Procura de viagens na Europa deve recuperar 70% face a 2019
A conclusão é do relatório trimestral da Comissão Europeia de Viagens (ETC) que, no entanto aponta dois grandes desafios para o turismo europeu: a escassez de trabalhadores e o aumento do custo de vida.
De acordo com o relatório trimestral da European Travel Commission, a vontade de viajar este verão vai prevalecer sobre as incertezas provocadas pelo agravamento da inflação, a guerra na Ucrânia e o Covid. O estudo indica mesmo que “a recuperação está em pleno andamento” apoiada pelas economias que os consumidores acumularam durante a pandemia.
Assim, a ETC prevê que a Europa recuperará este ano 70% da procura de viagens pré-Covid, com a Bulgária (-8%), Sérvia (-10%) e Turquia (-14%) a registarem as mais elevadas taxas de recuperação de chegadas de turistas face a 2019. No outro extremo, devido à proximidade com a Rússia, está a Letónia (-63%).
A ETC espera que as viagens de curta e média distância continuem a impulsionar a recuperação do turismo europeu, uma vez que “as chegadas de mercados de longa distância ainda estão muito atrasadas, especialmente na Ásia”.
Luís Araújo, presidente da ETC, destacou que, após o levantamento das restrições de viagens, as pessoas estão ansiosas por viajar. “Estamos a assistir a uma recuperação muito mais rápida do que as empresas de viagens na Europa esperavam”, afirmou, alertando, no entanto, que “a escassez de pessoal pode ser um obstáculo para uma recuperação completa”. Daí que, acrescenta, “trazer de volta o talento e tornar as carreiras no setor mais atraentes é a principal prioridade para a recuperação do turismo europeu nos próximos meses”, sendo também “essencial que a UE continue a monitorar o impacto da inflação no custo de vida”.
O relatório conclui que a escassez de talentos em toda a Europa representa uma ameaça à recuperação do turismo europeu.
Dada a recuperação da procura em 2022 ser mais forte do que o esperado, o atraso contínuo na oferta de mão de obra está a criar escassez de pessoal em todo o setor europeu de viagens e turismo. Como resultado, sublinha a ETC, muitos destinos europeus podem ter dificuldades face ao elevado aumento da procura. As principais razões citadas para essa escassez são o conjunto restrito de trabalhadores disponíveis, os longos prazos de entrega da autorização de segurança para quem opera em áreas sensíveis nos aeroportos, e o facto do sector, com a pandemia, ter gerado nos trabalhadores a ideia de que o emprego no turismo é instável.
Apesar de ser uma situação crítica no alojamento, a aviação está praticamente caótica devido à falta de trabalhadores no setor. “Cerca de 190.000 trabalhadores da aviação europeus foram demitidos durante a pandemia”, recorda o relatório da ETC, frisando que “apesar das companhias aéreas e aeroportos reagirem com esforços de recrutamento, é improvável que a indústria seja capaz de responder na época alta”.
Tanto assim que “no primeiro fim de semana de junho, a Holanda viu as taxas de cancelamento de voos chegarem até aos 11% e até 4% no Reino Unido” porque os aeroportos e companhias aéreas estão cancelar voos como forma de mitigar o caos que se estima que continue a afetar a aviação nos meses de verão.