Ricardo Cardia: Antecipar a venda da Dominicana e garantir as melhores condições ao cliente em 2023 vai ser a aposta

Ricardo Cardia, diretor-geral das Viagens El Corte Inglés em Portugal, integrou o grupo de agentes de viagens convidados pelo Grupo Ávoris a participar na fam trip à República Dominicana, por ocasião da inauguração da operação charter do Porto para Punta Cana. O Turisver quis também saber a sua opinião sobre o destino e a sua oferta hoteleira.

A que é que se deveu esta tão rápida adesão do mercado ao destino República Dominicana no pós-pandemia?

A República Dominicana é já um destino bastante maduro dentro daquilo que é o mercado português. Já há bastante tempo que há operações turísticas para a Dominicana e, naturalmente, com a retoma do negócio é um destino que está sempre na primeira linha. Por outro lado, a entrada de outros players no mercado acabou por trazer uma maior dinâmica e mais promoção, tal como este novo voo, à partida do Porto, faz crescer o destino e o mercado.

Os números de 2019 para a República Dominicana já vão ser atingidos este ano?

Sem dúvida que sim. Primeiro porque a oferta existe no mercado e a procura também. Penso mesmo que neste momento em que falamos, pelo menos nas Viagens El Corte Inglés, os números de vendas de 2019 já foram ultrapassados.

O Caribe foi uma aposta forte que fizemos este ano e é algo em que vamos continuar a apostar nos próximos anos.

Em relação ao destino, agora que já visitámos variadíssimos hotéis, a relação preço-qualidade é boa?

Penso que tem uma ótima relação preço-qualidade, tem hotéis estupendos, um serviço muito interessante, é um destino que oferece um pouco de tudo, desde as belíssimas praias à gastronomia, passando por um ambiente fantástico, além de que a oferta de lazer está muito bem desenvolvida, portanto penso que tem uma relação preço-qualidade bastante aceitável, que se adequa bem ao mercado português.

Dos hotéis que vimos percebemos que há uns mais adaptados ao cliente europeu, outros mais vocacionados para o cliente americano. Vocês vão ter que fazer essa distinção ou isso não é uma coisa que origine reclamações?

Acho que não é um risco de reclamação mas penso que está na altura de abrirmos um pouco o leque da oferta em Portugal, ou seja, nós estamos muito concentrados em três ou quatro marcas e faz algum sentido conseguir encontrar algumas soluções alternativas para outro tipo de cliente que, se calhar, prefere um tipo de hotel também diferente, outro tipo de comodidade. Acho que faria todo o sentido nós darmos cada vez mais a ideia de que existe outro tipo de produto que não é tão conhecido no mercado português.

Muitas vezes diz-se que está a vir muita gente para a República Dominicana porque o destino está a ser muito barato, a pouco mais de 700€, mas o que eu notei, em grande parte dos hotéis onde vi portugueses, é que eles vieram por mais de 1.000€, muitos por bastante mais do que isso.

Isso dos 700€ é mais um chamativo, por um lado, e por outro tem a ver com uma certa agressividade que existe neste momento no mercado. Há players que estão a tentar retomar ou a iniciar as suas operações e olham para este ano como um “ano zero”,  para criarem agressividade, ganhar quota de mercado e voltar a posicionar o produto, não só em termos de destino mas também do produto hoteleiro.

Volto a vincar que seria interessante, dentro daquilo que é o mercado português, apresentar algumas alternativas ao nível da hotelaria e não concentrar tudo em duas ou três cadeias que é um pouco o que se passa hoje.

Para Punta Cana a rota da TAP não é uma grande alternativa no verão

O voo da TAP para Punta Cana é um bom complemento para as agências de viagens ou não interfere porque a esmagadora maioria dos clientes prefere vir de charter?

Confesso que não acho que seja uma grande alternativa. Punta Cana foi sempre um destino bem tour operado, com uma tradição bastante grande pelo que, pelo menos no verão, não penso que venha adiantar. Já no que toca ao inverno vejo algum interesse no sentido de colmatar algumas necessidades da tour operação mas mesmo do ponto de vista da TAP não me parece que se trate de uma rota muito interessante.

Se lhe pedisse para salientar um hotel entre os vários que vimos, para o qual gostava que as agências da sua rede vendessem pela garantia que dá, qual seria?

Nós temos tido a oportunidade de visitar hotéis excelentes e todos eles com conceitos completamente diferentes uns dos outros, mas para aquele que é o cliente tipo do El Corte Inglés acho que o Zoetry é uma marca muito interessante, mas é óbvio que toda a cadeia AM Resorts, com os Dreams, os Breathless e os Secrets, apresenta um tipo de segmentação de produto que também é muito interessante, apesar de estar muito massificado com o cliente americano. Ainda assim, penso que a AM Resorts é uma excelente alternativa para o mercado português que gosta de alguma exclusividade e de algum requinte.

Como classifica o vosso relacionamento com o operador (Jolidey) que promoveu esta fam trip?

 É muito bom e acho que agora é ainda é melhor porque estamos a passar por fazes semelhantes já que as duas marcas estão em restruturação e são as pessoas que estão ao leme dessa restruturação que vão criar condições para que a relação possa ainda melhorar mais. A base está totalmente criada para que possamos trabalhar de uma forma ainda mais próxima.

No El Corte Inglés, o que tinham que fazer em termos de promoção da República Dominicana já o fizeram?

Sim, ainda que estejamos a pensar preparar alguma coisa para o final do ano para podermos começar já a trabalhar 2023, centrando-nos, evidentemente, nas reservas antecipadas. Queremos tentar começar a trabalhar a antecipação de venda com algumas iniciativas muito específicas e agressivas para o mercado. Obviamente que o El Corte Inglés tem um segmento médio alto que temos que defender – e vamos fazê-lo – mas penso que é cada vez mais importante reposicionarmos a marca e oferecer este tipo de produto com alguma agressividade e com um preço interessante e a única forma de oferecer isso é com antecipação, garantindo as melhores condições de mercado.

Então o melhor é os clientes estarem atentos à Black Friday?

Provavelmente o melhor é estarem atentos uma semana antes ou uma semana depois da Black Friday.