Senegal, Zanzibar, Tunísia, Marrocos e Egito: Dário Brilha “desvenda” os destinos charter da Solférias em África
Gestor de Produto na Solférias, Dário Brilha tem responsabilidade sore uma panóplia imensa de produtos que cobrem África, em voos charter e regular e também o Brasil. Porque a programação é vasta, escolhemos para esta primeira parte da nossa conversa, falar das operações charter para os destinos africanos, viajando de Zanzibar, na Tanzânia, até ao Egito, passando pelo Senegal, Tunísia e Marrocos.
A Solférias programa em charter diversos destinos em África. Comecemos pela novidade do ano passado, que foi Zanzibar. Como é que correu a operação?
Correu bem. Foi uma aposta com algum risco porque se trata de um voo de nove horas e isso tem um peso considerável naquilo que é o produto turístico, além de se tratar de um destino que apesar de estar no mindset das pessoas, era quase desconhecido dos agentes de viagens e nunca tinha tido uma operação charter à partida de Portugal.
O ano passado já colocámos a operação no mercado um pouco tarde – este ano conseguimos antecipar e isso vai ajudar-nos bastante a escoar o produto – mas os resultados foram bons porque a operação está muito bem montada. Os voos saem no domingo à noite, são dois voos noturnos que permitem aproveitar oito dias no destino – o voo chega lá à segunda de manhã e só sai na segunda à noite para chegar cá na terça de manhã. O facto de as partidas serem ao domingo à noite permite-nos apanhar o mercado das luas de mel, mas o destino não se vendeu apenas para casais, vendemos muito para famílias.
A operação acabou por ser um sucesso e este ano vamos ter mais três partidas, começando no dia 21 de julho e terminando a 15 de setembro (última partida) e acreditamos que há mercado para as escoarmos.
Isso apesar de o preço médio para Zanzibar não ser baixo…
É um produto com um preço médio acima da média, por duas razões: porque estamos a falar de um voo longo e porque a época alta em Zanzibar coincide com o nosso verão e os hotéis estão cheios com vários mercados europeus e com americanos que fazem safaris na Tanzânia e depois vão para Zanzibar. Por outro lado, existem muitos hotéis em Zanzibar mas não há muitos com o verdadeiro conceito All Inclusive, o que há muito são boutique hotéis. No entanto acredito que em cinco ou seis anos, com as aberturas de hotéis RIU e TUI que estão programadas, a hotelaria terá um preço mais condizente com aquilo que estamos à espera.
O agente de viagens conseguiu adaptar-se à nova linguagem de venda que este produto requeria ou ainda há trabalho a fazer?
Ainda existe um universo muito grande de agentes de viagens que não conhece Zanzibar e esse trabalho tem que ser feito, seja com investimento nosso seja por conta e risco dos agentes com uma ajuda nossa em termos de tarifas especiais que consigamos arranjar, mas nós fizemos um trabalho muito grande de formação com as agências.
Nós trabalhamos numa empresa que nos dá ferramentas para visitarmos os destinos e são poucos os hotéis que programamos em que não tenhamos estado e por isso quando falamos fazemo-lo com propriedade. O ano passado o meu telefone tocou muitas vezes por causa de Zanzibar porque o cliente aparecia, tinha dúvidas a que o agente de viagens podia não conseguir responder a todas mas a parte boa da tecnologia é que com grande facilidade conseguíamos passar essa informação ao agente e acho que isso contribuiu para termos uma boa operação.
O destino vende-se com uma foto ou um vídeo e o meu sonho é que mais portugueses tivessem a oportunidade de ir até Zanzibar porque é mesmo muito bom, está muito acima da média.
Em 2023, a operação para o Senegal “foi diferente e foi melhor. Estamos a falar de um destino que não estava desenvolvido para o mercado de lazer – era mercado corporativo, em voos TAP. Fomos nós que abrimos as portas do Senegal para o lazer e correu bem. Em 2023 correu melhor porque já não havia o mesmo desconhecimento do destino”
Falemos do Senegal que correu bem logo no ano de lançamento. O ano passado foi diferente, foi melhor?
