Semana dos quatro dias “é um tiro nos pés”, afirma CEO do Grupo Pestana

No congresso da AHP que decorre em Fátima, o CEO do Grupo Pestana, José Theotónio, manifestou contrário à semana dos quatro dias de trabalho e considerou a situação do aeroporto de Lisboa como uma vergonha, à imagem do que tinha já dito, na abertura, o presidente da CTP.
O CEO do Pestana Hotel Group falava no 1º painel do Congresso Nacional da Hotelaria e Turismo. Com o tema do painel a ser “Gerir em tempos de mudança”, uma das temáticas que esteve em cima da mesa foi a da semana de quatro dias de trabalho. Sobre esta hipótese, José Theotónio começou por dizer, em tom irónico, que “os profissionais hoteleiros tiveram a semana dos zero dias, ninguém trabalhava”.
Depois da ironia, já em tom sério, o responsável considerou que se fossem quatro dias de trabalho mas com mais horas do que atualmente, de modo a que o total das 40 horas semanais não fosse beliscado, até poderia haver benefícios para algumas empresas mas isso, alertou, “obrigaria a uma flexibilização de toda a legislação laboral”. Por outro lado, alertou também que, num momento em que a escassez de trabalhadores no setor está já a provocar “uma redução da qualidade de serviço”, passar de cinco para quatro dias de trabalho semanais “é um desastre, um tiro nos pés”, até porque a hotelaria “trabalha 365 dias por ano, 24 horas por dia”
O CEO do Grupo Pestana foi ainda mais além ao afirmar que a semana dos quatro dias de trabalho “a seguir ao aeroporto, é a segunda maior vergonha nacional”.
A indústria e a saúde analisam o tema praticamente da mesma forma. Num painel que contou com as intervenções de Isabel Furtado, CEO da Têxteis Manuel Gonçalves e Isabel Vaz, da Luz Saúde, foi também afirmado que diluir por quatro dias da semana as 40 horas de trabalho está longe de ser o melhor dos mundos. “Aumentaria muito os acidentes de trabalho” já que “está provado que a maioria dos acidentes acontece depois das oito horas de trabalho”.
“Se está provado que a partir das 7,5 / 8 horas de trabalho, os acidentes aumentam exponencialmente, vamos pôr as pessoas a trabalhar 10 horas?”, foi a questão deixada pela CEO da Têxteis Manuel Gonçalves.
*O Turisver está em Fátima a acompanhar o Congresso Nacional da Hotelaria e Turismo, a convite da AHP