Programação do Viajar Tours foi pensada para não existir excesso de oferta, diz Nuno Anjos

Tunísia, Saidia e Creta são os destinos charter de verão do Viajar Tours. Uma programação que, diz o diretor comercial do operador, Nuno Anjos, foi pensada para que não viesse a existir um excesso de oferta no mercado para estes destinos. Além dos charters, o Viajar Tours apresenta uma panóplia de destinos em voo regular.
Os operadores pensam a programação de verão com alguns meses de antecedência e há uns meses ainda havia uma grande incerteza face à pandemia. Como é que foi gizar a operação para este ano?
No Viajar Tours a programação de verão de 2022 já estava preparada há quase dois anos. Ainda havia mais alguns destinos que gostaríamos de abrir porque está no ADN do Viajar Tours dar novos destinos ao mercado, só que as expectativas que existiam este ano face à recuperação do mercado tornou difíceis as decisões. Por um lado, não queríamos estar a criar um excesso de oferta e por outro, não sabíamos qual seria a resposta do mercado face a novos destinos nem sequer como é que estaria a situação pandémica nesses destinos e isso condicionou a nossa programação. Daí que as decisões recaíssem sobre destinos que já faziam parte da nossa programação e, no caso dos charters, as apostas foram para a Tunísia, Saidia (um destino que fomos nós que começámos) e Creta, que também foi sempre uma operação exclusiva do Viajar Tours.
No que toca a Saidia, a operação é feita à partida de onde?
A operação para Saidia é à partida de Lisboa e do Porto, aos sábados, de 10 de junho a 16 de setembro. Na Tunísia temos Monastir e Djerba, igualmente de Lisboa e do Porto. A operação para Creta é feita só à partida de Lisboa, de 20 de junho até 5 de setembro e é um exclusivo Viajar Tours.
Dentro desta programação, o que é que se está a vender melhor?
A Tunísia, quer para Monastir como para Djerba, e Creta. Saidia, por força da exigência de teste PCR à chegada, ainda não está com a força de procura que tinha noutros anos, mas acreditamos que o Reino de Marrocos deixe cair essa exigência em breve. Neste momento ainda há mercados, como a França, muito por via do mercado étnico, que estão a condicionar outros mercados emissores, como Portugal, mas terminando a época festiva do Ramadão poderemos vir a ter desenvolvimentos positivos relativamente à política do Reino de Marrocos face à pandemia.
Já acabaram com as promoções de venda antecipada ou ainda mantêm algumas?
A maior parte das campanhas de venda antecipada acabam no final de abril, no entanto, continuamos a ter algumas ofertas por parte dos hotéis em alguns destinos onde os meses de junho e julho não são tão fortes. Temos de perceber que em destinos como a Tunísia e Creta, existe uma pressão muito forte de outros mercados emissores, ou seja, a facilidade de termos promoções que não sejam para os meses de junho ou de setembro já começa a ser escassa. Quanto a Saidia, é um destino que, como ainda tem barreiras em termos da entrada de turistas e é muito ligado ao mercado português, é possível que ainda possamos vir a ter algumas ofertas.
Oferta para todas as bolsas
Com estres três destinos acabam por ter preços com diferenças entre si na ordem dos 200 a 300€?
Se excetuarmos Creta, sim. Saidia, Djerba e Monastir, têm uma oferta hoteleira e uma pressão turística diferente do que existe em Creta que está muito forte dentro de outros mercados emissores, pelo que o preço é diferente, como também o serviço, a hotelaria e o próprio custo de vida são diferentes, o que faz com que os preços dos pacotes sejam completamente diferentes.
Isso significa que conseguem ter oferta para um alargado leque de “bolsas”?
É uma vantagem para o cliente final e para as agências de viagens que conseguem, através do produto Viajar Tours, cobrir vários tipos de clientes. Também é uma mais-valia para o agente de viagens porque, dentro da programação Viajar Tours, temos um destino cujo preço médio é mais elevado e, numa altura em que todos nós procuramos e necessitamos da rentabilidade, o que faz de Creta um destino sempre apetecível para proporem aos clientes, pois sabemos que por aí podemos salvaguardar mais o futuro das nossas empresas.
O Viajar Tours faz os seus charters em parceria com outros operadores. Isso já era tradição mas agora era mesmo aconselhável, face à incerteza no momento da criação da oferta?
Nós tínhamos que acautelar as operações para que não viesse a existir excesso de oferta no mercado, para não termos de baixar margens e perder rentabilidade. Digo isto em relação aos operadores que historicamente já têm uma rentabilidade curta mas também das agências de viagens que têm que maximizar as suas vendas. Por isso tentámos criar parcerias – e os casos de Djerba e de Monastir foram o expoente máximo disso – e estamos a fazer a operação com a Sonhando, a Nortravel e a Solférias. Neste caso, juntaram-se três operadores para tentarem controlar ao máximo a oferta do destino, sabendo que outros players no mercado tomaram uma posição diferente. A operação para Saidia é partilhada com a Solférias, também procurando limitar um pouco a oferta do destino.