Foi diferente e foi melhor. Estamos a falar de um destino que não estava desenvolvido para o mercado de lazer – era mercado corporativo, em voos TAP. Fomos nós que abrimos as portas do Senegal para o lazer e correu bem. Em 2023 correu melhor porque já não havia o mesmo desconhecimento do destino. Houve muitos agentes que no primeiro ano foram ao destino, inclusivamente fizemos duas famtrips em que levámos cerca de 100 agentes ao Senegal, para verem não só o hotel da RIU mas fazendo todas as excursões possíveis e como em matéria de destinos turísticos pesa muito o “passa a palavra”, com os clientes a passar um bom feedback aos próprios agentes de viagens, eles sentiram-se mais confortáveis em o sugerir em 2023.
O ano passado vendemos muito mais antecipadamente o destino e vendemos muito para grupos de incentivos. Nos incentivos está-se sempre à procura de destinos novos para que as empresas possam premiar os seus melhores vendedores e o Senegal apareceu como um destino novo a quatro horas de distância.
Tivemos uma quota-parte de grupos mas também muitos individuais que queriam saber o que é o Senegal. Obviamente que a aposta é contínua dado que o destino está a correr muito bem, o feedback que temos tido do hotel é excelente, existe ainda um universo enorme de pessoas que ainda não foram ao Senegal e este ano mantivemos o mesmo número de partidas, com um voo de Lisboa e outro do Porto.
O destino é muito bom, tem um combinado muito forte entre praia e cultura, permite vivenciar o quotidiano dos locais e isso é muito bom.
A Solférias foi o operador que mais turistas portugueses colocou na Tunísia o ano passado
No pós-pandemia os portugueses despertaram muito para o destino Tunísia… A vossa oferta para este destino aumentou muito o ano passado?
Muito. Entre Djerba e Monastir, fomos o operador que mais turistas portugueses colocou na Tunísia o ano passado. Fizemos uma aposta muito grande, tínhamos três voos charter para Djerba (dois do Porto e um de Lisboa) entre a primeira semana de junho e a última de setembro e para Monastir chegámos também a ter três charters, sendo uma série de junho a setembro, outra de julho a setembro e a terceira só em agosto.
Em Portugal já havia quem trabalhasse bem Djerba, mas não havia quem apostasse na parte continental, nós demos o mote e levámos a que hoje haja mais operações para a parte continental.
Se a nível de praia não há grande diferença, em termos da hotelaria na parte continental há uma diversidade que não existe em Djerba. Há várias razões para o sucesso do destino no pós-pandemia: a Tunísia é um destino muito seguro e muito turístico, é muito fácil andar na rua, a hotelaria não aumentou os preços na mesma proporção da inflação e dado o acordo entre os governos dos dois países, os turistas portugueses apenas precisam do cartão de cidadão para viajar.
É um destino que está para ficar e que começa a ser de repetição, aliás temos clientes que vão para Djerba todos os anos ou alternam com a parte continental.
Este ano reforçam a vossa oferta para a Tunísia?
Vamos manter os três voos para Djerba (estamos à espera de uma resposta para sabermos se lançamos mais alguma coisa) e para Monastir neste momento temos dois voos com capacidade similar aos três que tínhamos o ano passado, mas o terceiro voo foi lançado em abril quando verificámos que já não tínhamos produto para vender no pós BTL.
Para Marrocos também têm risco, nomeadamente para Saidia …
O ano passado tentámos ter um voo de Lisboa e um voo do Porto e não conseguimos viabilizar o de Lisboa por falta de slots, o que nos obrigou a deslocar toda a operação para o Porto. Este ano estamos a colocar dois voos do Porto e um de Lisboa – são dois voos à sexta-feira, um de Lisboa e um do Porto e outro ao sábado, do Porto.
É um produto de baixo custo porque o voo é de cerca de 1h15-1h30, com um transfere de 50 minutos e uma semana em All Inclusive. Programamos os mesmos quatro hotéis, a praia oferece o que os portugueses procuram, água tépida e mar calmo, muito apelativo para crianças, e os hotéis têm feito um grande trabalho nomeadamente ao nível das equipas de animação que são hoje muito competentes.
Saidia deixou de ser o eterno “calcanhar de Aquiles” das reclamações?
