Sonhando já tem a programação no mercado mas José Manuel Antunes avança que “estamos a estudar” uma operação de longo curso
A programação para o verão de 2025, com destaque para as operações charter, foi o principal tema da conversa do Turisver com José Manuel Antunes, diretor-geral da Sonhando, que nos adiantou que, o facto de a programação estar lançada no mercado não significa que esteja fechada e o operador pode ainda vir a ter uma novidade no longo curso.
Neste momento, a Sonhando já colocou os seus produtos no mercado para o verão de 2025, praticamente todos, mas antes de falarmos disso, eu queria fazer aqui um ponto de situação relativamente ao produto que ainda têm para vender para o final do ano?
Temos alguns lugares, sobretudo á partida de Lisboa para o Funchal, para o fim de ano na Madeira, do Porto os lugares que temos são residuais, e temos também pouquíssimos lugares, penso que seis, para o fim do ano no Brasil – está praticamente todo vendido. São Tomé foi uma surpresa e praticamente já não temos lugares, assim como a Guiné leia-se Bijagós, estes eram os nossos destinos para o Réveillon. Portanto, é uma , operação positiva porque as vendas correram genericamente bem.
O foco agora é no lançamento dos produtos para o próximo verão. Se nós fôssemos destacar um produto de charter, entre Porto Santo e a Tunísia, não sei em qual é que têm mais lugares no mercado para vender?
É na Tunísia, participamos em seis voos. A Sonhando vai ter os dois voos tradicionais para Djerba a partir do Porto e também este ano também dois de Lisboa, sendo um deles com a TAP. Isto tem a ver com a questão dos slots no aeroporto – a TAP consegue arranjar slots que as outras companhias não conseguem, portanto, é a nossa opção.
Temos também Monastir. Este ano tínhamos dois voos para Monastir à partida do Porto, no próximo verão vamos ter apenas um, porque vamos ter um para Enfidha a partir de Lisboa, que ocupa a mesma zona geográfica, ou seja, Monastir, Hammamet, Mahdia, Skanes, que são as quatro zonas balneares daquela parte continental da Tunísia, que são muito boas em qualidade e também têm um preço altamente competitivo.
Os voos para a Tunísia continental são só do Porto?
Não, o voo de Monastir é do Porto e o que vai para Enfidha é de Lisboa, com a TAP. Ou seja, no total temos seis voos para a Tunísia, três do Porto e três de Lisboa. Está equilibrado, este ano (2024) tínhamos quatro voos do Porto e dois de Lisboa e no próximo verão vamos ter três voos a saírem de cada uma das cidades.
Isso é um aumento de oferta significativo em relação ao ano passado?
É, sobretudo porque nós vamos começar o voo de Lisboa para Djerba já na Páscoa, concretamente a 5 de abril e vamos dar-lhe continuidade, até 20 de setembro. Este ano fizemos duas semanas no período da Páscoa, interrompemos a operação e depois recomeçámos em junho, e em 2025 a intenção é fazer o voo sem interrupção.
Do Porto também vamos antecipar o início da operação, vamos começar a 31 de maio e terminar a 20 de setembro, o que dá um aumento de voos e de lugares disponíveis, bastante grande. A Tunísia, concretamente Djerba, já era o nosso principal destino em vendas e vai ser reforçado.
Relativamente à Tunísia, houve um período, talvez de dois ou três anos, em que quase só se falava de Djerba, mas, de alguma forma, a Tunísia continental está outra vez a surgir na procura?
Sim. A Tunísia continental tem uma maior diversidade de oferta e, devido a essa diversidade, tem maior qualidade, apesar de em Djerba também haver qualidade em algumas unidades.
Mas a Tunísia continental é mais tradicional, tem mais opções para fazer outro tipo de viagem, por exemplo visitar o deserto é mais acessível a partir do continente do que propriamente da ilha de Djerba, embora Djerba seja um destino excelente, que tem condições fantásticas e preços muito acessíveis e competitivos.
