Programa de investimentos no atual aeroporto “tem que ser revisitado”, afirma presidente da AHP
No regresso da AHP aos seus almoços mensais, tendo como convidado o presidente da Câmara de Lisboa, Bernardo Trindade deixou muito clara a preocupação dos hoteleiros face ao atraso do novo aeroporto que poderá ficar concluído apenas em 2030. Até lá, o presidente da AHP considera que há investimentos a fazer na Portela.
Confiante na recuperação do turismo, Bernardo Trindade continua a alertar para o facto de o crescimento do turismo poder “não ter a mesma expressão que tem em 2022 nos próximos anos se não olharmos de frente para um conjunto de constrangimentos que estamos a enfrentar”.
Um dos maiores é, sem dúvida, o do atraso na construção do novo aeroporto de Lisboa, tema relativamente ao qual sublinhou que “as dúvidas colocadas quanto às conclusões do processo da avaliação ambiental estratégica, em termos práticos – e temos que ser muito práticos quanto a esta questão – determinarão um atraso na conclusão e consequente reabertura desta infraestrutura para um período a rondar 2030”.
Nesse sentido, Bernardo Trindade fez questão de deixar algumas perguntas que são também um alerta: “Podemos nós dar-nos ao luxo, no período entre 2022 e 2030, de perder clientes, de dispensar slots, de termos uma total ausência de respostas relativamente a um turista que quer visitar Portugal?”
A resposta óbvia é não e por isso o presidente da AHP sustentou que sem novo aeroporto resta encontrar soluções alternativas e essas passam por “olhar para os investimentos a fazer no atual aeroporto de Lisboa”. Embora entendendo que esta terá que ser “uma intervenção multidisciplinar, que envolve várias dimensões”, Bernardo Trindade vincou que “é fundamental” que essa intervenção seja feita.
Trata-se de uma intervenção que implica, nomeadamente, a NAV, empresa de navegação aérea no que toca ao movimento no ar, com o presidente da AHP a antecipar que ”já este verão teremos dias e horas em que vamos ter uma ocupação de cerca de 120% do que tivemos em 2019”. Recordando que “já em 2019 o processo era muito difícil”, agora, com movimentos aéreos superior, a dificuldade em termos do espaço aéreo, será ainda maior.
Por outro lado, afirmou, “o programa de investimentos da ANA – Aeroportos tem que ser revisitado” no sentido de serem feitos novos investimentos “para melhorar circulação em terra, aumentar o número de estacionamentos e aumentar a qualidade da infraestrutura”.
Ainda no que toca aos serviços aeroportuários, o presidente da AHP voltou a falar do constrangimento que é o SEF: “não é possível estarmos a apresentar este cartão de visita a um cliente exigente, ambicioso, com poder de compra, que quer visitar Portugal. Não é possível que tenhamos filas de espera que atingem as três horas para turistas que vêm por exemplo, dos Estados Unidos e já passaram por oito horas de voo” declarou.
Dirigindo-se ao presidente da Câmara de Lisboa, o responsável pediu o seu “empenho na concretização da ambição que é não perdermos clientes face à retoma da procura”, Recordando que a Associação da Hotelaria de Portugal continua a ter como ambição “o aumento da estada média em Lisboa, Bernardo Trindade frisou ainda que “há que criar as condições de atratividade para podermos aumentar a estadia media do turista” e nesse aspeto, disse, “há um trabalho a desenvolver no quadro da Associação Turismo de Lisboa”, organismo que junta a Câmara Municipal, as associações e empresas turísticas da cidade.