Ricardo Teles: A Dominicana “tem um regime de Tudo Incluído que muito poucos destinos poderão ter”
Ricardo Teles, diretor comercial e de expansão da rede Bestravel, foi um dos convidados do Grupo Ávoris para o voo que marcou o arranque da sua operação charter entre o Porto e Punta Cana. O Turisver, que também seguiu na viagem, falou com ele para saber quais as impressões com que ficou do destino e da sua oferta hoteleira.
As fam trips em que os agentes de viagens participam a convite de um operador turístico, neste caso de um grupo de operadores são hoje em dia consideradas como um meio de se conhecer melhor o produto?
Cada vez mais há essa consciência no mercado. Nós, na Bestravel, sempre apostámos muito no conhecimento in loco, porque não há nada como visitar um destino, como perceber o enquadramento e perceber em que tipo de hotel se enquadra cada cliente. Não há nada como vivenciar porque os livros dizem muita coisa mas não nos permitem sentir e na Bestravel apostamos muito em que as agências façam o máximo de visitas possível.
Esta viagem foi um pouco diferente porque foi mais para as direções das redes conhecerem o novo voo mas aproveitei na mesma para vir conhecer e irei transmitir esse conhecimento às agências. Estas visitas nunca podem ficar no conhecimento de uma única pessoa, têm que ser transmitidas a toda a rede e nós fazemos isso através das imagens que recolhemos, mas também através dos textos para cada um dos hotéis, uma vez que nem todos cá poderão vir.
Este tipo de iniciativas da Jolidey é muito importante não só para o que disse, de conhecimento de destinos, hotéis, etc., mas a presença, aqui, de vários players com força no mercado também pode ajudar a uma dinamização e a uma clarificação de posições relativamente ao mercado. Nós somos concorrentes, não somos inimigos e sabemos que se todos estivermos alinhados em alguns aspectos e soubermos concertar alguns pontos, poderemos ser todos muito mais fortes.
Muitos irão especular sobre o facto de cerca de 70% a 80% das redes de viagens estarem representadas nesta viagem, mas isto não significa que existam compromissos únicos com o operador que vos convidou e, provavelmente, se outro tivesse tido essa iniciativa vocês teriam aceitado, é isso?
É e não é. Na Bestravel temos os nossos operadores estratégicos dos quais faz parte, com uma parceria muito forte e já com alguns anos com a Jolidey e, portanto, um convite da Jolidey ou de outro nosso parceiro estratégico, será sempre aceite. Isto sem desprimor nenhum para com os outros operadores, é uma questão de parcerias e daí que não apostemos tanto nas operações de operadores com quem não tenhamos esse tipo de parceria.
A República Dominicana tem dos melhores hotéis para operações charter
Tivemos a oportunidade de visitar um número significativo de hotéis, em várias zonas. Com que ideia ficou? A hotelaria da República Dominicana continua a manter a qualidade que tinha antes da pandemia?
A hotelaria da República Dominicana tem muita qualidade, tem dos melhores hotéis para este tipo de turismo em operações charter e tem um regime de Tudo Incluído que muito poucos destinos poderão ter e muito menos com estes valores. Dito isto, as zonas são muito diferentes e a hotelaria também: há hotéis muito vocacionados para americanos e para locais e não tanto para europeus, o que não significa que não tenha qualidade mas sim que o cliente típico que queremos mandar para estes destinos não vai sentir-se confortável num hotel destes, pelo que é importante ter sempre muito cuidado com a eleição dos hotéis.
Em resumo, considero que a qualidade se mantém, o serviço também e está a um bom nível na maior parte dos hotéis – não houve um decréscimo pós-pandemia como aconteceu em muitos destinos – o que é necessário é saber que tipo de cliente se vai sentir bem em que hotel.
Entre os vários hotéis que vimos quais destacaria em termos da relação preço-qualidade?
Na relação qualidade-preço, o que achei mais equilibrado foi o Grand Bávaro Princess, o primeiro onde ficámos alojados, seguido de muito perto pelo hotel que está ao lado, o Tropical Princess. Ambos têm uma elevada qualidade, as infraestruturas são excelentes, com os mais variados serviços – passa-se uma semana sem ter que repetir restaurantes – têm zonas de praia extraordinárias, várias zonas de piscinas, pelo que me pareceram muito equilibrados, pese embora algum pequeno problema de sargaço que, como é conhecido, existe na zona de Bávaro.
O hotel que mais me surpreendeu e que eu não conhecia foi o Secrets Cap Cana Resort & Spa. Gostei bastante, é para um segmento mais médio-alto, está protegido do sargaço pela barreira natural e com uma qualidade e uma adaptação ao cliente europeu muito boa.
Depois, numa zona de Mar das Caraíbas que é o sonho de qualquer pessoa que venha para Punta Cana, que é aquele mar azul turquesa, temos a zona de Bayahibe e o hotel Dreams Dominicus La Romana para clientes que querem uma praia limpa e idílica – não é de luxo mas tem um nível muito interessante. Claro que os preços são um pouco mais altos porque esta é uma zona com pouca oferta hoteleira mas para quem quer o Mar das Caraíbas, a diferença de preço justifica.
“Guerra” de preços para o Caribe é uma realidade
No caso da Bestravel, a República Dominicana já atingiu os níveis de vendas de 2019?
Neste momento, a República Dominicana é o destino mais forte em vendas, tanto ao nível das Caraíbas como em termos globais. É um destino que está a sofrer um bocadinho com a sobre oferta pelo que para atingirmos o mesmo volume de vendas temos que vender mais passageiros.
Há uma “guerrinha” que está a puxar os preços para baixo?
Não é uma “guerrinha”, é uma “guerra” forte. Até há pouco tempo estavam muitos lugares livres, não porque não se estivesse a vender mas sobre oferta que existe para a realidade do mercado português. Isto leva a uma pressão para baixar preços e como sabemos há três players fortes para as Caraíbas em Portugal, um é a Soltour que não tem por hábito entrar em guerras de preços apesar de ter feito algumas ofertas mas a Jolidey e a Newblue têm estado numa “guerra” aberta e muito forte, levando a que os preços baixem e causando muitas vezes pressão sobre outros destinos.
No final do verãoos charters vão parar. O voo da TAP é uma solução para as agências de viagens?
O voo da TAP é uma boa solução para as agências de viagens continuarem a vender o destino. A procura fora do verão não é tão forte mas o facto de termos uma opção com uma companhia aérea portuguesa que nos permita chegar ao destino com voo direto de Lisboa vai ser um “plus” muito forte para se continuar a vender República Dominicana ao longo de todo o ano. A Bestravel tudo fará para continuar a promover e vender este destino fora da época alta, até porque trata-se de uma zona que é extraordinária no inverno.
Em termos de ranking da Bestravel, em que lugar poderá fica este ano a República Dominicana?
Garantidamente, ficará nos três primeiros lugares, tudo dependerá do modo como correr o inverno e de haver ou não ainda alguma surpresa, positiva ou negativa.