Depois, existem outros que sempre foram destinos Viajar Tours, e relembro a Riviera de Antalya, a Sardenha, que este ano não vamos operar, e Creta. Porque são destinos nossos, a opção é continuarmos a fazer essas operações de forma exclusiva, sem parceiros.
Oferta da programação em voo regular está aumentada
Que outros produtos têm em voo regular?
Os principais são destinos que não faziam parte da história do Viajar Tours ou que fizeram de forma pontual e que, aproveitando as ligações da TAP, colocámos também no mercado, caso de Punta Cana e Cancun. Temos também vindo a aproveitar outras rotas já históricas nas quais o Viajar Tours sempre teve um “pé”, como Cabo Verde, tanto Sal como Boavista, as ilhas espanholas, com Tenerife Ibiza, e ilhas portuguesas, nomeadamente Madeira e Porto Santo.
Virámo-nos também um pouco para o Índico, com programação para as Maldivas e para a ilha Maurícia, aproveitando as ligações da Emirates e da Turkish Airlines. Têm sido bons parceiros que têm tentado estar ao lado do mercado de forma ativa e mesmo os organismos oficiais de turismo de alguns destinos têm vindo a fazer com que exista um dinamismo crescente no mercado para esses mesmos destinos. É o caso do Dubai e da própria Turquia.
Porque é que em Marrocos apenas centram a vossa oferta em Saidia?
Marrocos está fechado desde a pandemia e isso leva a que exista uma extraordinária limitação porque, quer se queira quer não, há outros destinos que estão abertos e que são concorrentes em termos de produto. Claro que em termos de cidades, Marraquexe é uma “meca” do turismo e creio que há muita gente desejosa de regressar a Marraquexe, mas o destino ainda não está aberto ao turismo e o nível de chegadas de turistas estrangeiros é ainda residual, ou praticamente inexistente.
“A proximidade que tínhamos conseguido ganhar com a delegação do Turismo de Marrocos em Portugal, muito baseada na pessoa do Abdellatif Achachi, levou a que houvesse uma grande exposição do destino turístico Marrocos para o cliente final. Foram efetuadas muitas iniciativas, havia uma grande proximidade entre os players do mercado e a delegação do Turismo de Marrocos e isso fazia com que as respostas existissem e fossem fáceis”
O fecho da delegação do Turismo de Marrocos em Lisboa veio, de alguma forma, arrefecer o mercado?
A proximidade que tínhamos conseguido ganhar com a delegação do Turismo de Marrocos em Portugal, muito na pessoa do Abdellatif Achachi, levou a que houvesse uma grande exposição do destino turístico Marrocos para o cliente final. Foram efetuadas muitas iniciativas, havia uma grande proximidade entre os players do mercado e a delegação do Turismo de Marrocos e isso fazia com que as respostas existissem e fossem fáceis.
A opção que o Reino de Marrocos tomou, de estar centrado em Espanha, tornou as coisas diferentes, apesar de haver alguma proximidade. Sabemos que tem sido feito um esforço mas com uma delegação em Portugal o mercado acaba por ter um comportamento diferente.
Os preços tão baixos que estão a surgir no mercado para as Caraíbas estão, de alguma forma a influenciar negativamente os preços dos outros destinos?
Sempre que existe uma preponderância do Caribe, todos os outros destinos se ressentem e se o Caribe aparece com preços baixos, a tendência é que os preços de praticamente todos os outros produtos de férias no mercado sejam arrastados para baixo. Essa oferta que existe por parte de alguns players do mercado, faz com que o preço seja quebrado em épocas mais difíceis de vendas e naturalmente, num momento em que o poder económico das famílias está fragilizado, se uma pessoa puder pagar mil euros para ir para o Caribe não vai pagar não vai pagar mil ou mais para ir para outro destino mais próximo.
Depois de terminado o verão, o Brasil poderá representar uma opção válida, até pela abertura que a TAP tem dado aos operadores?
Já começámos a aproveitar, não só através da apresentação de pacotes específicos para o Brasil como de eventos como o recente webinar que realizamos em direto de Porto de Galinhas, que é um destino histórico para o mercado português. Estamos em crer que durante o inverno o Brasil vai ser uma mais-valia e queremos ser uma das referências no seu aproveitamento.
Também existem outros destinos para o lado da Ásia, como a Tailândia, para onde continuaremos a abrir a nossa programação, que já é histórica dentro do Viajar Tours.
Comercialmente, os operadores criaram algumas formas de estarem com os agentes de viagens através dos webinars. Como é que tem sido agora?
As tecnologias ajudaram-nos muito no período da pandemia e creio que vão continuar a ajudar-nos no pós-pandemia. A nossa forma de estar junto das agências reside na criação de alguns webinars que possam ser diferenciadores face ao que foi criado anteriormente, nomeadamente no que toca a mostrar os destinos “in loco”. Começámos com Porto de Galinhas e vamos continuar com outros.
Penso que se conseguirmos marcar esta diferença, vamos fazer com que o agente de viagens queira participar. Hoje torna-se cada vez mais difícil ter agentes de viagens a participar em webinars e se não for através desta diferenciação, dificilmente os iremos ter. No último que fizemos tivemos uma participação bastante simpática, o que nos leva a crer que estamos no caminho certo.