Ricardo Freixinho é responsável na Solférias por destinos “que dão a volta ao mundo”
Na Solférias quando se fala na Ásia, no Oriente, nas Américas, no Índico ou no Pacifico o nome que surge é o de Ricardo Freixinho, um dos Gestores de Produto do operador. Na conversa que mantivemos demos praticamente da “volta ao mundo” e ficámos a saber pormenores sobre alguns dos produtos programados, quais os destinos que se vendem mais e porquê.
Ricardo, vamos começar pelos destinos do Índico. Nesta região, as Maldivas são o destino com mais procura na Solférias?
As Maldivas são um destino que operamos em voos regulares, durante todo o ano, a procura assenta no que chamamos individuais (casais), onde o core são as luas de mel, e em certos períodos do ano também famílias, mas como é lógico pelas características deste destino, a procura por parte de casais é maior, sendo clientes que ficam no destino, em média, sete dias.
No que diz respeito ao alojamento, este é um destino onde é procurado todo o tipo de alojamento mas as pessoas tendem a buscar “o seu sonho”, que é o de ficarem alojados numa ‘Water Village’. Pelas características de permanência em atóis resorts, este é um destino em que grande parte dos clientes viaja em tudo incluído.
Uma moda que se criou depois da pandemia, são as combinações de alojamento que fazem baixar o preço. Os turistas ficam alojados algumas noites numa ‘Beach Village’ e outras numa ‘Water Village’, que tem um valor mais alto. Nós criamos alguns pacotes que oferecem esses combinados e têm tido uma procura crescente.
Para estes destinos de longo curso os operadores apresentam uma panóplia de companhias aéreas com as quais se deve voar. Para as Maldivas, quais as companhias que propõem?
Nós não definimos, as companhias o nosso sistema online, o agente de viagens coloca a data na qual o cliente quer viajar e se não colocar nenhum tipo de filtro vai aparecer a oferta das companhias, desde o preço mais económico ao mais elevado.
Na região do Índico que outro destino tem relevância na vossa programação?
A ilha Maurícia tem tido uma procura bastante acentuada nos últimos anos, e as Seychelles também têm registado algum incremento na procura.
O aumento da procura pela Maurícia vem muito pela associação que o cliente faz a ser um destino paradisíaco, e por ser na generalidade mais económico quando comparado com as Maldivas. Este é um destino que apesar de também ser muito procurado para luas de mel, é cada vez mais apetecível para férias de famílias, por ser abrangente na sua oferta já que a ilha é grande e tem mais para se fazer, tem mais opções, o que é do agrado das famílias.
“O que estamos a fazer é programar zonas de praia menos conhecidas, porque o mercado nos está a pedir alternativas dentro da Tailândia e os nossos colegas que estão na área do tailor made têm muitos pedidos de orçamentos para este tipo de produtos”
Na Tailândia, que é o vosso destino número um de vendas na Ásia, o que é que os clientes estão a procurar?
A Tailândia tem um leque de oferta muito grande, é um destino que funciona quase como um puzzle, são modelos que se encaixam e por isso tem um índice de repetentes elevado. Sendo um destino de longo curso é económico, porque o alojamento e a alimentação são muito mais baratos quando comparados com os destinos do Índico, oferece praias paradisíacas, uma excelente temperatura da água do mar, a que acresce uma oferta cultural com a qual o turista português se identifica. Por tudo isto, é um dos destinos desta região mais consolidados no nosso mercado.
Neste momento o nosso trabalho na Solférias como especialistas no destino, é programarmos o tradicional. Ao longo dos anos temos incidido na oferta de pacotes para o norte da Tailândia que tem sempre procura e muitas vezes são combinados com uns dias na praia.
Phuket é um destino de praia bem conhecido do mercado e que os clientes continuam a procurar, mas temos notado um crescimento de vendas para Krabi e Ko Samui. Krabi é mais económico porque o transporte aéreo interno tem mais opções do que outros destinos, o que se reflete no preço final. O que estamos a fazer é programar zonas de praia menos conhecidas, porque o mercado nos está a pedir alternativas dentro da Tailândia e os nossos colegas que estão na área do tailor made têm muitos pedidos de orçamentos para este tipo de produtos. A par da procura por novos destinos de praia, também temos tido procura crescente por circuitos que façam uma Tailândia mais profunda, menos conhecida e mais autêntica.