A operação charter da Sonhando para o Porto Santo vai ser de Lisboa com a TAP e do Porto com a Air Horizont
A outra grande operação que vocês vão ter é o Porto Santo?
O Porto Santo, na prática, é uma repetição da operação que temos feito nos últimos anos: um voo de Lisboa, outro voo do Porto.
Nós, este ano, tivemos um percalço com a operação de Lisboa, porque, tradicionalmente, fazíamos essa operação com a SATA e a SATA declinou o contrato e ficou-nos com o slot, tivemos que fazer um part-charter com a TAP, outro part-charter com a easyJet, pelo que ficou a operação um bocado “coxa”, mas para o verão de 2025 já regularizámos a situação e vamos fazer com a TAP.
As partidas vão ser sempre às segundas-feiras, quer de Lisboa quer do Porto, de 2 de junho a 6 de outubro e sem problemas de sobressaltos com os slots e de allotments dos hotéis. É a nossa segunda maior operação e assim vai continuar.
E do Porto também vão voar com a TAP ou não?
Não, do Porto é com a Air Horizont, como tem sido nos últimos anos.
Foi a Sonhando que recomeçou a operação de Porto Santo em 2014, portanto, é o 11º ano consecutivo que nós a fazemos. A operação, quando eu regressei do Brasil e fui para a Sonhando, não havia operação para Porto Santo, o mercado tinha descontinuado essa operação, e é um orgulho ter retomada, até porque considero que Porto Santo, é um destino bom e defende o turismo interno também, o que é importante.
“Falava-se na guerra, em Gaza, mas não tem afetado a operação, a distância é enorme, entre Hurghada e a zona onde há conflitos armados, estamos a falar numa distância como de Lisboa para Bruxelas, e portanto, não há nenhum drama com isso”
Em charter, a Sonhando tem ainda Hurghada, no Egito, que também já tem alguma tradição?
Sim, vamos fazer a operação em parceria com a Solférias, de 6 de junho a 8 de setembro. É o terceiro ano que programamos em charter o destino Hurghada à partida do Porto e o segundo em que o fazemos à partida de Lisboa. É uma operação que tem corrido razoavelmente bem, e que esperamos que continue com essa regularidade.
É um destino que, nas pontas, às vezes há alguma dificuldade em termos de vendas mas no conjunto…
Tivemos grande dificuldade nas vendas de Junho mas, no conjunto, é um destino sobre o qual nós não temos reclamações, antes, por contrário. Falava-se na guerra, em Gaza, mas não tem afetado a operação, a distância é enorme, entre Hurghada e a zona onde há conflitos armados, estamos a falar numa distância como de Lisboa para Bruxelas, e portanto, não há nenhum drama com isso.
Em voo regular mas com lugares garantidos, têm uma vasta programação para São Tomé vão manter?
São Tomé nós fazemos, essencialmente, com a nossa companhia de direção, com a STP Airways, nas partidas às sextas-feiras, embora também se faça com a TAP. São Tomé é um destino onde a Sonhando é líder, é a operação que nós mais vendemos regularmente, durante todo o ano. Não há nenhuma semana em que a Sonhando não tenha passageiros este destino. É, de facto, uma continuidade extraordinária e é um destino pelo qual nós temos muito carinho e gostamos muito.
Agora houve um percalço recente relativamente ao aumento exacerbado das taxas de aeroporto em São Tomé. Todo o trade, os hoteleiros, os operadores, as companhias de aviação, estamos a tentar que haja algum recuo do Governo sobre essa matéria, porque, de facto, isso pode ser muito penoso para o destino e para as vendas, porque é um aumento percentual exageradíssimo. Mas esperamos que isso ainda se consiga regular.
E para São Tomé vocês acabam por fazer vários tipos de programação?
