Segurança será fulcral para os turistas na era pós-pandemia
A preocupação com a segurança dos destinos de férias aumentou com a pandemia e, segundo um estudo da Universidade de Coimbra, no pós-pandemia este será um aspeto ainda mais decisivo na hora dos turistas escolherem as suas férias.
Elaborado por duas investigadoras do Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território (CEGOT), Catarina Gouveia e Cláudia Seabra, o estudo agora divulgado conclui que a segurança é “um fator fundamental a considerar na recuperação da indústria turística”.
De acordo com as autoras do estudo, “em termos globais, os turistas indicam uma perceção de risco mais elevada para a prática de todas as atividades turísticas e de lazer, destacando-se as praticadas em espaços fechados ou de dimensão reduzida” devido à maior aglomeração de pessoas. Assim, existe uma grande preocupação relativamente a “parques de diversões ou temáticos, concertos e espetáculos, eventos desportivos, centros urbanos/históricos, compras em centros e ruas comerciais, casinos e casas de jogo, discotecas e locais de entretenimento noturno”.
Em oposição, as actividades que os turistas consideram “menos inseguras”, são as que têm uma maior ligação à natureza, a par de outras como a ida a restaurantes ou visitas a monumentos.
A escolha da tipologia de alojamento faz-se também agora de acordo com parâmetros algo diferentes, com a maioria dos participantes no estudo a darem a sua preferência às férias em casa própria, alojamento local e casas de amigos e familiares. Já o hotel, “que antes era o tipo de alojamento preferido pelos turistas, após a pandemia passa a ser menos indicado”, indicam as autoras.
O mesmo acontece ao nível dos transportes, com a viatura própria a ser o meio de deslocação que concentra a preferência da maioria, em detrimento do avião ou do comboio.
Em resumo, o estudo indica que no pós-pandemia “os destinos de natureza e sem grandes aglomerados de pessoas, onde os viajantes podem encontrar pequenas unidades hoteleiras e conseguem chegar no seu carro próprio, deverão tornar-se os locais mais procurados”.
Os resultados apurado pelo estudo dão, assim “pistas importantes para os gestores das organizações turísticas readaptarem as suas estratégias de marketing, de forma a reconquistar novamente os mercados desta região no contexto pós-pandémico”, sublinham as investigadoras, indicando que o randing dos destinos “deve assentar fortemente no fator segurança e as estratégias de segmentação e comunicação devem ter em linha de conta os novos hábitos dos turistas, centrados em alojamentos mais exclusivos e individualizados e em atividades de lazer associadas à natureza e visita a museus, monumentos e galerias”.
O estudo envolveu 320 turistas que visitaram a região Centro ao longo de sete meses – entre novembro de 2020 e maio de 2021 – sendo 98,4% portugueses.