Setor das viagens atraente para trabalhar, mas recrutamento é difícil

A maioria dos decisores que participa no WTM Industry Report 2022, acredita que o setor das viagens é atraente para trabalhar, embora o recrutamento de mão-de-obra para trabalhar no mesmo não seja fácil neste momento.
No relatório, baseado numa pesquisa entre os compradores, expositores e visitantes seniores, que participam na WTM London, que decorre em Londres, entre 7 e 9 de novembro, sobre o tema “The Future of Travel Starts Now”, questionados sobre se veem o setor de viagens como atraente para se trabalhar, 70,5% responderam afirmativamente, enquanto 14% disseram: “talvez”.
Cerca de um em cada oito (13%) disseram que não, justificando a resposta como o setor das viagens “não ser atraente para trabalhar no momento”.
À pergunta, “Qual é o seu maior problema para atrair talentos?”, 22% dos mesmos decisores responderam “falta de salários competitivos”, outros 22% apontaram para a “falta de candidatos adequados”, enquanto 14% mencionaram “a reputação da indústria”. Os regulamentos governamentais, as regras de imigração e o Brexit surgem em quarto lugar, com 11% dos inquiridos a garantirem serem o maior problema que os empregadores enfrentam.
No entanto, para 10% destes inquiridos, “a perda de funcionários para outras indústrias” parece ser o que mais os incomoda, contra 10% que apontam o facto do setor das viagens “estar a competir com outros setores quando se trata de recrutar candidatos”.
Por fim, as horas de trabalho e de formação são observadas como sendo os maiores problemas para atrair talento, para 6% e 2% dos inquiridos, respetivamente.
O mesmo relatório dá conta que questionados sobre de que forma “estão a lidar com o tema do talento?”, 27% responderam que oferecem trabalho flexível para atrair mais funcionários, enquanto 24% oferecem incentivos, 17% mostram-se mais disponíveis para recrutarem pessoas fora do setor, 14% dizem pagar salários mais altos, 11% oferecem melhores perspetivas de carreira e 2% oferecem mais férias.
Empresas oferecem melhores condições para reter talentos
Já no que diz respeito à forma como estão a tentar reter os seus funcionários, 45% das empresas de viagens dizem ter começado a oferecer melhores condições, enquanto 22% estar ainda a preparar-se para melhorar as condições e incentivos. Dezassete por cento ainda está a “ponderar fazê-lo” e 10% não pretende sequer avançar com melhores condições.
No que toca aos “tipos de condições ou benefícios auferidos aos trabalhadores pelo empregador”, 57% esclarece estar a dar formação e progressão para manter a atual equipa; 48,5% oferece trabalho flexível, 38% deu aumentos salariais e 37% está a oferecer “maiores benefícios”.
Alimentação gratuita (21%), viagens gratuitas (20%), descontos (16%) são também apontados pelos inquiridos como formas de reterem as equipas atuais. No final da lista e apenas com 1% surge a oferta de cuidados infantis gratuitos.
Para Juliette Losardo, diretora do World Travel Market London Exhibition, “a nossa pesquisa entre os principais decisores do setor das viagens mostra que a maioria pensa que esta é uma carreira atraente, mas a verdade é que o setor debate com o problema do recrutamento e de como preenchem essa lacuna?”
A oferta de incentivos e benefícios para reter os funcionários é encarada pela mesma responsável como um bom sinal, mas a falta de pessoal é uma realidade e num outro inquérito realizado a uma amostra de duas mil pessoas no Reino Unido, 60% dos mesmo não vê o setor das viagens como atrativo para trabalhar.
Atrair mulheres para o setor pode ser solução
“Será que as empresas de viagens precisam ser mais proativas e inovadoras, quando se trata de oferecer incentivos atraentes que as pessoas realmente precisam?”, questiona-se a mesma responsável, sublinhando que “apenas 1% dos entrevistados oferece cuidados infantis gratuitos ou no local de trabalho. Sabemos que estes são caros e que são também uma das principais razões pelas quais as mulheres em particular se sentem incapazes de regressar ao trabalho depois de serem mães”.
Juliette Losardo chamou ainda a atenção para o facto de “dois terços dos principais decisores que participaram no inquérito para o WTM London 2022 Industry” serem homens, sugerindo que “se forem dados mais incentivos às mulheres”, talvez estas possam regressar mais rapidamente ao mercado de trabalho e preencher essas lacunas.