Vamos tendo algumas reclamações. Saidia é uma zona balnear sazonal e os hotéis têm dificuldade em reter os recursos humanos porque as pessoas preferem ter um emprego de ano inteiro numa grande cidade, pelo que o serviço às vezes apresenta problemas e origina reclamações, mas em termos do produto em si não tivemos nenhuma reclamação. De todos os países do Magrebe, Marrocos é dos que tem mais disparidades culturais relativamente aos europeus e isso nota-se em tudo: na comida, no trato com as pessoas, por isso os clientes têm que ir preparados para esse pequeno choque cultural. Em termos de relação preço-qualidade é um produto imbatível porque é de muito baixo custo.
A verdade é que não tivemos assim tantas reclamações que nos fizessem sentir que não devêssemos voltar a apostar em Saidia.
“Em termos de vendas, e indo à questão da problemática da faixa de Gaza, no início do conflito houve um travão nas vendas porque as pessoas entendiam que todo o Egito estava em alvoroço, o que não acontece na realidade. O Egito é um país muito grande, os pequenos problemas que têm existido têm sido na parte norte, na fronteira de Rafah que está à mesma distância de Hurghada que Valência está de Lisboa”
Também em charter, têm o Egito com Hurghada, no Mar Vermelho. A ideia para este ano é aumentar a oferta face ao ano passado, e terem um voo do Porto, mas também um de Lisboa. Como é que está a correr?
Para já, mantemos a venda tanto para o voo do Porto como para o de Lisboa. O ano passado tivemos muitos clientes de Lisboa a irem apanhar o voo ao Porto e sentimos a necessidade de colocar um voo à partida de Lisboa.
Em termos de vendas, e indo à questão da problemática da faixa de Gaza, no início do conflito houve um travão nas vendas porque as pessoas entendiam que todo o Egito estava em alvoroço, o que não acontece na realidade. O Egito é um país muito grande, os pequenos problemas que têm existido têm sido na parte norte, na fronteira de Rafah que está à mesma distância de Hurghada que Valência está de Lisboa – percebo que seja difícil explicar isto ao cliente -, mas como acontece com todos os conflitos, à medida que o tempo vai passando o conflito vai-se normalizando e as pessoas vão tendo confiança em reservar. Por isso, neste momento as vendas estão a retomar e têm estado a decorrer normalmente, mais para as partidas de julho e agosto mas todos os dias temos tido reservas.
O ano passado a operação correu bem?
Correu. O Egito é um caso sem paralelo. Em 2022 esta operação, embora tenha corrido bem, foi das últimas a arrancar e a escoar mas em 2023 tivemos muitas partidas de agosto e segunda quinzena julho que mesmo antes da BTL já estavam esgotadas e temo que algumas partidas de agosto deste ano esgotem também antes da BTL porque este é um produto é imbatível no combinado de cultura e praia. Apesar de ser de areia coralina, a praia tem um mar muito calmo e quente e o combinado de cultura em Hurghada é imbatível – pode ir-se ao Cairo, pode fazer-se um cruzeiro e a própria cidade de Hurghada é muito interessante.
O Egito é um verdadeiro museu a céu aberto que qualquer pessoa que goste de cultura e de história tem que visitar porque é absolutamente incrível. No passado, qualquer pessoa importante no Egito tinha um sarcófago, agora imagine-se a quantidade de sarcófagos que não existem pelo país. Isto para não falar na abertura do novo museu do Cairo que será gigantesco e ficará na zona do complexo das pirâmides de Gizé.
Por todo o seu passado, o Egito está no imaginário das pessoas desde sempre e nem sequer necessita de grande promoção para se vender. Esperemos que este conflito termine rapidamente porque há uma série de produtos que se podem vender no Egito para além de Hurghada, e que nós também vendemos, como Sharm el-Sheikh, cruzeiros no Nilo, combinados com Cairo e mesmo combinados de Istambul com Cairo.
Além de Hurghada vendem outras praias na região?
Sim, o voo é para Hurghada e qualquer pessoa que fique num hotel na cidade tem um transfere para a praia que nunca excede os 15 minutos. Depois, explorando a parte sul de Hurghada, entre Sahl Hasheesh, Makadi Bay e Soma Bay, com transferes que nunca vão além dos 50 minutos, há uma série de grandes resorts que são verdadeiras cidades, onde os clientes podem desfrutar das suas férias.
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