado continua a ser muito positivo e muito bom. Também vejo isso pelos resultados que a Solférias vai tendo porque se o mercado não estivesse contente com a Solférias, os resultados não apareciam – nós dependemos do mercado para vender.
A existência de um número cada vez maior de agrupamentos de agências de viagens, beneficia o negócio ou pode causar alguns constrangimentos?
Para nós beneficia porque em vez de estar a fazer acordos individuais fazemos um acordo global com o agrupamento e isso facilita-nos imenso a nossa atuação. Quando queremos lançar campanhas especiais, por exemplo, é muito mais fácil se o fizermos com um agrupamento do que individualmente.
“O que sentimos é que voltámos a ser tratados como parceiros e com aquele respeito que durante muitos anos existiu de parte a parte. Voltámos a ter a nossa TAP”
E com os parceiros? Todos elogiam a nova postura da TAP para com os operadores turísticos. Também sentem que há grandes diferenças face ao passado?
Como do dia para a noite. Já elogiámos bastante a TAP desde que esta nova administração tomou posse, a equipa de vendas da TAP é fantástica e desde que houve esta mudança, da parte da Solférias só pode haver elogios à TAP e à forma como somos tratados dentro da TAP. O que sentimos é que voltámos a ser tratados como parceiros e com aquele respeito que durante muitos anos existiu de parte a parte. Voltámos a ter a nossa TAP.
Num operador turístico com a força que tem a Solférias, parceiros são muitos mas dá sempre um pouco a sensação que os vossos dois grandes parceiros são a TAP e a RIU.
Temos outros. A Oásis Atlântico é um parceiro que não podemos deixar de referir porque tem uma grande dimensão no destino Cabo Verde e a Disneyland Paris é outro excelente parceiro. São parceiros que contarão sempre com o nosso apoio.
Que novidades é que estão já a pensar para o próximo verão? Poderá surgir algo de novo?
O segredo é a alma do negócio…
Continuar a explorar África é uma opção?
Depende. A nossa intenção para 2023 é consolidar muito as operações que temos, é voltar a trazer para cima destinos que ainda não ganharam força depois do Covid e o Egito é um deles. O Egito é um destino em que queremos continuar a apostar e a melhorar. Não temos perspetivas de novos destinos em 2023, o que não significa que não apareça uma oportunidade porque quando estas surgem nós temos que as avaliar e agarrar, e arriscar porque sem risco não há negócio. Mas a nossa intenção para 2023, como disse, é consolidar e puxar destinos que este ano estiveram mais parados e aí, temos Cuba que pode vir a ser puxado, temos o Egito para reforçar, temos Bali que ainda tem muito para recuperar porque só abriu este ano em Janeiro e a Tailândia que também abriu tarde.
Leia a primeira parta da entrevista à diretora de Operações da Solférias, aqui.