Na Ásia que outros destinos estão a ter procura?
Eu dividia a Ásia em dois segmentos para deixar uma ideia mais assertiva. Há quem procure esta região, dado ser um voo de longo curso, com o objetivo conhecer um país e depois fazer praia, e nesta opção entra a Indonésia que já é o segundo destino mais vendido a seguir à Tailândia – e não cresce mais porque o preço do transporte aéreo é muito elevado dado que é um destino que tem registado uma procura crescente de turistas praticamente de todo o mundo.
O outro segmento da procura incide no Vietnam, que tem uma oferta muito cultural, sendo a oferta de praia, que também existe, uma segunda opção na escolha dos clientes. Ultimamente, temos tido um aumento interessante da procura pela Malásia, destino que na nossa programação tem vindo a ser desenvolvido e aumentado.
Temos também que falar do Sri Lanka que já teve bastante procura e está a voltar a ter, vendendo-se muito em combinado com as Maldivas. Além de ser um país lindíssimo, para os portugueses o Sri Lanka tem um interesse cultural muito grande.
Dubai com muita procura pelos turistas que querem fazer stopover e conhecer o país
O Ricardo tem também sobre a sua responsabilidade a área geográfica do Médio Oriente …
Sim, para essa região temos o Dubai que é um destino que tem muitos turistas repetentes, por um lado porque temos os que vão só para este país, e por outro lado, porque temos cerca de 80% das vendas aéreas para o Dubai que não têm como destino final este país. Os clientes fazem um stopover na ida ou na volta, conhecem o que poderem do Dubai e depois vão para o seu destino final, ou regressam a Portugal, um programa que é possibilitado pela companhia aérea Emirates.
Este tipo de programa é muito positivo mas influencia a estadia média, que acaba por ser baixa, rondando as duas três noites. Temos também alguns períodos do ano em que temos lugares garantidos com a Emirates, nomeadamente no fim do ano e na Páscoa, para vendermos estadas de sete noites para o Dubai de uma forma mais massiva. Nota-se igualmente que temos tido um aumento da procura para a zona de praias de Ras al Khaimah, uma vez que, dado o posicionamento do aeroporto, os clientes não têm de passar pelo centro do Dubai que tem um tráfego grande, e em quarenta e cinco minutos chegam aos hotéis.
Ras al Khaimah é conhecido por ter praias magníficas, sendo no entanto importante desmistificar a ideia de que as temperaturas são muito elevadas e se tornam insuportáveis, o que não é verdade. É evidente que faz calor, mas quem vai para outros destinos como por exemplo Hurghada, tem temperaturas muito semelhantes. Existe este complexo com o Médio Oriente, mas posso afirmar que no pico do verão as temperaturas em Ras al Khaimah são cerca de cinco graus mais baixas do que no Dubai, porque goza do efeito das montanhas que estão a norte e que faz a diferença.
Temos uma novidade que é o Abu Dhabi que já comercializávamos através do Dubai, mas desde que a Ethiade está a voar de Lisboa e colocámos como stopover, as vendas têm aumentado e pensamos que conforme se vai conhecendo este programa os passageiros vão cada vez mais querer aproveitar e conhecer Abu Dhabi que, como sabe, tem tido muita promoção internacional e em Portugal.
“Cuba demarca-se dos demais destinos, sendo o mais procurado. Recolocámos a programação no mercado há cerca de dois anos, assim que existiram condições no pós pandemia, fizemos as nossas visitas de inspeção, e lançámos programação para Havana e Varadero, que são os produtos que mais vendemos no país”
Também tem a responsabilidade sobre os destinos das “ Américas”, sem o Brasil. O que é que está a ser mais procurado?