Sim, quem quer ir uma semana e ficar sempre no mesmo hotel pode fazê-lo. Depois temos combinados de vários dias com o Príncipe, de acordo com a vontade das pessoas. É um destino diversificado e que tem essa possibilidade de ser feito à medida da vontade de cada cliente.
Também em voos regulares, com a Emirates e com a Turkish Airlines, têm as Maldivas?
É um destino que tem tido vendas muito agradáveis, que nós temos vendido razoavelmente bem, sobretudo o Ecoboo, do qual temos o exclusivo para Portugal, e onde temos agora o nosso ex-diretor comercial, que é o diretor comercial da unidade hoteleira, o Fernando Bandrés.
É um destino com partidas de Lisboa e do Porto que nós vendemos também com uma grande regularidade. O Ecoboo é uma coisa única, é um hotel que é todo construído em bambu, portanto, altamente ecológico. Como a ilha é habitada por muçulmanos, não se pode beber bebidas alcoólicas na ilha, mas há um barquinho que está a 50 metros da ilha, onde já se pode ir ao bar e jantar com um belo vinho. É um destino em que nós acreditamos também bastante.
Nós lançámos uma série de novos destinos, sobretudo do Oriente, Vietname, Índia, etc., e também temos estado a fazer algumas vendas sobre isso. E temos o Brasil, que nós às vezes esquecemos um bocado do Brasil, mas, além de termos uma operação bastante acentuada no Réveillon, nós temos o Brasil todo o ano para Fortaleza, Natal, Recife, Maceió, Salvador e Rio de janeiro. É também é um destino que nós vendemos constantemente durante todo o ano e que também tem alguma relevância nas vendas da empresa.
“Não, não está fechada, nós estamos a estudar, há largos meses, uma operação que eu não vou revelar qual é que é, por razões estratégicas e comerciais, mas é uma possibilidade virmos a ter uma operação de longa distância, mas não há nada ainda de definitivo”
O Brasil é com a TAP?
É com a TAP, nós somos um dos operadores, penso que são cinco operadores, que têm acordo com a TAP, da tarifa do operador, que só podemos vender com o pacote, como é evidente, e é isso que nós fazemos, nós respeitamos religiosamente esse acordo que temos com a TAP.
E existe alguma flexibilidade, por exemplo, um casal queira começar a sua viagem no Rio de Janeiro e acabar, por exemplo, no Recife?
Sim, existe essa flexibilidade, podemos fazer combinados. Sim, temos que fazer um voo interno entre os pontos, mas no voo da TAP pode entrar por Natal, sair por Salvador, entrar por Fortaleza e sair pelo Rio de Janeiro, sem problema nenhum.
Para além do que temos estado a falar, ainda pode surgir mais alguma coisa na vossa programação, ou já está mesmo fechada?
Não, não está fechada, nós estamos a estudar, há largos meses, uma operação que eu não vou revelar qual é que é, por razões estratégicas e comerciais, mas é uma possibilidade virmos a ter uma operação de longa distância, mas não há nada ainda de definitivo, depende um bocado das condições e dos apoios que nós viermos a ter, e sobretudo, há algum receio da concorrência que temos, sobretudo dos operadores espanhóis, que é uma concorrência estranha.
Estou a recordar-me, por exemplo, de Zanzibar, que nós começámos em 2023 com algum sucesso, e os nossos amigos espanhóis, em 2024, fizeram uma operação para o destino à partida de Madrid, com preços flagrantemente mais baixos do que os nossos. Apesar de ter sido à partida de Madrid, faziam a oferta dos voos, quer de Lisboa, quer sobretudo do Porto, sem nenhum valor extra, e de facto, nós não temos a capacidade de perder milhões de euros como eles perdem – fecharíamos a empresa seguramente -, e, portanto, nós temos esse handicap, que é um handicap sério nesse tipo de concorrência.
A minha posição foi sempre, e continuará a ser, a de valer mais virar as costas ao absurdo do que tentar dar cabeçadas contra a parede.