Sara Pacheco: “Cabe a nós, agentes de viagens, transmitir toda a diversidade de experiências que Marrocos oferece”
Sara Pacheco, do Mercado das Viagens da Maia, participou na viagem de familiarização que esta rede de agências realizou ao Deserto do Saara marroquino com o apoio do Turismo de Marrocos e que também possibilitou o encontro com o Alto Atlas e com as cidades de Fez e de Rabat.
Por Fernando Borges
Esta já não é a sua primeira vez em Marrocos, mas é uma viagem que a trouxe a um Marrocos que desconhecia, o do deserto. O que diferencia este Marrocos?
A primeira vez que estive em Marrocos foi exclusivamente em Marraquexe. Na altura, tinha muita curiosidade, muito por causa de todas as imagens que me chegavam; a cor, o movimento, a vida vibrante, os sabores…, uma imagem que já tinha visto não só em revistas, mas também nas diversas programações dos operadores e agências de viagens, mas também que me eram transmitidas por quem já tinha visitado essa cidade.
Agora, esta viagem permitiu-me uma imersão mais profunda num Marrocos diferente, mais desconhecido, principalmente pelos aspetos culturais ligados ao povo berbere e à sua secular vida marcada pelo deserto, para além da diversidade de paisagens que cruzámos até ele chegarmos. Sem dúvida que esta foi uma experiência mais completa, permitindo-me ver a diversidade que existe neste país e que vai bem para lá das cidades e das praias.
Sai desta viagem bem documentada em termos de experiências. Quais as que vai propor aos seus clientes como sendo obrigatórias?
É um pouco difícil, porque todas foram experiências fantásticas, e tudo dependerá do cliente que estiver à minha frente, sendo muito importante, como agente de viagens, perceber o que o cliente procura. Para um cliente que procura mais aventuras e um contacto mais profundo e intenso com outras realidades, sem dúvida que irei propor toda a região à volta de Ouarzazate, onde destaco as suas kasbahs, ou cidades fortificadas, e tudo o que está ligado ao deserto, até porque é impossível pensar em Marrocos sem pensar nele. Mas é preciso ir ao seu encontro, viver todas as experiências que oferece, onde percorrer as suas dunas e trilhos em 4×4 é sem dúvida a maior atração.
Falando das cidades que conheci, e sendo uma realidade que Marraquexe faz parte das primeiras escolhas de quem vem a Marrocos, seguramente que irei propor Rabat, uma cidade a todos os níveis fantástica, impressionante, principalmente por todo o seu conteúdo histórico e ao que a esse legado está ligado. Obviamente que irei propor uma conjugação entre cidade e a parte que envolve mais, o que poderei chamar de “exploração” e de aventura, que é aquela que se passa no deserto, um lugar onde apesar das muitas imagens que nos chegam das mais variadas formas é mesmo obrigatório ser vivenciado, é mesmo obrigatório sentir toda aquela imensidão. É uma experiência e uma magia que marca qualquer um e que fica.
Durante a viagem conhecemos alguns hotéis da cadeia Xaluca. São o tipo de hotéis certos para esta região tão perto e dentro do deserto e que poderão influenciar o cliente no momento de optar vir ou não para esta região?
Sim, sem dúvida. Fiquei até surpreendida, não só porque oferecem um serviço que vai ao encontro do mais diverso tipo de clientes, mas também pela oferta gastronómica que é um ponto muito positivo, e pelas área comuns que são um convite a nelas estarmos e usufruirmos da atmosfera que nos envolve. Áreas não faltam piscinas, spas e outras comodidades modernas conjugadas com outras mais antigas, fazendo com que nos sintamos mais perto desse deserto, alguns dos quais verdadeiros boutique hotel em estilo riad. De facto todos eles oferecem uma boa qualidade a todos os níveis e são um bom ponto de partida para nos aventurarmos no deserto, e para depois relaxar.
“(…) numa primeira vinda a Marrocos um circuito com mais cidade e menos deserto seria o ideal, porque daria mais confiança ao cliente, fá-lo-ia sentir-se mais confortável e abriria o “apetite” para voltar e viver outras experiências de mais inclusão e de aventura”
Pensa que uma conjugação entre mais deserto e menos cidade pode resultar em termos de oferta e de vendas?
Sim, mas numa primeira vinda a Marrocos um circuito com mais cidade e menos deserto seria o ideal, porque daria mais confiança ao cliente, fá-lo-ia sentir-se mais confortável e abriria o “apetite” para voltar e viver outras experiências de mais inclusão e de aventura. Experiências que poderiam passar também pela neve que, para a maioria das pessoas, é algo impensável poder existir à beira do deserto e que poderá ser uma outra experiência em Marrocos, que tanto poderá acontecer no verão como no inverno, com amigos ou em família.
Um programa como o que fizemos pode substituir-se aos chamados “tradicionais” ou mais “vendáveis”, sejam as “Cidades Imperiais”, sejam praias como Saidia ou Agadir?
Sim, mas aqui nós, agentes de viagens, temos um papel muito importante, que é realmente o de transmitirmos aos clientes toda a diversidade de experiências que Marrocos oferece e que toca todas as idades e todo o tipo de clientes, desde os que procuram o bulício típico e conhecido das cidades marroquinas mais tradicionais aos que procuram algo mais alternativo, mais espiritual ou mais intenso. E é esse papel que cabe a nós, agentes de viagens, o de passar essas opções ao cliente.
Que importância têm para um agente de viagens estas famtrips?
Muita, porque são oportunidades para sentirmos na primeira pessoa o que os lugares que propomos têm para oferecer, de experienciar uma série de vivências que ajudarão um cliente a tomar a sua opção de “para onde ir”, e “o que fazer”. Sem dúvida que são uma mais valia, tanto para nós como para quem está à nossa frente à procura de uma viagem, de um destino.
Esta viagem, em particular, permitiu-me olhar para Marrocos de uma forma mais intensa, mais abrangente, inclusive, e muito importante, ver e sentir que este é um destino para qualquer altura do ano. Permitiu-me igualmente confirmar que este é um destino seguro, feito por gente muito agradável, que sabe receber e que apenas pede para não serem “invadidos” na sua pessoa, para serem respeitados na sua individualidade, um destino que cada vez mais aposta em oferecer melhores condições a quem o visita. E esta ideia é também muito importante transmitir aos clientes e desmistificar ideias que por vezes se têm sobre o destino.