Cuba demarca-se dos demais destinos, sendo o mais procurado. Recolocámos a programação no mercado há cerca de dois anos, assim que existiram condições no pós pandemia, fizemos as nossas visitas de inspeção, e lançámos programação para Havana e Varadero, que são os produtos que mais vendemos no país. Mais tarde lançamos o Cayo de Santa Maria e Holguín, e temos implementado outros produtos. Neste momento, o que nos faz falta em Cuba para desenvolver um número maior de produtos são os voos domésticos, já manifestamos esta nossa preocupação às entidades oficiais cubanas até porque temos investimentos portugueses nestes Cayos e para que os turistas portugueses possam lá chegar, não só nas operações charter que existem no mercado mas numa operação em voos regulares durante todo o ano porque a Solférias vende o destino todo o ano, é importante existirem esses voos internos.
Os nossos pacotes são à partida de Lisboa e do Porto, via Madrid com a Air Europa, que é o nosso principal parceiro nesta operação.
Para além de Cuba programam também o México e a República Dominicana em voo regular, para além dos Estados Unidos para onde já têm uma grande oferta…
Sim, este ano voltamos a ter uma ampla oferta para os Estados Unidos que já atingiu um número de vendas interessante e que pode subir. São programações onde a componente do voo direto com a TAP tem uma influência importante.
O México temos feito em voos diretos da TAP que como se sabe passaram a ser sazonais, não existindo esta operação no verão, mas nós vendemos o destino todo ano. A partir da altura em que a TAP parou os voos programamos via Madrid, e no caso da República Dominicana os voos são feitos via Madrid que é mais cómodo e o preço é por norma mais apelativo do que voar de outro ponto da Europa.
Programamos, para além destes destinos, outros países no Caribe, como é o caso de Aruba e as Bahamas mas vamos ter mais algumas novidades em breve, até porque temos alguns destinos que após a pandemia ainda não reabrimos, porque as vendas estão com níveis bastante elevados e a equipa está com um nível de trabalho bastante elevado e nós não criamos destino só por criar e para acrescentar trabalho, queremos dar qualidade de serviço ás agências de viagens.
Ainda este ano a Solférias vai programar as Filipinas e o Japão
Ricardo, dos destinos de que é responsável falta-nos falar da Turquia, um destino mais próximo e a que os turistas portugueses já se habituaram. Como tem corrido a procura?
Na Solférias, a Turquia está colocada geograficamente na Ásia, apesar de ser um pais que pertence à Europa. Isto acontece por conveniência da nossa programação, dado que a Turkish Airlines é uma companhia que todos os anos usamos muito na nossa programação para a Ásia, e então faz todo o sentido ser o responsável por este continente a ter também este destino.
Todos os anos temos tido números de vendas muito interessantes para a Turquia, para além dos stopover que vendemos para que os turistas conheçam Istambul, oferecemos uma programação de circuitos e de praias, e essas propostas que fazemos ao mercado têm tido muita procura. Não estou a falar de um “boom” de vendas mas sim de números já considerados de bons. As praias procuradas são as da Antalya, e este ano estamos também a apresentar programação para Bodrum. Também vendemos bem os combinados de Istambul com as praias da Antalya.
Também têm programação para a área geográfica do Pacífico?
Sim. No Pacífico programamos a Polinésia que reabrimos assim que houve condições para isso. Não é um destino que tenha vendas por aí além – o número de portugueses que vai para a Polinésia não é muito grande -, mas é um destino que quando há vendas tem um valor significativo por ser bastante caro.
Para este ano ainda vão ter outros lançamentos na programação?
Não são destinos novos, mas vamos voltar a lançar as Filipinas e o Japão.
Quando se fala em pré-vendas, o foco são sempre os charters, parece que as pré-vendas servem apenas para vender charters…
Mas não é verdade. Felizmente, o mercado português que está a viajar bastante, tomou a consciência, no pós-pandemia, que se fizer reservas com bastante antecedência consegue ter preços mais ao nível das suas carteiras e nós tivemos que nos adaptar, colocando a programação cada vez mais cedo no mercado. Com isto acontecem as pré-vendas – se os produtos estão disponíveis no mercado há procura e há reserva. Hoje começamos a vender os destinos de longo curso com bastante antecedência, daí que consigamos ter um volume de vendas já bastante interessante nesta altura do ano.