Sonhando deu 1,4 milhões de euros de lucro antes de impostos em dois anos, revelou José Manuel Antunes
Em entrevista ao Turisver, José Manuel Antunes, diretor-geral do operador turístico Sonhando, faz o balanço das vendas para as operações de verão, com destaque para o novo destino Zanzibar e avança já com aquela que será a base da operação de fim de ano 2023-2024 em voos charter. Os resultados do operador nos últimos dois anos estão também entre os assuntos abordados.
O período de pré vendas tem corrido bem mas ainda há muita coisa para vender para este verão que se aproxima?
Está a ser um ano estranho nas vendas, porque para as partidas da Páscoa, e após esta época, as vendas foram excecionais, batemos os recordes em relação ao período idêntico na pré pandemia. No entanto, as operações charter que temos para o verão estavam bem vendidas no fim do mês de Abril, tínhamos níveis de vendas muito superiores no comparativo com anos anteriores mas com muitos desequilíbrios, uma vez que há períodos e partidas esgotadas e outros que estão ainda com muitos lugares para serem vendidos. Por isso o foco está em ainda em vender para rentabilizar as operações.
Há uns dias estávamos nos 70% dos lugares charter vendidos, em números absolutos dos 7.891 lugares que tínhamos à partida, tínhamos vendido cerca de cinco mil lugares e agora ainda temos os restantes para vender, mas estamos com um bom ritmo de vendas e ainda faltam algumas semanas para o início das operações.
Está a ser um bom ano, até tendo em conta que temos uma oferta vasta, como no caso da Tunísia, que temos seis voos em parceria, cinco à partida do Porto e um de Lisboa, devendo-se este desequilíbrio às restrições que nos são impostas pela falta de slots no aeroporto de Lisboa e nos impedem de vender e de dar um bom serviço aos clientes.
A Sonhando, para além da oferta em charter também tem uma aposta significativa em voos regulares, como está a procura?
Tem-se vendido bem em especial o Brasil e o México em voos da TAP, mas realço São Tomé e Príncipe que tem tido um aumento fantástico na Sonhando, é um destino de grande aposta “cá na casa” até pela nossa ligação empresarial com a STP, sendo este ano o principal destino em vendas da Sonhando em voo regular.
Para Zanzibar, destino novidade no mercado, a Sonhando está a fazer um forcing nas vendas
Este ano a grande novidade do mercado em charter é o destino Zanzibar. Como é que se têm comportado as vendas até tendo em conta que não estamos a falar de um pacote turístico barato?
Estamos satisfeitos, temos todas as partidas com cerca de 60% de vendas em média, mas temos ainda uma margem para fazer um forcing de vendas. É um destino relativamente caro, foi a grande aposta que se fez este ano no mercado, mas como já referi anteriormente estamos a cerca de dois meses do início da operação e estamos muito confiantes porque se as vendas a continuarem a chegar ao ritmo que têm estado vão rentabilizar a operação. Os nossos parceiros agentes de viagens e até os clientes, que não conhecem bem o destino, vão ficando mais informados do destino fantástico que é Zanzibar e estou convencido que vamos continuar a vender bem e até que será um destino para os próximos anos, porque serão os turistas portugueses que este ano vão viajar para lá que irão ser os seus maiores divulgadores.
Lançaram há um par de semanas um combinado de Zanzibar com um dia de safari na Tanzânia. Tem tido procura?
Essa foi uma ideia que colocámos recentemente no mercado e surgiu depois de ter estado em Zanzibar e ter feito essa extraordinária experiência, passar um dia num safari em que se veem todos os tipos de animais que estão no imaginário de todos quando se fala em safaris. É uma sensação quase mágica estar a fazer umas férias de praia e de repente passarmos um dia num safari que começa às cinco da manhã e vai até às seis da tarde. É uma melhoria da nossa oferta que pode ser uma mais valia para a venda nas agências de viagens. Estamos a ter já alguma procura para este combinado mas não tão rápida quanto esperávamos.
Entre os vossos destinos charter o que é que tem sido surpresa pela positiva em termos de vendas?
O que estamos a vender mais é Djerba à partida de Lisboa, temos quase todas as partidas esgotadas, mas só temos um voo por semana à partida de Lisboa, se bem que nos voos à partida do Porto as vendas também estejam bem.
O Porto Santo está a ter vendas muito boas dentro do que nos habituou, não nos podemos esquecer que foi o único destino para onde apostámos numa programação charter no “negro verão” de 2020, e foi a única operação charter que nesse verão tivemos à partida de Portugal continental.
Desta operação em que a Sonhando participou, vai ficar para sempre uma marca que jamais nos esqueceremos, o que nós fizemos para conseguir dar uma opção de férias aos turistas e manter o turismo, foi enorme e queria salientar o apoio que tivemos da Associação de Turismo da Madeira e do Governo Regional que também foi determinante para irmos em frente com a operação.
“No que se refere a operações charter, temos previsto quatro voos para o Brasil, dois do Porto e dois de Lisboa, e quatro voos para o Funchal, igualmente dois à partida do Porto e dois de Lisboa”
Sei que como diretor-geral de um operador está sempre a pensar mais à frente. Já tem definido o grosso da operação de fim de ano da Sonhando?
