“Se queremos ter um planeta melhor, temos que ter um turismo melhor”, afirma Luís Araújo
Na conferência “Tourism Ocean Action – Towards a circular and regenerative blue economy”, organizada pela OMT no âmbito da Conferência dos Oceanos, o presidente do Turismo de Portugal quis vincar que o turismo não deve ser encarado como um vilão e que o setor pode fazer muito pelo ambiente.
Começando por referir que “o turismo é muitas vezes visto como o vilão ou como a vítima de tudo o que acontece no mundo”, Luís Araújo defendeu que tanto uma ideia como a outra devem ser desmistificadas e a ideia que deve prevalecer, como acreditam todos aqueles que têm actividades que giram em torno desta atividade, é a de que “o turismo é uma força para o bem”.
“Nós criamos empregos, geramos desenvolvimento, apoiamos outras indústrias, juntamos as pessoas”, justificou o presidente do Turismo de Portugal e da European Travel Commission, defendendo que “se é importante estarmos conscientes daquilo que temos que melhorar, também é importante defender aquilo que pensamos que estamos a fazer bem”.
No âmbito do que está a fazer-se bem, Luís Araújo falou de Portugal e da estratégia traçada em prol da sustentabilidade, garantindo que Portugal está a fazer a sua parte, como outros países também estão a fazer, mas não todos. A propósito, o presidente da ETC deixou claro que muitos países de pequena dimensão, como o nosso, estão a fazer mais pela sustentabilidade do que outros muito maiores, que fazem menos quando deviam fazer muito mais, o mesmo se aplicando às empresas.
Continuando a dar o exemplo de Portugal, o responsável lembrou que mais de 90% do tecido empresarial do turismo é constituído por pequenas e microempresas que não têm os meios necessários para implementar determinadas medidas que são necessárias, pelo que devem ser ajudadas.
Mas implementar medidas e regulamentar não terá os necessários efeitos se na base não estiver configurada uma mudança de atitudes por parte de todos: “Temos que mudar a atitude de todos os que viajam”, afirmou, defendendo que “se queremos um planeta melhor, temos que ter um turismo melhor”. temos de estabelecer princípios e de assumir a responsabilidade”, até porque se ter um planeta melhor é “fundamental para qualquer actividade” é-o ainda mais para o turismo, defendeu.
“Países pequenos, empresas pequenas estão a fazer muito mais do que os grandes”, disse Luís Araújo. “Uma grande empresa pensa que por mudar a garrafa de água de plástico para vidro já é o suficiente” criticou. Assegurando que “não é suficiente trocar o plástico por vidro” considerou que essas empresas têm que ter “uma responsabilidade maior”.
De forma mais genérica, a responsabilidade cabe a todos nós: “temos que reciclar mais”, que encarar a problemática da sustentabilidade do planeta “mais de perto” e “temos que apoiar o turismo e encará-lo como uma força para o bem”.
O que transpareceu desta iniciativa da OMT foi que o turismo tem potencial para liderar a mudança rumo a uma economia azul circular e regenerativa, como também tem capacidade para capacidade catalisar esforços no sentido da sustentabilidade.
No evento participaram representantes de alto nível, incluindo o ministro da Economia e do Mar de Portugal, o ministro do Turismo e Vida Selvagem do Quénia, o ministro do Comércio, Turismo e Transportes das Fiji, a coordenadora das Nações Unidas nas Maldivas e o secretário-geral da OMT.