Repetição de uma história já vivida?, por Raul Ribeiro Ferreira
Raúl Ribeiro Ferreira analisa a atual conjuntura, colocando a tónica na escassez de recursos humanos no turismo e na necessidade de apostar cada vez mais na dignificação das profissões do setor.

Raúl Ribeiro Ferreira
Presidente da Direção da Associação dos Diretores de Hotéis de Portugal
Quando em 2019 nos regozijávamos, porque tínhamos atingido o melhor ano turístico de sempre, resultado esse que tinha por base, não só um número recorde de empreendimentos turísticos, mas também uma diminuição da época baixa, que na maior parte das regiões do País, fazia com que a taxa de ocupação, em todos os meses do ano, ficasse acima dos 50%.
Este trabalho de promoção e captação de clientes, foi acompanhado com uma subida do preço médio. Muitas vezes escrevi, que apesar dos ventos serem favoráveis, havia algumas preocupações que deviam ser tidas em conta. Uma dessas preocupações, era a forma como estávamos a descurar os recursos humanos.
Todos nós sabemos, que a captação de pessoas para uma determinada área económica, se faz muito pela forma como se conseguem criar motivações e modas, para desviar as pessoas de outros setores.
Com o envelhecimento da população e a imigração, a falta de mão de obra, será cada vez mais dramática, e a necessidade de que o nosso setor, seja apetecível para as novas gerações, tem que ser acompanhado de um trabalho de dignificação das profissões. Essa dignificação, não acontece atualmente quando um aluno com formação profissional ou académica ao concorrer para um lugar, se vê rodeado de outras pessoas, que desempenham a mesma função sem que para isso tenham qualquer tipo de formação adequada.
“Os tempos que aí vêm não serão fáceis, mas se alguma coisa nós aprendemos com a pandemia, foi que as empresas, que apostaram em recursos humanos qualificados, tiveram ferramentas para reagir mais rapidamente à adversidade”
Os tempos que aí vêm não serão fáceis, mas se alguma coisa nós aprendemos com a pandemia, foi que as empresas, que apostaram em recursos humanos qualificados, tiveram ferramentas para reagir mais rapidamente à adversidade e criar soluções para voltar à atividade, assim que foi possível.
Estranhos tempos estes em que vivemos? Ou repetição de uma história já vivida? Se olharmos para o século passado, vamos encontrar a mesma sequência de acontecimentos, o que nos deverá permitir prepararmo-nos para uma possível crise com impacto de dimensões que podem ser incalculáveis.
Por agora, e com a precaução que a época exige, há que preparar o setor munindo-o de pessoas capazes, qualificadas e motivadas, para que se vá conseguindo responder à procura que temos esperança que vá acontecendo, apesar de a guerra estar às portas da Europa.
Uma última palavra para a volta do Turisver, que é um sinal de esperança numa época de grandes sobressaltos.
Cordiais saudações hoteleiras.
*Título e destaques da responsabilidade da redação