Já temos as coisas organizadas. No que se refere a operações charter, temos previsto quatro voos para o Brasil. Teremos dois voos do Porto, um para Salvador e outro para Maceió e outros dois de Lisboa para os mesmos destinos.
Vamos também ter quatro voos para o Funchal, igualmente dois à partida do Porto e dois de Lisboa e, seguramente, iremos reforçar a operação de São Tomé a com um voo especial.
É verdade que estamos sempre a pensar à frente e por isso já estamos a pensar na programação do verão de 2024.
Estas serão as vossas grandes apostas? Não vão ter mais nada em risco para o fim de ano?
Em risco, provavelmente não. Nós já temos há muitos anos uma parceria com a Solférias e com a Exótico para os voos de fim de ano para o Brasil e tem corrido sempre muito bem, apenas foi interrompida em 2020 por causa da pandemia. A única coisa que mudámos um pouco nos últimos anos foram as saídas do Porto o que tem a ver com duas questões: primeiro, porque o mercado do norte tem subido bastante o que é determinante para isso mas mais determinante ainda é o facto de termos a necessidade de andarmos para a frente e de o aeroporto de Lisboa não nos dar resposta.
Na Sonhando o lema é fazer melhor no ano seguinte do que se fez no anterior
Disse há pouco que já estava a pensar em 2024. Será para manter o que têm este ano?
Eu tenho sempre um lema para cada ano que é o de fazermos melhor aquilo que já fazemos bem, e é mais fácil crescermos onde já estamos muito bem do que inventar coisas novas e partir para o desconhecido. Portanto, a base para 2024 é fazer o que estamos a fazer este ano mas tentar fazer ainda melhor.
É evidente que temos algumas ideias, inclusivamente temos ideias para o inverno deste ano mas por razões comerciais ainda ano as posso divulgar porque ainda estão e desenvolvimento, mas é provável que a Sonhando venha a ter alguma surpresa de “pedrada no charco” ainda para este inverno, até porque não nos podemos esquecer que somos propriedade de uma companhia de aviação que é a euroAtlantic, que tem necessidade de pôr os seus aviões a voar pelo que a probabilidade de termos algum novo destino neste inverno é grande.
Portanto, em 2024, vão tentar crescer reforçando os destinos que já têm ou poderão ter alguma novidade?
Estamos sempre abertos a novidades e principalmente a desenvolver o que já temos. Estive recentemente na feira de turismo do Dubai e estive a tentar desenvolver um produto que já temos mas com uma oferta que é ainda exígua, as Maldivas, portanto este é um produto que vamos desenvolver, com uma oferta mais ampla e diferente. Não será nunca um destino de ponta da Sonhando mas poderá ser um bom complemento.
Também decorrente da feira, estamos a pensar lançar algumas novidades para os Emirados Árabes Unidos, fazendo combinados diferentes. Nós gostamos de ter coisas diferentes, um bocado “tailor made”, por exemplo, nós somos os únicos a ter Bijagós na programação, apesar de ser um destino um pouco de “lá vai um”. Todos estes destinos serão sempre alvo de um carinho especial na Sonhando, muito cuidados, como se fossem viagens à medida.
O que posso dizer é que iremos ter novidades em 2024 que serão certamente no longo curso. Estamos a seguir duas ou três pistas e uma seguramente irá para a frente mas é ainda cede para divulgar.
Já se pode dizer ao mercado que Zanzibar vai continuar em 2024?
É minha convicção que sim, a experiência não está a ser má, está apenas a ser mais lenta do que em determinada altura pensávamos que seria. Penso que os nossos parceiros, a Solférias, também estão satisfeitos. O primeiro ano é sempre mais complicado, portanto, penso que haverá condições para continuar.
“Os resultados são extraordinários tendo em conta a nossa dimensão. Em 2022 tivemos um lucro antes de impostos de 879.954,09€, que se somam aos mais de 466 mil euros do ano anterior, o que dá quase 1,4 milhões de euros em dois anos”
Não resisto a perguntar que resultados teve a Sonhando S.A. nestes dois últimos anos?
Os resultados são extraordinários tendo em conta a nossa dimensão. Em 2022 tivemos um lucro antes de impostos de 879.954,09€, que se somam aos mais de 466 mil euros do ano anterior, o que dá quase 1,4 milhões de euros em dois anos, sendo que o ano de 2021 foi ainda um ano de pandemia e o primeiro trimestre do ano passado também.
Durante a pandemia a Sonhando teve uma performance fantástica: não despedimos ninguém, nunca deixamos de pagar os ordenados na íntegra apesar de nunca termos tipo apoios. Em contraciclo do mercado, desde 2021 até 2023 temos mais cinco quadros na empresa, passámos de 12 para 17, em 2022 aumentamos 23,5% a massa salarial e conseguimos ainda assim ter quase 900 mil euros de lucro. Posso dizer que nesta semana em que estamos a falar pagámos ao Estado 202 mil euros de IRC.
Para nós, esta performance da Sonhando, é um motivo de grande orgulho e temos que agradecer ao mercado a confiança que tem depositado em nós. Nós temos sempre esta postura de que é importante vender mas a rentabilidade também é importante para as pessoas se sentirem bem, para pagar salários, para podermos continuar a fazer coisas e enquanto eu for diretor-geral da empresa irá ser assim.